Aava Santiago: “Serão dois meses de um prefeito com raiva e com uma caneta de poder na mão. Isso é muito sério”
13 outubro 2024 às 00h00
COMPARTILHAR
Evangélica, do PSDB, feminista, socióloga e ‘malocrente’ (mistura de ‘maloqueira’ com ‘crente’). Esses são alguns dos adjetivos mais usados para se referir à vereadora Aava Santiago, recentemente reeleita para a Câmara de Goiânia com quase 10,5 mil votos, o que deu a ela o status de mulher mais bem votada da história da Casa. Nesta entrevista ao Jornal Opção, Aava diz não rechaçar e nem assumir os diversos atributos que usam para ela, a não ser o ‘malocrente’, termo criado pela parlamentar e que exibe com orgulho, tendo sido usado até mesmo pelo cantor Caetano Veloso, que declarou apoio à tucana neste pleito.
Segundo Aava, sua escola política vem da fome e da vivência real de um brasileiro – cenário que, para ela, explicaria a conexão com seu eleitorado diversos. A vereadora afirma ainda que o debate no Legislativo goianiense, que deveria ser regional, está cada vez mais nacionalizado, o que evidencia uma “aridez” do quadro político e uma tendência para o radicalismo e a negligência de pautas locais (e importantes). Aava acredita, também, ter sofrido retaliações ao longo de seu mandato, como vetos contínuos por parte do Executivo às suas propostas, justamente pela oposição ferrenha ao prefeito, e que, hoje, o chefe do Executivo pode estar com um espírito de vingança que pode ser perigoso para a população.
Ton Paulo – Você foi a quarta vereadora mais votada destas eleições e a mulher mais votada da história da Câmara de Goiânia. Ao que você atribui essa votação expressiva?
Eu acredito que já havia uma disposição do goianiense em votar em alguém com o meu perfil e esse alguém não tinha aparecido ainda, que entrega a confluência de vários fatores, que aparentemente, a uma primeira leitura, uma leitura mais desatenta, pode parecer um perfil contraditório, mas que quando você se permite ir além da primeira página e olhar com uma lupa, é possível identificar a pluralidade das pessoas, e as contradições inerentes à condição humana.
Então, não são as contradições que residem no otimismo, na hipocrisia, mas as contradições inerentes à condição humana que deixam as pessoas complexas e que mostram que as pessoas são plurais. Do ponto de vista prático, foi um mandato que conseguiu conciliar fiscalização, entrega de resultados e uma comunicação política assertiva, uma comunicação política disruptiva e, ao mesmo tempo, que é assertiva, é disruptiva, é também abrangente. Eu recebi muitas mensagens de pessoas dizendo ‘Eu voto em você e no Fred’, ou ‘Eu voto em você e na Adriana’.
Eu tive votos de gente de todos os aspectos ideológicos. Um feedback que é assim ‘Eu não gosto da sua aproximação com o Lula’, ‘Eu não gosto de você ter acesso ao governo federal, mas você foi a única que enfrentou o desmonte da cidade’, ou ‘Eu não gosto do seu partido’, é uma coisa que eu já estava mais do que acostumada a escutar. Na verdade, eu tenho medo de beber água 3 da manhã e ter alguém lá na minha cozinha perguntando por que sou do PSDB. Isso aponta para a habilidade, que não é só minha, é de uma equipe incrível que eu montei, de identificar os principais pontos de convergência, das pessoas e trazer esses pontos de convergência com ênfase dentro do mandato.
Eu não me contradigo com a minha fé evangélica, eu não me contradigo com a minha inclinação progressista, E eu não me contradigo com o PSDB. Quando eu consegui extrair de cada lugar que compõe o meu ponto de partida, aquilo que gerava a identificação com o goianiense, acho que veio daí esse resultado.
Italo Wolff – Às vezes, se o candidato não é puro na direita, ou na esquerda, por exemplo, se o candidato tem qualquer coisa na história dele que tem ligação com o espectro ideológico oposto, ele é excluído. Como você junta todas essas coisas que são contraditórias nessa ideia evangélica e não ter bem definido esquerda e direita?
Eu tenho dito que, hoje, a minha atuação, as minhas falas, as minhas decisões políticas, para uma leitura por atalhos, me identificam muito mais diretamente com o progressismo, com a esquerda ou com a centro-esquerda. Entretanto, a minha escola de política que me trouxe até aqui foi a fome, a negligência, os abismos sociais, políticos e estruturais que atravessaram de maneira muito brutal a minha vida e que ao olhar para a minha vida, eu enxergo a vida de muita gente.
Então, não é que a minha vida seja heroica. A gente está falando de um país em que a maioria esmagadora das pessoas começa a trabalhar antes dos 18 anos e morre trabalhando, e vai se reinventando, e ninguém enriquece desse jeito. A gente está falando de um país que por si só desmistifica a falácia da meritocracia e fala muito mais sobre privilégios e desigualdades do que o contrário. Eu sou uma mulher da escola pública, eu sou uma mulher de um território violento, brutal.
