Para PF, Carlos Bolsonaro integrou “núcleo político” que desvirtuou Abin e ferramenta Fist Mile

29 janeiro 2024 às 19h45

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O vereador pelo Rio de Janeiro e filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Carlos Bolsonaro (Republicanos), é apontado pela Polícia Federal (PF) como membro do ‘núcleo político’ de uma suposta organização criminosa formada por funcionários da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). O grupo seria responsável por monitorar autoridades sem autorização judicial. A informação consta na decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou a investigação com base em um relatório sigiloso enviado pela corporação.
No despacho, Moraes cita que o “aprofundamento das medidas investigativas, aponta fato novo, relacionado à existência, na referida organização criminosa, do ‘NÚCLEO POLÍTICO’, também responsável pelo desvirtuamento da ABIN e da ferramenta First Mile”. Essa tecnologia foi importada de Israel e desenvolvida pela empresa daquele país, a Cognyte (ex-Verint).
Durante a operação deflagrada nesta segunda-feira, 29, foram cumpridos mandados de busca e apreensão na residência do parlamentar, em seu gabinete na Câmara Municipal do Rio e na casa de praia da família em Angra dos Reis (RJ).
“A Polícia Federal aponta que a organização criminosa identificada na ABIN era, potencialmente, uma das células de organização criminosa de maior amplitude, cuja tarefa primordial era realizar a ‘contrainteligência’ de Estado”, escreveu Alexandre de Moraes.
O advogado de Carlos, Antonio Carlos Fonseca, acompanhou as buscas da PF, mas até o momento, a defesa não se pronunciou sobre o caso.
Além do filho de Bolsonaro, as assessoras Luciana Paula Garcia, que trabalhou com o vereador, Priscilla Pereira e Giancarlo Gomes Rodrigues, assessores de Alexandre Ramagem (PL-RJ), foram alvos de buscas. Ramagem era o diretor da Abin à época dos fatos investigados e foi nomeado por Jair Bolsonaro.
Na petição foi juntado um print de uma conversa da assessora de Carlos Bolsonaro, Luciana, para a assessora do delegado Alexandre Ramagem, Priscila, com pedido de monitoramento da delegada da PF Isabela Muniz, responsável por duas investigações contra Jair Bolsonaro e os três filhos. Essa apuração aponta que havia investigações em andamento de interesse da família Bolsonaro, porém, não foram consultadas por falta dos números corretos desses processos.

Apreensões
Moraes autorizou a apreensão de veículos encontrados nos endereços das buscas e a análise de dados em telefones celulares, computadores, servidores, DVDs, CDs e discos rígidos. O ministro também mencionou o acesso aos demais dispositivos no local das buscas. Apesar de Jair Bolsonaro estar presente na casa da família em Angra dos Reis durante a ação policial, seu aparelho celular não foi apreendido, conforme informou a defesa do ex-presidente ao portal Poder360.
O magistrado exigiu que a PF apresente um relatório sobre o material apreendido em um prazo de 30 dias.
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Vídeo: veja o momento em que Jair Bolsonaro e Carlos acompanham buscas da PF