Estado articulado por Marconi Perillo quer servir mais e melhor a sociedade
10 janeiro 2015 às 12h13
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Tornar Goiás a oitava maior economia do País e transformar o Estado num prestador de serviços eficiente para todos os indivíduos. São algumas das principais metas do tucano-chefe

O discurso de posse do governador de Goiás, Marconi Perillo, do PSDB, parece não ter sido examinado com a devida atenção pela imprensa e, mesmo, por políticos, aliados ou não do tucano-chefe. Trata-se de um discurso de primeira linha, de matiz filosófico e sociológico, além de bem escrito e bem formulado, com lógica precisa e objetiva. Curiosamente, e isto não se notou, há, nas linhas e nas entrelinhas, uma crítica visceral ao populismo. O tucano-chefe postula que, na campanha, não fez promessas vãs; no poder, vai trabalhar com aquilo que é essencial para criar uma sociedade ainda mais moderna. Isto é raro. No Brasil, a tendência é os políticos adularem plateias corporativas e, contando com a suposta ignorância popular, apresentarem projetos miraculosos.
Sigamos o discurso passo a passo, mas de modo sintetizado, porque é longo e nosso espaço é curto. Marconi Perillo anota que a “direção mestra a seguir” é “avançar nas conquistas internas e continuar trabalhando para que Goiás alcance um protagonismo ainda maior no cenário nacional”. Porém, ao contrário do ex-presidente Lula da Silva, não avalia que tudo começou com o PSDB e com o próprio tucano, e por isso acrescenta que o sucesso de Goiás, nos últimos 16 anos, tem a ver com “a convergência entre governo, empresários e trabalhadores”. É uma visão democrática e histórica do processo.
Os dados sobre o crescimento e o desenvolvimento de Goiás são irretocáveis — e, vale acrescentar, não são, no geral, produzidos pelo governo de Goiás, e sim por instituições nacionais, quer dizer, independentes de quaisquer ingerências políticas. Em 1999, data em que Marconi Perillo assumiu o governo, então um jovem de apenas 35 anos, “o Produto Interno Bruto goiano era de apenas R$ 17,4 bilhões”. Em 2014, o PIB saltou para R$ 144,2 bilhões. O objetivo, não só de Marconi Perillo, mas de todos os goianos, é que Goiás passe do “9º para o 8º lugar no ranking das economias entre os 27 Estados brasileiros”.
Ao contrário do economista Delfim Neto, que dizia que primeiro era preciso fazer o bolo crescer para depois dividi-lo com a sociedade, Marconi Perillo tem uma visão mais ampla do crescimento e do desenvolvimento. Aproxima-se do economista britânico John Maynard Keynes e, entre os brasileiros, do filósofo José Guilherme Merquior, que defendia, digamos, uma espécie de liberalismo social. O tucano-chefe percebe, com precisão, que, ao contrário do que pregam marxistas ortodoxos, o Estado não é um instrumento de classe, da classe dominante, e sim, sobretudo, um instrumento da sociedade. Ao mesmo tempo que incentiva o crescimento, com incentivos fiscais e criação de infraestrutura adequada e moderna para a iniciativa privada, o gestor goiano faz apostas cruciais no desenvolvimento.
Pode-se tachá-lo de um socialdemocrata autêntico e pragmático. “Junto a essa conquista [o crescimento do PIB, por sinal superior ao do País], sonhamos também com a evolução do PIB per capita estadual nas mesmas bases, isto é: fazer com que a distribuição de renda para os goianos tenha crescimento equivalente ao da economia”, afirma o político. O que está sublinhando é que o crescimento deve, obrigatoriamente, incluir o desenvolvimento. Os frutos do crescimento devem ser repartidos durante o processo de expansão da economia, e não depois. “O Estado deve distribuir igualitariamente os frutos do crescimento econômico e fazer disso a base para a convivência de todos os seus cidadãos. (…) A justiça social estará na matriz de todas as minhas decisões”, destaca o líder do PSDB.
O brilhante economista francês Thomas Piketty, autor do essencial “O Capital no Século XXI”, aprovaria o pensamento e as ações do governador. “Goiás é destaque nacional na geração de oportunidades, com mais de 1 milhão de empregos gerados desde 1999, dos quais 250 mil postos de trabalho criados apenas no nosso último mandato”, frisa o governador.