Primeiro do Rio de Janeiro, depois em Aparecida de Goiânia, depois, lá no entorno do Campus 2 [da UFG], quando eu fui aprovada no vestibular. Eu já contei essa história sentada aqui, exatamente nesse lugar. A minha família veio pra cá porque a gente não aguentava mais enterrar a gente. É insuportável a dor de uma criança de 12 anos estar saindo de um culto de domingo com sua família e ouvindo tiros. Ouvindo tiros com os quais a gente já está acostumado, e por causa disso a gente não se abaixa nem desvia. É um dia normal. Aí uma dessas balas vem e entra na cabeça do seu primo que está do seu lado. Foi o que eu vivi. Meu primo de 16 anos morreu com tiro no crânio.
Com a clareza que eu tenho hoje, de 34 anos de vida, 10 anos como estudante, professora e pesquisadora das Ciências Sociais, mas eu olhava para aquilo e pensava: Isso é normal? Isso não pode ser normal. E a partir do momento que eu entendi que não era normal, o que não é normal e não é natural, tem jeito de mudar. Se não é natural, tem jeito de mudar. Essa é a minha escola de política.
Foi por causa disso que eu fui fazer Ciências Sociais. Aí eu vi a política pública desenvolvida no governo do Marconi, aqui na época, que eu nunca tinha ouvido falar de Marconi, foi quando eu mudei pra cá. A minha família teve condições de se reinventar nessa miséria econômica, emocional, territorial e espiritual. A gente teve condições de se reinventar nisso, muito em parte, pelas políticas públicas sociais de transferência de renda, de redução das desigualdades desenvolvidas nos governos do Marconi. Eu olhava e falava ‘Eu quero fazer isso. Eu quero fazer o que esse cara faz’.
Então me filiei ao PSDB. Na faculdade, o povo já começou a me chamar de ‘coxinha’ porque eu estava filiada ao PSDB. Isso em 2006. E eu pensava ‘Mas o que essas pessoas estão falando? Todo mundo aqui vem de escola particular. Eu vim de escola pública. Todo mundo aqui vem de carro. Eu pego quatro ônibus. Essas pessoas fazem curso de idiomas no ensino médio. Eu ajudo a minha mãe a sustentar a casa’. Então, daí veio a minha escola de política e daí também veio o meu entendimento de que os espectros políticos no debate público estavam adoecidos pela exigência prévia de que as pessoas se adequassem a eles para que elas pudessem compor ou dizer alguma coisa.
E eu falei assim ‘Beleza, essa esquerda aqui me rechaça. Então não é lá que eu vou estar. Eu vou estar perto de outras pessoas, fazendo outras coisas’. Hoje, amadurecemos todos. Todas essas pessoas são meus amigos, parte delas trabalha comigo. Nunca foi violento, sempre foi tranquilo. Aquilo era polarização.
Como que isso aconteceu? Isso aconteceu justamente porque a vivência, a ciência e a experiência se encontraram, e uma foi dando conta da outra, uma foi lapidando a outra. Então, vem essa vivência, aí vai para a Faculdade de Ciências Sociais, aí saio da Faculdade de Ciências Sociais e fico fazendo política pública no governo do Marconi.
Tem uma história que é maravilhosa, que eu adoro contar, que é do dia que a gente queria aumentar o passe-livre. Eu estava lá como uma das coordenadoras do passe-livre, e a gente queria aumentar o passe-livre, expandi-lo para a Região Metropolitana. Fomos a uma reunião na Secretaria de Fazenda e o secretário, com aqueles telões de cifras, dizendo “Pra gente pode fazer isso aqui, eu vou parar de comprar comida para o presídio, vai ter uma rebelião”. Era uma disputa interna dentro do governo, da visão de mundo, da política pública que a gente queria construir.
Eu não me contradigo com a minha fé evangélica, eu não me contradigo com a minha inclinação progressista, E eu não me contradigo com o PSDB. Quando eu consegui extrair de cada lugar que compõe o meu ponto de partida, aquilo que gerava a identificação com o goianiense, acho que veio daí o resultado
Ao longo desses anos, a assimilação de tudo isso é que imprime a minha serenidade de poder transitar por tantos lugares que aparentemente são distintos, mas que na verdade têm muito mais em comum do que as pessoas imaginam.
Italo Wolff – Você recebeu apoio de algumas figuras públicas, inclusive, como Walter Salles e Caetano Veloso. Como foi o seu trânsito, como você chegou a conseguir esse apoio?
O auge, né? Um vídeo do Caetano Veloso pedindo volta pra mim, um negócio inacreditável. Eu acho que ao me consolidar com alguém com esse perfil [plural] e gerar resultados de trabalho, a gente conseguiu alcançar um olhar atento de players importantes no Brasil e no mundo. E é uma loucura isso, porque é importante de ver que a gente fez um debate, aliás, a gente fez um mandato que tem uma relevância nacional, mas que não é de vereadora federal.
