Vanderlan Cardoso (PSD), eleito senador da República por Goiás em 2019, tem seu mandato garantido até 2026. O parlamentar já foi prefeito de Senador Canedo, cidade que fica na Região Metropolitana de Goiânia, por dois mandatos (2004 a 2010), quando, na ocasião, disputou a eleição para governador do Estado de Goiás, voltando a repetir o feito em 2014. Porém, nas duas tentativas, não conseguiu se eleger.

Já em 2016, Vanderlan decidiu concorrer à eleição para prefeito de Goiânia, duelando com Iris Rezende e, mais uma vez, foi derrotado.

Com as eleições municipais de 2024 se aproximando, o nome do senador aparece bem nas pesquisas com chances de chegar ao Paço Municipal. No entanto, o próprio Vanderlan ainda não decidiu se realmente será candidato. Ele afirma, contudo, que seu partido terá candidato próprio na capital.

Em entrevista exclusiva ao Jornal Opção, o parlamentar garante que chegará a um veredito em março, e que até lá, trabalhará em prol de todo Estado. O senador pondera que os possíveis desgastes com os líderes religiosos, os eleitores evangélicos e bolsonaristas serão resolvidos com diálogos. Ele assegura, também, que é um político conservador e continuará “combatendo” pautas em favor do aborto e liberação das drogas, por exemplo.

Vanderlan garante que, se for candidato e ganhar a eleição, não usará o mandato como um trampolim para a disputa estadual de 2026. Ele ainda ressalta que qualquer que seja o prefeito em 2024, não terá tempo para pensar em outra coisa se não administrar bem a capital, que “está passando por um momento difícil”. Vanderlan reitera que tem um bom relacionamento com o governador Ronaldo Caiado (UB) e, assim como ele, Caiado também não mistura campanha com mandato.

Confira a entrevista:

O senhor disputará a prefeitura de Goiânia em 2024?

A decisão sobre candidatura em Goiânia será tomada a partir de março. Agora, conversas políticas acontecem o tempo todo. Tenho procurado dedicar o meu tempo ao trabalho no Senado Federal e ao estado de Goiás, levando benefícios aos 246 municípios, incluindo nossa capital, é claro, e na reestruturação do PSD em todo o Estado de Goiás. Estamos reconstruindo o partido, e o ano de 2024 já começa com uma nova rodada de visitas aos municípios.

O trabalho continua. Eleição é um assunto que vamos tratar lá na frente. Em Goiânia, por exemplo, fizemos recentemente uma grande entrega para o Hugol. Também atendemos demandas da Santa Casa, Hospital das Clínicas, Araújo Jorge, departamento de pesquisas de doenças raras, como a ELA, da UFG [Universidade Federal de Goiás], APAEs, Colônia Santa Marta e diversas entidades nas mais diversas áreas. Então, nosso foco, no momento, não é eleição e sim o trabalho por Goiânia e por Goiás. 

Como o senhor avalia o apoio à sua candidatura entre os assembleianos? Existe um desgaste da sua imagem junto aos evangélicos?

A eleição passou, infelizmente nós não elegemos o nosso candidato a presidente, mas temos que olhar para frente. Se há uma ou outra questão, vamos resolver com muito diálogo, pois é isso que Deus nos ensina todos os dias.

Em relação à questão ideológica, eu sempre tive boas relações com políticos de todos os partidos. Entendo que é possível fazer política com respeito a quem pensa diferente. Sem agressões ou xingamentos. Essa é a boa política, de resultados, que eu sempre defendi.

A minha forma de trabalhar nunca mudou. E minha proximidade sempre foi com as pessoas e os municípios. Continuo buscando melhorias para o País e para Goiás, sigo destravando pautas importantes para o Brasil, na presidência da Comissão de Assuntos Econômicos [CAE], sigo defendendo meus ideais como Deus e família, e combatendo pautas que não aprovo, como aborto e liberação de drogas. Esse sempre foi o senador Vanderlan. Isso nunca mudou. Qualquer coisa que se fala fora disso não passa de tentativas de ganhar notoriedade às custas do trabalho e da história que temos construído em Goiás. 

O senador está buscando uma aproximação com o MDB?

Se estiver falando sobre eleição, ainda não comecei diretamente as tratativas com os partidos. Porém, as conversas sobre a eleição de 2024 estão acontecendo. Outros membros do PSD estão conversando. Quanto às discussões partidárias visando a formação de uma aliança para o pleito de outubro, não iniciamos conversas com nenhum partido. Ainda está muito cedo para isso.