O programa Renda Cidadã, inspirador do Bolsa Família, “beneficiou 200 mil famílias goianas. A Bolsa Universitária [matriz do ProUni] permitiu o ingresso de 157 mil estudantes no ensino superior. A Bolsa Futuro qualificou 500 mil goianos para o mercado de trabalho [e para a vida]. O Cheque Moradia e o Cheque Mais Moradia realizaram o sonho da casa própria para 150 mil famílias”.
Isto, na linguagem dos economistas, é desenvolvimento. É a incorporação de pessoas que estão à margem da sociedade. Um liberal radical sugere que os indivíduos devem ficar à própria sorte, pois são responsáveis por seus atos e destinos. Parece uma defesa da liberdade individual, mas a vida, com sua maleabilidade e sua complexidade, às vezes não é interpretada a fundo por algumas ideias (e as ideias, quando se tornam “religiosas”, mesmo quando aparentemente “científicas”, são perigosas para a sociedade, para o indivíduo).
Nem os próprios capitalistas podem ser deixados à própria sorte. Assim como Fernando Henrique Cardoso, quando presidente da República, salvou o sistema bancário patropi, com o Proer, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, aportou capital público para “salvar” empresas de grande porte, como a General Motors (GM). O Estado investe a “fundo perdido”, embora a expressão seja inexata, porque o lucro social é tão importante quanto o lucro financeiro. Um indivíduo que sai da linha de pobreza absoluta e passa a trabalhar e garantir seu sustento e o de sua família é uma vitória para o Estado e, sobretudo, para sua família e para a sociedade.
No momento, Marconi Perillo e sua equipe operam uma reforma no setor de saúde que ainda não foi inteiramente dimensionada. Sabe-se que, para setores corporativos, quanto pior a área de saúde, mais dividendos políticos-sindicais. A melhoria do setor leva, inevitavelmente, a derrotas políticas daqueles que pregam o caos. Para os indivíduos, notadamente para aqueles que não dispõem de planos de saúde, um sistema que funcione, que atenda e trate de maneira adequada, é fundamental. Pois, para a população, as Organizações Sociais conseguiram melhorar parte do sistema de saúde — a parte que cabe às prefeituras ainda precisa de reparos —, porém, o seu sucesso significa o insucesso dos setores corporativos radicais e puramente ideológicos, daí as críticas, em geral pouco nuançadas e perfunctórias.
Note-se que o Centro de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo, o Crer, recebeu, há pouco, o Certificado de Acreditação Plena, o que comprova sua excelência. “De 13 hospitais públicos acreditados com certificado ONA [Organização Nacional de Acreditação], quatro são do governo estadual e receberam a acreditação em 2014”, conta Marconi Perillo. O Crer, por sinal, é apontado pelo Ministério da Saúde como referência para os Estados construírem centros de recuperação.
O objetivo do governo Marconi Perillo é criar um sistema de saúde que de fato funcione. “Neste governo consolidaremos a implantação da Rede Hugo, da Rede Credeq e da Rede AME (Ambulatórios Médicos de Especialidades).” O Credeq, quando plenamente instalado, se tornará, possivelmente, outra referência para o País. A recuperação de dependentes químicos é cara e famílias pobres raramente têm condições de bancá-la. Os Credeqs vão permitir a universalização do tratamento, com a possibilidade de integração dos dependentes à sociedade por meio dos programas sociais e de qualificação profissional.
Há, por fim, aqueles obras, também essenciais, que poucos veem e, como dizem os políticos, não rendem votos. Mas é positiva para a saúde dos indivíduos. Na área de saneamento, o governo de Marconi Perillo implantou “70 estações de tratamento de esgoto” e está construindo mais 12. Em 2015, “será inaugurado o Sistema Produtor Mauro Borges, que garantirá água tratada para a Grande Goiânia até 2050. São R$ 3 bilhões investidos no setor e outros R$ 4,5 bilhões já contratados — a maior intervenção no setor de saneamento em andamento no Brasil. Esses investimentos representam”, desde 1999, “a implantação de 16 mil quilômetros de novas redes de água e esgoto em todo o Estado. O crescimento da população atendida com água tratada no período foi de 55% e 175% atendidos com esgoto. Em extensão, o crescimento em rede de água foi de 76% e em rede de esgoto de 135%. O crescimento mais vertiginoso foi em relação ao número de estações de tratamentos de afluentes, de 584%”.