Quem acompanha a Câmara sabe, eu não uso a tribuna pra falar de pauta ‘caça like’, de pauta nacional. Pelo contrário, eu brigo com quem faz isso. De quatro anos enquanto vereadora, sem faltar sessões, vocês me conhecem, eu sou uma vereadora extremamente assídua na Câmara. Em quatro anos, se eu tiver falado de pauta nacional cinco vezes, foi muito. Não preenche duas mãos, porque o meu compromisso com Goiânia é muito sério. Então eu uso a tribuna para falar sobre Goiânia. Evidentemente, Goiânia tem nos seus gargalos, atravessamentos que estão na agenda nacional. E esses atravessamentos, hora ou outra, viraram pauta. Mas o substancial do meu mandato foi conseguir entregar soluções locais que sejam alinhadas com a percepção global do que deve ser importante para o Brasil e para o mundo.
Consegui extrair da agenda global soluções para a cidade e isso fez com que o mandato se tornasse é muito relevante. É óbvio também que não é só o mandato. Tem muito do que a gente construiu em nível nacional que vai além do mandato, como, por exemplo, todo esse debate público sobre a fé. Mas qual é o meu lastro de credibilidade para falar com os maiores veículos de mídia do Brasil sobre fé e política, a minha atuação política? Porque eu falo, e aí se um jornalista qualquer da Globo News, da Folha de São Paulo, vier investigar minha vida em Goiânia, vai descobrir que o que eu estou dizendo é exatamente a minha prática aqui.
Então o meu mandato, as minhas práticas me dão uma credencial para construir um debate público que vá além de Goiânia, mas fora da Câmara. Eu faço esse debate nos fóruns adequados para isso. Foi por isso que o presidente da República botou o olho em mim, eu acho que você cita as pessoas de fora, acho que o maior destaque foi o Walter Moreira Salles, que é uma loucura também, né, gente? Imagina, eu chorei tantas vezes com Central do Brasil [filme de Walter Salles), de repente ele estava doando para a minha campanha.
Teve uma matéria recente também, acho que do O Globo ou da Folha, dizendo que eu fui a terceira maior herdeira dos doadores do Lula no Brasil e tal. Eu acho que essas figuras [que manifestaram apoio] são pessoas que estão dispostas a investir em quadros que eles consideram que são fundamentais para manter parâmetros de civilidade e de manutenção das conquistas que a gente teve até agora. Então, por isso que eu tenho uma interlocução muito grande com os institutos que operam o debate público no Brasil sobre crime e sobre fé. O ISER, que é o Instituto Social de Estudos da Religião; eu tenho uma interlocução muito grande com a ministra Marina Silva, nós somos amigas, a gente se fala no WhatsApp, com frequência, a gente criou a bancada do clima, que também virou manchete, coluna da Mônica Bérgamo e tudo mais. Começamos com quatro vereadores e chegamos ao final da eleição com mais de 200 adesões no Brasil todo.
Chegando no Caetano, ele é um cara muito ligado em duas coisas. Já tem um tempo que ele e o grupo dele estão engajados com a agenda ambiental e hoje, seguramente, eu arrisco dizer que eu sou o quadro mais envolvido com a agenda de justiça climática do Estado. E o Caetano já está nessa há um tempo. Teve aquela Marcha pela Terra em Brasília em 2022, organizada pela Paula Lavigne com dezenas de cantores, artistas, etc. E ele começou também a se engajar muito com esse lance da fé. Gravou com Kleber Lucas, deu uma entrevista muito sensível, incluiu um louvor na turnê, com Maria Bethânia e tudo mais.
Eu acho que nesses dois pontos, as minhas falas públicas, devido à repercussão, chamaram a atenção dele. Até que um dia eu estava me preparando pra dormir, 11 horas da noite, e eu recebo um telefonema, uma chamada de vídeo de Paula me dizendo que Caetano estava “maluco com esse negócio de malocrente”, e perguntou se eu topava encontrar com eles. Aí ela falou isso, que estavam muito admirados e tudo mais. Até chegamos a tentar organizar uma conversa durante a campanha, mas eles estão em turnê, foi difícil.
Eu fui ao Rio pra um encontro do Instituto Moreira Salles, ISER e Fundação Fernando Henrique, Instituto Vivo Rio, enfim, eles fizeram um diagnóstico sobre o papel das mulheres pra salvar a democracia e me chamaram pra ser painelista e aí desencontramos. Mas estava indo para o meu evento final de campanha, eu recebo uma ligação com um vídeo do Caetano, quando eu olho no celular está lá o Caetano falando uma palavra que eu inventei [malocrente].
