O ex-reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Edward Madureira, que foi candidato a deputado federal pelo Partido dos Trabalhadores (PT) – é o primeiro suplente do partido na Câmara, a partir de 2023 –, disse que o momento é de apreensão com o comportamento de Jair Bolsonaro (PL). Isso, embora ele tenha se pronunciado brevemente na tarde desta terça-feira, 1º, quebrando um silêncio de mais de 40 horas sobre o resultado das eleições presidenciais , em que foi derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Nessa fala de hoje ele não disse muita coisa de forma clara. Como é bem o estilo dele mesmo. Isso traz, sem dúvida nenhuma, interrogações. Mas a Casa Civil já informou que a transição começa quinta-feira (3). Então, espero que tudo transcorra dentro da normalidade”, torce.

O professor lamenta este momento por que o Brasil está passando, que coloca em dúvidas o processo eleitoral. “Na história do País não há episódios como esses. Nas derrotas de quem quer que seja. Como ocorreu com Fernando Haddad (PT). Na transmissão do cargo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) para Lula, e assim por diante. Apenar de tudo ter sido feito dentro das mais absolutas normalidades”, pontua.

Madureira acredita que as “arruaças pelo país” estão sendo promovidas pelos “fanáticos do bolsonarismo”. “Não existe nenhum fundamento que justifique esse pedido de intervenção. A eleição foi limpa, apesar de que tenho muitos questionamentos sobre a postura do governo em relação ao pleito. Derramou-se dinheiro. Fizeram assédio eleitoral de todas as formas. Houve inúmeras denúncias da ação da PRF [Polícia Rodoviária Federal] no dia da eleição. Ou seja, do lado do bolsonarismo não há o que contestar. Se houvesse contestação, tinha que ser do lado de quem venceu, pois a vitória seria muito mais ampla se não fosse esse uso excessivo da máquina para reverter votos”, salienta.

Acerca do novo governo, o ex-candidato analisa que está sendo formatado uma grande frente democrática. “É um governo de reconstrução. Nós tivemos destruição de muitas coisas nesse período. Tantas políticas públicas foram destruídas. Tantos conselhos foram desmontados. Perdemos valores importantíssimos, como a cultura da vacinação, que foi completamente comprometida pelo negacionismo. A educação e a ciência brasileira sofreram horrores”, enumera.

Ele cita que o Estado será entregue com um grande rombo econômico. “O país estará muito fragilizado, porque se gastou muito mais do que se tinha para tentar reeleger o atual presidente”, criticou. No entanto, Edward acredita que Lula conseguirá unificar o Brasil, mesmo com um país dividido. “O reconhecimento internacional da vitória já mostra isso”, indica.