O que se disse acima é desenvolvimento, é o Estado a serviço da sociedade, dos cidadãos. Em busca do lucro imediato, com o menor custo possível, a iniciativa privada não tem como investir da mesma maneira que o Estado.
No campo da infraestrutura, por exemplo das rodovias, o governo Marconi Perillo investiu maciçamente. O governador frisa que, nos seus três mandatos, construiu “4.460 quilômetros de rodovias, o que representam 44% da malha pavimentada do Estado. Reconstruímos outros 4.400 quilômetros de estradas e, neste momento, estamos executando a reconstrução de mais 1.600 quilômetros”. Não é publicidade, ao contrário do que políticos das oposições dizem. São fatos, portanto, visíveis para os não estão cegos política e ideologicamente. Aliás, os perdedores contumazes para Marconi Perillo, do ponto de vista eleitoral, não percebem que, ao não examinarem o quadro real, aquele que é percebido pela sociedade, são vistos tão-somente como politiqueiros e flibusteiros.
Ao contrário de Iris Rezende, o tucano Marconi Perillo não é exatamente um obreiro. Daí que seu sucesso não advém da obra em si, mas da ideia que indica que a obra gera alguma coisa essencial, por exemplo, a modernização do Estado. Há uma filosofia social, modernizadora, encampando suas ações. Seu objetivo é pôr o Estado a serviço da sociedade, portanto, dos cidadãos. “O meu propósito inabalável” é “fazer do nosso Estado o melhor prestador de serviços públicos do País. A educação, a segurança e a saúde seguirão passando por fortes e decididas mudanças, para alcançarem os níveis de qualidade e eficiência que a nossa população merece”, afirma.
Políticos, empresários e setores corporativos devem prestar atenção num fato: o governador Marconi Perillo, em busca de inserir Goiás e a si próprio no cenário nacional, de maneira mais sólida, está cada vez mais determinado a pôr o Estado a serviço da sociedade. Pode desagradar alguns, até muitos, mas certamente vai beneficiar a maioria dos goianos. Aquele que interpretar o tucano-chefe com as luzes do passado — “ah, depois tudo volta à normalidade, à rotina, com as acomodações de sempre” — poderá dar, para usar uma expressão démodé, com os burros n’água. Marconi Perillo radicalizou o Tempo Novo e muitos, inclusive aliados, não estão percebendo a mudança de rota.
O Tempo Novo não envelheceu, modernizou-se — e radicalmente. O que, parece, assusta até aliados do governador Marconi Perillo, que não percebem, ou não querem perceber, que seus projetos de mudança são mesmo pra valer, e doa a quem doer. A modernização de fato não é feita para agradar “a” ou “b”, mas sim o todo — a sociedade, os cidadãos.
Duas notas finais

Primeiro, Marconi Perillo cita personalidades humanistas — dos campos da arte, da filosofia, da política e da tecnologia —, o que explicita seu ideário. São listados, e não aleatoriamente: Carlos Drummond de Andrade, Cícero, Cora Coralina, Dom Helder Câmara, Fernando Pessoa, Max Weber, Nelson Mandela, Norberto Bobbio e Steve Jobs.
Segundo, o único político goiano citado é José Eliton, presidente do PP. Por que é o vice-governador? Talvez. Porém, o mais provável é que seja um recado do presente para o futuro. Dificilmente José Eliton deixará de ser governador, a partir de abril de 2018, e, daí, se tornará credenciado para a reeleição. Aliás, o fado, o destino, está em suas mãos. É o que Marconi Perillo está sugerindo, aparentemente.
Poema de Cora Coralina citado por Marconi Perillo
Procuro semear otimismo e plantar sementes de paz e justiça
Digo o que penso, com esperança
Penso no que faço, com fé
Faço o que devo fazer, com amor
Eu me esforço para ser cada dia melhor
Pois bondade também se aprende
Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir entre rir ou chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar;
Porque descobri, no caminho incerto da vida, que o mais importante é o decidir.