Eu inventei a palavra malocrente, o Caetano falou essa palavra. O conceito ‘magnatas da fé’, durante esse debate sobre os empresários que fizeram fortuna nas cruzes do evangelho. Recentemente eu estava assistindo uma entrevista de uma pesquisadora no programa do Marcelo Tas, no Provoca, e aí ela comentando sobre o perfil dos pastores, e ela usou o termo ‘magnastas da fé’. Ela disse ‘esse conceito não é meu’, e o Marcelo ‘Eu sei, é da vereadora de Goiânia, da Aava Santiago. Então, assim, tudo isso sem em nenhum momento penalizar o goianiense da ausência de uma parlamentar focada nas coisas da cidade.
Luan Monteiro – Esse termo ‘malocrente’ que você inventou que é simpático com mídias sociais e ajuda a atrair um público mais jovem. O que você também fará nesse segundo mandato para atrair mais esse público?
A gente está falando de um país que por si só desmistifica a falácia da meritocracia e fala muito mais sobre privilégios e desigualdades do que o contrário
Assim que me formei, passei a trabalhar com política pública, desde a juventude. Fui uma das coordenadoras do maior programa para a juventude do Centro-Oeste. Fui trabalhar com políticas públicas, que hoje não existem. Olha só, tem quase oito anos que a gente deixou o governo. Nunca foi criada uma política de juventude maior, são oito anos de paralisia e de estagnação na política de juventude. O auge de política pública de juventude, no Estado de Goiás, nós criamos. Quando eu digo ‘nós’, dentro do governo Marconi, um grupo de técnicos apontados para isso. Todos técnicos. Nenhum de nós que estava tocando política pública de juventude era indicação de alguém. Ninguém era filho de alguém. Então, por causa disso, eu fui secretária-executiva de juventude, fui a primeira mulher a presidir o Conselho Estadual de Juventude em 2016, coordenadora da Conferência Estadual e da Nacional de Juventude, numa saudosa época que tinha conferência.
Mas a gente tem hoje um desafio gigantesco, eu digo hoje, mas já tem mais ou menos uma década que isso está nos desafiando, que é aquele conceito que é chamado geração nem-nem, que não estuda e nem trabalha, E essa geração, que são jovens adultos que não estudam e não trabalham, tem um recorte de gênero muito grande: boa parte é composto por mulheres. Uma das leis mais bonitas do meu mandato é a lei Isadora Kelvin. Isadora foi aquela moça barrada em uma instituição de ensino de Goiânia. Ela tinha que fazer uma prova, não tinha quem deixar, levou a criança, o segurança não deixou ela entrar, ela disse que não tinha com quem deixar, então ele respondeu ‘Deixa aí, do lado de fora’, pra uma criança de um ano e quatro meses.
E a Isadora teve coragem, isso teve uma grande repercussão na época, ela teve coragem de tornar esse caso público, e nós criamos a lei Isadora Kelvin, que garante o direito de entrada e permanência de mães e pais irresponsáveis com seus filhos pequenos nas instituições de ensino. Isso incide diretamente na política de permanência e sobretudo de mulheres. Embora a gente tenha ainda bem uma mudança significativa de perfil, na responsabilidade dos filhos, nas relações domésticas.
Então, nós, com essa lei que é pioneira no Brasil, tornamos Goiânia uma cidade menos hostil para mulheres jovens que querem continuar com o seu processo de formação. Além disso, pensando na primeira etapa da juventude, que é na transição, naquele ciclo que está contemplado no Estatuto da Criança e Adolescente e no Estatuto da Juventude ao mesmo tempo, porque o ECA é até 18 e o Estatuto da Juventude começa aos 15, você tem essa intersecção.
E eu sou autora da lei Multiplica o Livro, que diz que as escolas municipais sejam abertas para a comunidade nos fins de semana. Eu vi depois que isso virou proposta no plano de governo da Tabata Amaral, lá em São Paulo. Eu tenho dito sempre que eu não tenho vergonha nenhuma de dizer que eu era uma maloqueirinha que pulava o muro da escola, mas não para fugir dela, sim para entrar, para jogar bola na quadra no fim de semana. Parece lúdico, mas é brutal. Por que é que as juventudes, especialmente periféricas, precisam infringir uma regra para usar um equipamento público que lhes pertence, em tese?
Como presidente da Comissão de Educação, eu visitei todas as escolas municipais, pelo menos uma vez. Nossas escolas estão entre os melhores equipamentos públicos que nós temos. Com todos os seus problemas, elas ainda são superiores a outros equipamentos. Tem quadra, tem biblioteca ou sala de leitura, que o prefeito quis acabar, dizendo que dava sinusite, mas não conseguiu acabar. E a gente não pode usar, e não é só o estudante, a família não pode usar, os irmãos mais novos ou mais velhos não podem usar.
Multiplica o Livro garante que esses espaços possam ser acessados por toda a comunidade nos fins de semana. A lei foi sancionada, mas isso não está acontecendo. Então, qual é o meu desafio para o próximo mandato? Buscar a regulamentação dessa lei, porque é claro que a gente também não pode sobrecarregar a comunidade escolar, tanto que a lei já está aqui dizendo para funcionar, a prefeitura deve fazer convênio com as instituições de ensino. Chama as faculdades de Educação Física e bota os formandos para fazer o estágio obrigatório lá. Chama a faculdade de Biblioteconomia e bota o pessoal para estagiar lá. Ou seja, a solução está dada.