Agora, minha relação com todos os partidos é muito boa. Para se ter uma ideia, quando vou aos municípios entregar benefícios eu nunca pergunto de qual partido é o prefeito. Ajudo a todos, independente de cor partidária. É preciso entender que a preocupação sobre esse ou aquele partido só deve ocorrer na época de eleição. Passou a campanha, todos temos que trabalhar para a população, independentemente de partido. 

Se o senhor for candidato e conseguir se eleger, usará o mandato como um trampolim para 2026?

De forma alguma. O político que ganhar a eleição em Goiânia agora, em 2024, não terá tempo nem de sonhar com 2026. Goiânia está passando por uma situação difícil que vai exigir muito trabalho e dedicação total. Administrar uma grande cidade como a nossa capital não é fácil. Precisa de experiência em gestão pública, porque são inúmeros os problemas para se resolver, como a crise do lixo, alagamentos, obras paradas, transporte coletivo ineficiente e tantos outros que têm se acumulado há anos.

Sua relação com a direita bolsonarista está abalada?

Eu sou conservador, fui eu quem vestiu a camisa e fui para o embate pela reeleição do presidente Bolsonaro em Goiás. Se não fosse isso, o ex-presidente ficaria sem palanque. E aqui no Estado ele ganhou, e ainda elegemos o senador Wilder. Agora, a verdade é que eu realmente não decidi se vou ou não disputar eleição esse ano. Mas, se for, não recuso apoio de eleitor. Quem decidir me apoiar o fará sabendo que dará apoio a alguém que tem como foco o trabalho e a busca de melhorias para a população. Vejo as coisas desse modo, e para mim é muito claro isso. 

Como é a sua relação com o governador?

Minha relação com o governador sempre foi muito boa. Eu não misturo campanha eleitoral com meu mandato de senador, assim como ele não mistura campanha com seu mandato de governador. O que eu mais fiz em Brasília, ultimamente, foi trabalhar para atender as demandas do Estado.

 O Caiado vem fazendo um trabalho muito bom em Goiás, principalmente na área da segurança pública, e eu sempre estive pronto para colaborar. Ajudamos em questões importantes, como o RRF, que deu condições de trabalho para o governador, demos encaminhamento às demandas dele em relação à reforma tributária e temos destinado recursos vultosos para a Saúde estadual. Tanto o governador quanto eu sabemos que precisamos trabalhar para a população. E estamos fazendo isso. 

Quanto ao apoio do governador para a eleição de 2026, essa é uma decisão unicamente dele. O natural, a meu ver, é que ele apoie Daniel Vilela, que é seu vice. Mas essas definições são de foro íntimo do próprio governador. 

E com o senador Wilder Morais?

O relacionamento com o senador Wilder sempre foi muito bom. Ele foi candidato a vice-prefeito na nossa chapa, em 2020. Minha esposa é a sua 1ª suplente, e nós trabalhamos muito por sua eleição ao senado em 2022.

Com o alinhamento nacional do PSD e o PT, existe a possibilidade de o senhor desistir da candidatura em 2024 e apoiar Adriana Accorsi em troca de apoio em 2026?

O caminho natural é o PSD ter candidato no maior número possível de cidades em Goiás, incluindo a capital. Já somos o partido com mais prefeituras em todo o país. São quase mil. O que posso afirmar é que, com certeza, a eleição de 2026 passa pela de 2024. As alianças formadas esse ano irão refletir na disputa estadual de 2026. Mas, nosso pensamento agora é fortalecer o PSD. Então não existe nenhuma conversa de apoio a nenhum outro partido. A partir de março, quando definirmos a direção que queremos para a eleição, abriremos conversas com quem quiser dialogar e debater um planejamento para governar Goiânia.

E como fica seu posicionamento em relação ao alinhamento nacional do seu partido com o atual governo?

Não existe alinhamento automático a nenhum partido, nem em âmbito nacional nem em âmbito estadual. O PSD é um partido grande, somos a maior bancada do Senado, temos o presidente do Congresso, o presidente da CAE, que sou eu, e temos o maior número de prefeitos no Brasil. Isso nos dá liberdade para trabalhar sem precisar de alinhar com esse ou aquele governo. Como todo partido grande, temos pensamentos diversos dentro da legenda, e todos são respeitados. Eu, por exemplo, sempre tive liberdade em minha atuação, e sempre com respaldo do PSD nacional.

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