Empresas buscam formas de “estocar vento”
21 março 2024 às 09h15
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A famosa expressão “estocar vento”, proferida pela ex-presidente Dilma Roussef em um discurso na Organização das Nações Unidas (ONU) em 2015, trouxe questionamentos sobre a viabilidade de armazenar um recurso natural como esse. No entanto, o contexto do discurso abordava a energia produzida pelas variações de vento, conhecida como energia eólica, e não diretamente o recurso em si.
A energia eólica, por ser uma fonte renovável e de baixa emissão de carbono, tem despertado o interesse de muitos países em aumentar sua produção. De acordo com especialistas, um desafio persistente é o armazenamento do excedente da energia gerada em momentos de vento abundante para uso posterior em períodos de calmaria.
Atualmente, a tecnologia mais empregada para esse fim é a bateria de lítio, embora seu uso apresente desafios como a limitação do recurso e o alto custo, especialmente para armazenamento prolongado.
No Brasil, estados como Ceará, Bahia e Rio Grande do Norte despontam na produção de energia eólica. Em 2021, o Rio Grande do Norte firmou parceria com a empresa EV Brasil para um inovador projeto de “armazenamento verde gravitacional de energia”, que utiliza blocos de concreto instalados em parques eólicos para gerar e armazenar energia gravitacionalmente.
Além das baterias de lítio, outras tecnologias promissoras surgem globalmente. Nos Estados Unidos, o governo de Joe Biden anunciou um investimento significativo para desenvolver tecnologias de armazenamento de energia de longa duração, reconhecendo sua importância na transição para uma rede elétrica descarbonizada.
Uma alternativa promissora é a oxidação do ferro, explorada pela empresa Form Energy nos EUA, que utiliza o processo de enferrujamento do ferro para criar reservas de energia, revertendo a reação conforme necessário.
Internacionalmente, outras abordagens criativas estão em desenvolvimento. Na Itália, a Energy Dome implementou uma planta de armazenamento de energia solar utilizando dióxido de carbono comprimido em um enorme balão como bateria. Na Holanda, a Corre está explorando o armazenamento de energia por meio da compressão de ar em cavernas de sal, enquanto na Finlândia, a Polar Night Energy aquece areia com eletricidade excedente para fornecer energia térmica para residências e empresas.
Essas inovações refletem o esforço global para encontrar soluções eficientes e sustentáveis para o armazenamento de energia renovável, impulsionando a transição para uma matriz energética mais limpa e resiliente.