A minha escola de política que me trouxe até aqui foi a fome, a negligência, os abismos sociais, políticos e estruturais que atravessaram de maneira muito brutal a minha vida e que ao olhar para a minha vida, eu enxergo a vida de muita gente
Luan Monteiro – Acha necessário tornar a cidade mais segura para a juventude?
Eu tenho uma percepção de que boa parte dos nossos problemas é resolvido sem construir mais nada, sem erguer uma parede. É resolvido aproveitando bem os equipamentos públicos que já existem e que são ociosos. E isso certamente gera um impacto prioritariamente na vida de jovens e de mulheres.
E por fim, a gente precisa tornar Goiânia uma cidade mais segura para ser vivida pela juventude. A gente tem uma distorção do direito à cidade especialmente para a juventude. Eu moro no Centro, moro na Avenida Anhanguera há muitos anos. Eu me lembro direitinho quando o Iris criou o Chorinho, ali do Grande Hotel, que na verdade era o Grande Hotel Vive o Choro, e era a coisa mais maravilhosa do mundo pra mim, porque eu recebi uma bolsa de 300 reais, como pesquisadora Pibicc descia com 3 reais no bolso, comprava uma mísera garrafa de alguma coisa e ficava com ela a noite inteira e eu era a pessoa mais feliz do mundo. Aí eu saía de lá e ia a pé pro Jazz e voltava. Meus amigos de Aparecida de Goiânia, onde eu fiz meu ensino médio, iam de ônibus, o chorinho começava às sete, eles corriam pra pegar o último Eixo e iam embora.
Mas por que eu estou dizendo isso? Porque são iniciativas tão marcantes, que toda a juventude da minha geração tem boas histórias para contar sobre o Chorinho, independente do bairro que viveu na cidade, independente do poder aquisitivo. A gente tem como fazer, existe como fazer, a gente já tem experiências que funcionam. O problema é que hoje a gente tem uma distorção no direito da cidade, uma cidade mais conservadora, uma cidade mais à disposição da especulação imobiliária. O Plano Diretor piorou isso consideravelmente.
Qualquer roda de samba que você faça numa calçada, tem abordagem. Qualquer coisa que você faça, em qualquer lugar, tem uma abordagem hostil da GCM. Então eu propus, é proposta de campanha minha, a criação da Patrulha da Cultura. Porque uma das pouquíssimas coisas que funcionaram no governo do Rogério foi a patrulha Mulher Mais Segura, que é o braço da GCM que atua com medidas protetivas, pois é uma patrulha específica para cuidar de mulheres, é outra linguagem, é outra abordagem, são outros equipamentos. Se tá dando certo, a gente tem que replicar. Eu, inclusive, mandei 200 mil reais de emenda impositiva.
Ton Paulo – Ao longo da gestão do Rogério, você sempre fez uma oposição muito forte, e surgiu a especulação de que você poderia se lançar a prefeita de Goiânia. No final, não foi o que aconteceu. Mas você chegou a cogitar lançar uma candidatura para a prefeitura ou não?
Esse boato que surgiu a meu respeito ajuda a gente a entender o nível de aridez da política e da política goianiense. Quer dizer que uma vereadora que estritamente cumpre com o seu papel, está cumprindo com o seu papel porque quer se tornar prefeita? Isso é desesperador. Se a gente pensar que o simples fato de eu ter me dedicado a cumprir com o meu papel, de fiscalizar, fez com que a leitura das pessoas que acompanham a política fosse de isso era pra ser prefeita, mostra então que é tão baixo o nível de comprometimento com a nossa função que basta a gente ser comprometido que parece que a gente quer ser prefeito.
Quando eu me dediquei ao trabalho de fiscalização, é porque esse era o meu papel e eu acreditava que eu tinha que fazer isso. Nunca passou pela minha cabeça, nesta eleição agora, de 2024, disputar a cadeira de prefeito. Nunca. Entretanto, eu não deixaria de fazer o meu papel para estancar qualquer especulação. Agora, eu quero trazer isso como uma chave de reflexão para pensar. Qualquer parlamentar que se movimente na direção daquilo para o qual ele foi eleito está querendo ser prefeito? Ou a gente tem tão baixas expectativas sobre a Câmara que quando alguém acerta é porque quer ser prefeito? São questões que eu acho que nos ajudam a entender o buraco em que Goiânia se meteu.
Italo Wolff – A Câmara Municipal passou por uma renovação de 30%, né? O que você acha? Mudou um pouco o perfil da Câmara? Qual a sua expectativa de atuar nessa próxima legislatura?
