PH Mota
Fabrício Vera

A Universidade Federal de Goiás (UFG) deve fechar o ano no vermelho, somando os R$ 7,8 milhões cortados no mês de junho e o novo bloqueio de R$ 2,4 milhões, efetuado na última segunda-feira, 28. Os números foram apresentados pela reitora Angelita Lima, em entrevista ao Jornal Opção.

Na noite de segunda-feira, a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) afirmou que o Ministério da Educação (MEC) bloqueou R$ 244 milhões do orçamento das universidades federais “enquanto o país inteiro assistia ao jogo da Seleção Brasileira”. O MEC confirmou o novo bloqueio, mas não explicou a motivação, dizendo apenas que “recebeu a notificação do Ministério da Economia a respeito dos bloqueios orçamentários realizados”.

Somados os R$ 7,8 milhões do corte na metade do ano com o novo bloqueio, a UFG perdeu cerca de R$ 10,2 milhões do orçamento previsto para o ano letivo. O valor é quase duas vezes o custo mínimo para manutenção da instituição, por mês. “Nosso custo básico fica em torno de R$ 5,5 a R$ 6 milhões, para gastos como energia, segurança e limpeza, além de outras manutenções como corte de de capim e dedetização, por exemplo, que não fazemos por falta de pessoal técnico”, explica a reitora. Dessa maneira, a perda de R$ 10 milhões significa a incapacidade de custear a universidade por dois mês.

Apesar da crise, Angelita explica que a administração da UFG está trabalhando com todos os esforços para que as portas de nenhuma unidade sejam fechadas por falta de verba. Para isso, a solução é acumular dívidas. “Não temos como pagar dois meses, mas vamos justificar e esperar que com o orçamento de 2023 a gente pague o passado para dever o futuro. É um mecanismo que temos que fazer para não fechar as portas”, pondera.

A reitora destaca, porém, que apesar dos cortes serem extremamente danosos, eles poderiam ser ainda piores para as unidades da UFG. Isso porque parte do orçamento em caixa já estava empenhado para custeio de bolsas estudantis e dos restaurantes da instituição. “Esses cortes seriam os mais impactantes, porque impedem de manter estudantes na universidade”, explica. “Então, nós temos condições de permanecer de portas abertas, mas são condições indignas”.

Angelita esclarece que UFG já realizou cortes e fez “tudo o que podia” para garantir a manutenção dos serviços. Equipes de segurança e limpeza, por exemplo, já foram reduzidas para garantir o funcionamento das unidades de educação. “Nós temos, por exemplo, prédios precisando de trocar o telhado porque está até chovendo dentro, mas não temos recurso. E mesmo se o doinheiro entrar, não podemos receber, porque não temos teto orçamentário”, lamenta.