Relatório da polícia goiana identifica site que arrecada recursos para atos antidemocráticos

15 novembro 2022 às 09h11

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A polícia Civil identificou um site de Goiás que organiza e arrecada recursos para manter as manifestações antidemocráticas no país. Após recolher informações sobre o domínio, a polícia enviou relatório ao Supremo Tribunal Federal (STF), órgão responsável pela investigação dos atos. Em Goiás, os manifestantes estão a quase duas semanas acampados na porta do quartel do Exército, no Jardim Guanabara.
Informações publicadas pela Folha de São Paulo, apontam que a polícia apontou que o site tem canais em redes sociais, petições e pix para doações. “Este endereço eletrônico dá acesso a uma página da web, que fornece acessos a grupos em apps [aplicativos] como Telegram, WhatsApp, solicita doações e também fornece informações a respeito das paralisações existentes no país”, diz o documento produzido pela polícia.
O relatório também descreve as estruturas dos protestos em Goiás, ressaltando que possuem banheiros químicos, fornecimento gratuito de refeições, águas e refrigerantes. As investigações apontaram que a ferramenta eletrônica —identificada com a mensagem S.O.S. Forças Armadas Acampamento Goiás— disponibiliza ao menos 18 canais em que o internauta pode se informar sobre os movimentos antidemocráticos.
No site, é possível acessar o mapa com o endereço do acampamento na cidade, seguido por links para dois grupos de articulação no aplicativo de mensagens Telegram.
O site ajuda a organizar os atos, que além de contestar a vitória do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), defende bandeiras antidemocrátricas, como a intervenção militar no país, e contestado a legitimidade dos resultados das urnas – o petista venceu com 50,9% dos votos válidos, contra 49,1% do presidente.
Relatórios e atuação da justiça
Relatórios de inteligência e das áreas de segurança pública dos estados, recebidos pelo STF nos últimos 10 dias, identificam suspeitos de financiar, organizar e incentivar os protestos e bloqueios de rodovias e vias próximas de prédios das Forças Armadas.
Nos relatórios de inteligência que chegaram ao STF, consta que em Goiás, comerciantes locais, em especial, ligados ao agronegócio, youtuber e políticos estão “patrocinando” os protestos no estado. O documento de informação policial produzido para as apurações apontou uma lista de suspeitos de liderarem e patrocinarem os atos realizados no dia seguinte ao segundo turno, que pararam a BR-060, em Anápolis (GO), nos dois sentidos, impedindo completamente o fluxo de veículos entre Goiânia e Brasília.
O documento identifica também os envolvidos na convocação do protesto que bloqueou a BR 414, em frente à Base Aérea. Houve o fichamento também das lideranças envolvidos nos protestos em Catalão, em Jussara, Mineiros e Jataí.
A identificação e o fichamento dos envolvidos, com identidades, dados de elos sociais, comerciais e políticos, são reunidos pelas polícias nos estados e enviados ao STF, em processo aberto desde 2018, na maior greve dos caminhoneiros do Brasil.
Por ordem do ministro Alexandre de Moraes, relator do processo (ADPF 519), as polícias foram acionadas desde o dia 30 para desmobilizar protestos ilegais. Na última quinta-feira, 10, nova ordem do Supremo deu 48 horas para que a PRF entregasse o relatório “circunstanciado de todas as multas aplicadas” e “a identificação dos veículos e pessoas autuadas”.
Em despacho, Moraes afirma que “a persistência de atos criminosos e antidemocráticos em todo país, contrários à Democracia, ao Estado de Direito, às Instituições e à proclamação do resultado das Eleições Gerais de 2022 pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE)” justificava sua decisão de estender para todo país a ordem para as polícias imediatamente liberarem vias interrompidas pelos protestos. O relator determinou a identificação das “empresas e pessoas que incorrem no descumprimento da decisão mediante apoio material (logístico e financeiro) às pessoas e veículos que permanecem em locais públicos”.
O diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, enviou na sexta-feira, 11, a lista completa das multas aplicadas nos protestos organizados pelo país, os nomes de pessoas, empresas e veículos fichados. São 7.850 infrações registradas no país relacionadas aos protestos, do dia 30 de outubro a 11 de novembro.
Balanço da PRF de domingo, 13, registrou 58 pontos de protestos, um ponto de interdição de via e nenhum bloqueio total de rodovia. Número bem distinto da semana seguinte ao segundo turno, quando foram registrados até 415 pontos de protesto com paralisação do tráfego, sendo que em 211 houve bloqueio total das vias. Nos registros da corporação, foi destacado que foram debelados 1.093 pontos de manifestações, com e sem interdição de vias, nesse período.