Eu ainda estou analisando isso, mudou muito pouco. Mas, assim, se tiver mudado, a impressão que eu tenho a princípio é que deu uma piorada. Primeiro porque a gente diminuiu o número de mulheres, isso é muito sério. A gente tem duas cadeiras a mais e mantivemos cinco mulheres. A gente não conseguiu, e eu achava que seria dessa vez, eleger uma mulher negra. Nunca teve uma mulher negra eleita na cidade de Goiânia. É muito chocante. A gente continua com grupos que são subalternizados, subrepresentados, e isso é uma piora.
A gente não teve uma renovação, a gente teve a manutenção dos mesmos grupos, com algumas mudanças de nomes das cadeiras, mas os grupos e os interesses são os mesmos. Então, recebo com ceticismo isso. E vejo também que, eu espero que isso seja diferente do que tem sido analisado até aqui, mas que existe uma tendência à nacionalização do debate na Câmara, e aí é prejuízo para todo mundo.
Tivemos um dia marcante, de um prefeito que, por vingança, exonera duas mil pessoas de uma vez, que estão na ponta dos serviços básicos. Depois, como diz o filme Deu a Louca no Chapeuzinho, ele vai lá e nomeia as pessoas no mesmo dia. Esse é o nível de instabilidade. A gente tem uma dissonância cognitiva e coletiva sobre a relação da Câmara com o Executivo. Porque ao mesmo tempo que a gente tem o prefeito com o pior desempenho eleitoral na história recente na cidade de Goiânia, os vereadores da base dele tiveram recorde de votos. E por que as pessoas não entendem que esses vereadores foram signatários do resultado que essa administração gerou?
E essa disfunção, essa dissonância, que eu acho que opera também muito no campo do simbólico, do imaginário, do subjetivo, mas que na prática gera esse resultado na urna, abre margem para o político da antipolítica, e o político da antipolítica é o passo que precede a tirania. É o passo que precede a ruptura democrática.
Existe uma leitura, e eu não digo que essa é a minha leitura, eu estou entendendo que eu preciso me aprofundar nisso, de que há uma tendência para a nacionalização do debate. No momento em que o interesse de todo mundo devia ser reconstruir Goiânia. Se a gente tiver uma Câmara que tire isso da prioridade, nós já estamos num prejuízo.
Ton Paulo – Você acha que esse vai ser o tom dessa nova legislatura, de mais nacionalizar o debate do que regionalizar, que é o que a gente precisa?
Como eu disse, eu não consigo afirmar isso, eu tenho lido outras pessoas falando sobre, mas a gente tem isso acontecendo na eleição de prefeito. É um dado que está todo mundo dizendo, mas que não deixa de ser chocante, mesmo que as pessoas tenham apontado o Fred como menos preparado e tenham votado nele.
Então, se essa lógica se replicar dentro do parlamento, a gente pode esperar dias ainda muito difíceis pela frente.
Ton Paulo – Como é que está a sua relação com seu partido, o PSDB, e com o presidente nacional, Marconi Perillo?
Minha relação, especialmente com o Marconi, é uma relação muito boa. Justamente porque ao longo de todos os anos da minha trajetória, inclusive desde antes de me eleger, eu nunca fui constrangida por ele a abrir mão de nenhuma das minhas pautas ou de nenhum dos meus posicionamentos. Pelo contrário, eu sei que uma parte pequena das pessoas do entorno dele sempre pedem pra que ele me induza, ou me peça, ou me ordene a andar numa direção diferente daquilo que eu faço hoje, ou seja, relação com o governo federal, determinadas disputas dentro da Câmara, e ele nunca trouxe isso pra mim. Nunca, nunca.
Ele nunca me deu um telefonema pra dizer ‘Não fale com o Lula’. E, por outro lado, essa minha movimentação toda, que gera o desconforto em alguns quadros do partido, é justamente o que traz as minhas maiores conquistas. E aí ele celebra essas conquistas comigo, entendeu? Ele ficou radiante com esse negócio do Walter Salles. Ele ficou maluco com o negócio do Caetano. Foi até engraçado, porque ele mandou um áudio assim ‘Meu Deus, é o meu maior ídolo da música brasileira’. Então assim, ele celebra as minhas conquistas e não se coloca como um obstáculo para o caminho que eu preciso trilhar para que essas conquistas sejam possíveis.
Ton Paulo – E o partido aumentou a bancada na Câmara, não é?
Exatamente. Era para ter aumentado mais se a gente tivesse tido no cenário local um comprometimento com a chapa que eu montei. Porque antes de deixar a presidência do partido, eu montei uma chapa com mais de 50% de mulheres que acabaram não conseguindo chegar até o final porque não receberam dentro da cena local o tratamento que elas tinham que receber. Essa é a minha avaliação.
Eu vejo que, graças à chapa que eu montei, a gente dobrou de cadeiras, mas eu queria mais. Eu queria eleger pelo menos mais uma mulher nessa chapa, essa era a minha expectativa. A gente tinha se organizado pra isso. Mas aí, primeiro, do entendimento do Matheus [Ribeiro], que era importante que ele construísse o partido no momento em que ele era o candidato. E, ao mesmo tempo, eu também precisava estar fora construindo outras coisas, que são essas que a gente já conversou. A gente teve uma desidratação. Mas, com tudo isso, nós dobramos o tamanho da bancada.
