O recente caso de racismo envolvendo o jogador de futebol Vinicius Jr., na Espanha, continua repercutindo nas redes sociais e trouxe à tona uma triste realidade: o racismo no ambiente de trabalho. Seja em escritórios ou em competições esportivas, como no caso em La Liga, atletas e trabalhadores ainda enfrentam injúrias e insultos enquanto exercem suas atividades laborais.

No futebol, casos de racismo estão se tornando cada vez mais frequentes. De acordo com o levantamento Discriminação Racial do Futebol, em 2022 foram registrados 90 casos de ofensas raciais, um aumento de 40% em relação aos 64 casos de 2021.

Ao trazer essa realidade para o mercado de trabalho, dados da Coordenadoria de Estatística e Pesquisa do Tribunal Superior do Trabalho revelam que o tema de atos discriminatórios, que inclui o racismo, esteve presente em mais de 157,1 mil processos ajuizados em quatro anos no TST.

Esses dados também mostram que a indenização por dano moral decorrente de atos discriminatórios foi o 149º assunto mais frequente na justiça do trabalho em 2022, com mais de 35 mil processos ajuizados. Além disso, o tema também aparece na 143º posição, relacionada à rescisão do contrato de trabalho.

Outra preocupação no mercado de trabalho é o fato de que a população negra, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), representa 72,7% dos desalentados, ou seja, pessoas que desistiram de procurar emprego por não terem esperança de encontrar.

Mesmo quando superam a barreira do desemprego, as pessoas negras tendem a ocupar posições em setores mais fragilizados, como agropecuária, construção civil, comércio e serviços domésticos, em cargos que exigem menor nível de escolaridade.

Pesquisas realizadas pela empresa CEGOS, divulgadas pela CNN Brasil, também concluíram que 75% das empresas brasileiras apontam o racismo como a principal forma de discriminação no ambiente de trabalho. Essa proporção é ainda maior quando analisamos as respostas dos jovens entre 18 e 24 anos.