Mas nesse contexto, eu atribuo muito do êxito do Matheus ao excelente desempenho dele nos debates, ao fato de não estar com a imagem manchada por tudo que vem tornando-se cinzento no desastre político em Goiânia, mas também ao meu desempenho na Câmara. A única parlamentar que ficou quatro anos em uma oposição de resultados é do PSDB, e as pessoas fazem essa leitura. Então, isso particularmente, esse resultado do Matheus na urna, também me honra diretamente, porque, embora ele tenha ficado em quarto lugar, foi muito melhor do que o desempenho de 2020, e essa mudança aconteceu justamente no momento em que a Câmara ganhou o meu mandato.
Ton Paulo – E quais são suas pretensões políticas? Daqui a alguns anos, você pretende ir para o Congresso, por exemplo, ou para a Assembleia?
Se você tivesse me perguntado umas duas semanas atrás se eu sabia, se eu imaginava que eu ia ser a mulher mais votada da história da Câmara de Goiânia, eu ia te dizer que não. Inclusive, as pessoas mais perto de mim andaram pegando apostas em bares e todas elas apostavam que eu ia ter menos de 10 mil votos. Mas a gente tinha uma percepção de que era impossível as urnas não darem o retorno do mandato, porque a gente trabalhou pra eles. O meu maior cabelo eleitoral foi o mandato.
As pessoas perguntavam ‘Como é que você vai conseguir enfrentar uma estrutura tão poderosa como a estrutura da Alego, por exemplo?’, que era, no caso, do Tião [Peixoto], que foi a nossa segunda cadeira, ou ‘Como é que você vai conseguir enfrentar vereadores que têm 800 mil de cargo na prefeitura, 500 mil de cargo na Comurg?’: o mandato. Quatro anos geraram resultado.
Eu não consigo fazer um prognóstico para os próximos passos ainda. Eu não sei o que vai ser de Goiânia nos próximos dois meses, com um prefeito com raiva da cidade, com raiva do goianiense. Então, a única coisa que eu estou pensando nesse momento é em estratégias pra tentar salvar o goianiense na medida do possível do que pode acontecer daqui até dezembro. Porque são dois meses de alguém com raiva e com uma caneta de poder na mão. Isso é muito sério. Só vou conseguir responder essa pergunta quando passar essa tempestade no início do ano.
Uma coisa que eu posso te dizer, pra não parecer que eu estou saindo pela tangente, porque não é o caso, é que uma expectativa, uma pretensão eu tenho é de me tornar uma autoridade em alguns temas, em nível nacional. Quero me consolidar enquanto autoridade de justiça climática nas cidades e de fé pública com incidência em política de redução das desigualdades. E isso já está acontecendo, mas ainda falta uma caminhada pra ser trilhada e eu acho que esses próximos anos vão consolidar essa meta.
Italo Wolff – Você acha que as exonerações decretadas pelo prefeito, e depois revogadas, foram uma reprimenda pelo mau desempenho eleitoral?
Os primeiros dias numa Câmara, depois da eleição, é corriqueiro. O que aconteceu não é fora do normal. São os vereadores que perderam lamentando, ou fazendo balanço, tranquilizando suas bases, dizendo que vão voltar e tudo mais. Ou são os que venceram agradecendo. Só que já estava rolando [reprimendas], e eu fiquei muito chocada de ninguém falar nada, porque primeiro eu passei quatro anos usando a tribuna, indo à Justiça, inclusive tive o acolhimento de uma das minhas ações no Ministério Público sobre a convocação do cadastro reserva, e foi uma coisa que irritou muito o prefeito na última prestação de contas na minha fala, que foi a quantidade gigantesca de contratos sem licitação para combate à dengue. Algumas coisas, assim, estapafúrdias que a gente identificou, denunciou, enquanto você tem um cadastro reserva de ACS [agentes comunitários de saúde] e ACE [agentes de combate às endemias] para ser convocado, que é de fato quem combate à dengue.
O problema é que hoje a gente tem uma distorção no direito da cidade, uma cidade mais conservadora, uma cidade mais à disposição da especulação imobiliária. O Plano Diretor piorou isso consideravelmente
Se o Poder Legislativo tivesse se mobilizado de maneira séria para reivindicar o chamamento dos concursados, a gente não tinha um problema tão grande com o Decretão de Exoneração, porque os serviços básicos estariam sendo tocados por pessoas efetivas. Mas o que nós tivemos, muito pelo contrário, foi boa parte da Câmara atuando para protelar esse chamamento, de modo a que pudessem colocar os seus indicados nessas vagas. Eu vi a consternação no ar dos vereadores em relação a isso [decreto de exoneração], mas é preciso dizer que boa parte desses vereadores não só não atuou para chamar o cadastro, os aprovados no concurso, como atuou para que não fossem chamados, porque era importante nomear pessoas nesses lugares.
Aí vem um decreto para a cidade e para a cidade, e aí foi o que eu falei na tribuna. Eu não sei se foi vingança contra o goianiense, ‘Ah, essa cidade ingrata’. Realmente eu não tenho elementos pra dizer isso. Mas certamente é uma retaliação a todo mundo que esteve com o Rogério durante todo esse tempo e pulou do barco na época da campanha. Eu não vi ninguém pedindo voto para o Rogério, eu não vi nenhum vereador pedindo voto para o Rogério. É óbvio, eu não fiquei o tempo todo olhando campanha de vereador, porque eu estava fazendo na minha própria. Mas, certamente há, por parte dele, o sentimento de que foi injustiçado, ou abandonado, ou traído pelas pessoas que ele ajudou. E agora ele está dando essa resposta.
Luan Monteiro – Você falou de antipolítica, e isso tem crescido muito no Brasil, não só em Goiânia, mas em outros lugares que estão querendo fazer esse debate mais nacionalizado. O que pode ser feito para driblar isso e focar nos principais problemas da cidade nesses próximos quatro anos?
Eu acho que o primeiro passo de quem é comprometido com isso é não se deixar cair na pilha, que foi o que aconteceu naquele debate icônico que eu tive, que foi citado aqui, quando o vereador ficou um tempão da sessão, e eu não caía na pilha, querendo falar de Palestina, querendo falar de conflito no Oriente Médio, no meio de uma greve da educação. Meu Deus, cara! Só de lembrar isso eu fico tão irritada. E aí, no meio, o único momento que eu decidi entrar, depois de mais de uma hora com a Câmara falando sobre isso, foi pra chamar a atenção dos colegas. Porque quando a gente chama a atenção, a gente expõe ao ridículo aquilo que eles estão fazendo, achando que ninguém está entendendo.
Eu tenho dito isso, a gente precisa colocar um espelho, o espelho que constrange pelo terror que se reflete nele. Isso eu acredito que qualificando o debate dos vereadores sobre a cidade, perde palanque, perde tração essa nacionalização que algumas pessoas podem querer fazer.
Ton Paulo – O perfil que você tem hoje, mais progressista, será mantido no seu segundo mandato? Em que pautas você pretende focar?
O que eu afirmo sobre mim é que eu sou uma mulher evangélica, periférica, comprometida com a laicidade do Estado e a redução das desigualdades. As pessoas podem ver isso como só crente, porque todo crente deveria realmente ser comprometido com isso. Se vocês podem ler isso como progressista, como social-democrata, já que eu sou do PSDB, ou como uma vereadora responsável e que honra os seus 10.480 votos.
A forma como as pessoas leem é importante, mas o resultado do que eu faço, a partir dos meus pontos de origem e dos meus compromissos, é ainda mais importante do que a leitura que as pessoas fazem sobre mim. Sobre as pautas, consegui consolidar todas que eu defendi em 2020. Isso me deixa muito orgulhosa. Tanto em qualidade de produção, como vereadora de oposição, eu tenho 30 leis sancionadas.
Ton Paulo – Você sente que já teve veto no Executivo por represália?
O tempo inteiro. Vou te dar um exemplo. O prefeito vetou uma lei minha que é uma das leis mais bonitas que eu já apresentei, que cria a política de leitos separados para mãe de natimorto e óbito fetal na rede municipal de saúde. Porque essas mulheres que seus filhos nascem mortos, ficam na mesma enfermaria das mães com suas bebês no colo. E não existe nada mais traumático do que isso. E é traumático tanto para a mulher que está vivendo isso, como pra mãe que tá com seu bebê celebrando a sua vida enquanto tem uma mulher gritando de dor e sofrimento.
E eu só descobri isso porque no dia que eu fui dar à luz ao meu filho, no corredor da maternidade, tinha uma mulher gritando de dor e tristeza, e aquilo me marcou profundamente. Eu não era candidata, não era vereadora, mas eu disse ‘Se um dia virar política de verdade, eu vou fazer valer pra isso’. E eu fiz. O prefeito vetou com o argumento de que isso não era despesa. Qual a despesa de botar uma placa numa das salas e falar assim ‘Essa aqui é só pra mãe de natimorto’? É só reorganização de espaço, é só vontade de fazer. É dar um treinamento pra essas profissionais, é reorganizar os leitos, é botar uma placa, qual é o custo disso?
Italo Wolff – Vereadora, neste momento Goiânia está em caminho para uma eleição de segundo turno. Já existe uma conversa interna no PSDB sobre quem pode ir a Goiânia?
Não, não existe. Eu só falei com o Marconi no domingo, ele me ligou para me cumprimentar e tudo mais e depois ele me ligou para dizer que fulano, ciclano de outra cidade são meus fãs, querem me conhecer, mas a gente não falou nada sobre o pleito ainda.