Como não se pode falar nem em pré-candidatos, portanto muito menos em candidatos, não se sabe quais são realmente os postulantes a prefeito de Goiânia. O pleito será disputado daqui a seis meses e alguns dias, no dia 6 de outubro, num domingo. Mas, como se sabe, a disputa não ocorre apenas nos 45 dias em que a campanha é legal. Antes mesmo da campanha, que ocorre em pouco mais de quarenta dias, há a pré-campanha.

A rigor, ainda não há o que costumam chamar de pré-campanha. Mas, na prática, aqueles que planejam disputar mandato de prefeito e vereador já estão se apresentando aos pares — possíveis aliados — e, sobretudo, aos eleitores. Aqueles que são menos conhecidos estão corretos ao anteciparem a apresentação de seus nomes e imagens. Porque enfrentarão candidatos bem conhecidos, com imensa exposição na mídia, e há vários anos.

Daniel Vilela, vice-governador, e Ronaldo Caiado, governador de Goiás: parece que os eleitores de Goiânia estão esperando o posicionamento dos dois políticos | Foto: Divulgação

Quem deixar para se apresentar a partir de junho, ou depois das convenções — que serão de 20 de julho a 5 de agosto —, ou então em cima da hora, nos 45 dias legais de campanha, pode não se tornar tão conhecido como os ditos profissionais da política, aqueles que disputam quase todas as eleições, para ganhar ou para fixar seu nome no “inconsciente” dos eleitores.

No momento, em Goiânia, há quatro pré-candidatos — Adriana Accorsi (PT), Gustavo Gayer (PL), Jânio Darrot (MDB) e Vanderlan Cardoso (PSD).

Dos quatro, Vanderlan Cardoso, Adriana Accorsi e Gustavo Gayer são os mais bem posicionados, de acordo com as pesquisas de intenção de voto. Os três serão candidatos? É possível. Comenta-se, nos bastidores, que há a possibilidade de uma composição do PSD com o PT em Goiânia.

Lula da Silva, presidente, e Adriana Accorsi, deputada federal | Foto: Arquivo pessoal da parlamentar

O PT bancaria a candidata a prefeita, Adriana Accorsi — amiga e uma das grandes apostas do presidente Lula da Silva na capital —, e o PSD lançaria seu vice, possivelmente o ex-deputado Samuel Almeida.

As conversas entre Adriana Accorsi e Vanderlan Cardoso são fatos. Entretanto, o senador tem dito aos aliados que será candidato a prefeito de Goiânia. Por dois motivos. Primeiro, porque avalia, apesar de seu amplo isolamento político, que tem chance de ser eleito. As pesquisas mostram-no como um dos prefeitáveis mais bem posicionados. É visto como “gestor”. Segundo, mesmo se perder, cristaliza a imagem de um político que está sempre no jogo, presente — o que poderá fortalecê-lo na disputa da reeleição em 2026.

Petistas, como Olavo Noleto, chegaram a sugerir que poderão apoiar Vanderlan Cardoso para governador no pleito em que o candidato da base governista será Daniel Vilela, do MDB.

De qualquer maneira, Vanderlan Cardoso está no jogo — como candidato ou apoiador de Adriana Accorsi. A possibilidade de união entre direita moderada, o senador do PSD, e a esquerda igualmente moderada, a deputada federal, é um fato. No primeiro turno ou no segundo turno.

Adriana Accorsi e Vanderlan Cardoso: aliança mais certa é no segundo turno | Foto: Sérgio Rocha / Alego
Adriana Accorsi e Vanderlan Cardoso: diálogo aberto em Goiânia | Foto: Sérgio Rocha / Alego

Eterna candidata a prefeita de Goiânia, Adriana Accorsi, no pleito deste ano, conta com o apoio direto de Lula da Silva. Mais articulada do que em eleições anteriores, está buscando formatar uma chapa de centro-esquerda (ou mesmo de centro-direita) — daí a aproximação com Vanderlan Cardoso.

Nas pesquisas, Adriana Accorsi aparece bem, ao lado de Vanderlan Cardoso e Gustavo Gayer, tecnicamente empatados. Com a vantagem de que seu eleitorado, o de esquerda, praticamente não é dividido. A direita, com Vanderlan Cardoso e Gustavo Gayer, chegará dividida para a disputa deste ano. Então, a tendência é que um esvazie o outro — o que pode beneficiar, em larga medida, o candidato bancado pela base governista (leia-se o nome proposto pelo governador de Goiás, Ronaldo Caiado, do União Brasil, e pelo vice-governador, Daniel Vilela, do MDB).

No momento, o candidato da base governista é o ex-prefeito de Trindade Jânio Darrot. Trata-se de um gestor experimentado e um articulador político hábil. Tem experiência como administrador no setor público e no setor privado.

Gustavo Mendanha e Jânio Darrot | Foto: Leoiran/Jornal Opção

Jânio Darrot não é um político populista, que tenha paixão pelos tapinhas nas costas, mas é visto como uma pessoa simpática, agregadora e sem arestas. Sobretudo, é considerado como um gestor altamente eficiente e, como tal, poderia dar um novo norte ao desenvolvimento de Goiânia. Trata-se de uma capital — e não de Senador Canedo ou de Trindade. Os problemas são ampliados em todas as áreas, como saúde, educação e transporte coletivo.

O que se percebe, porém, é que Jânio Darrot ainda não está firmado como “o” candidato da base governista a prefeito. Nunca houve um anúncio oficial. Não há uma fotografia em que Ronaldo Caiado e Daniel Vilela, os dois generais eleitorais, apareçam ao seu lado e, na “legenda”, estejam dizendo: “Este é o nosso candidato a prefeito de Goiânia”.

Dada a cautela de Jânio Darrot, ao fato de não ser um político excessivo e espaçoso, há quem o avalie como “fraco” ou “sem motivação”. Mas é a base governista que precisa mostrar “ânimo” com o seu candidato — definindo-o. Porque, se não o lançar como postulante oficial (tanto pode ser o ex-prefeito quanto outro político), permanecerá a dúvida a respeito de sua própria força política.

Governista tende a ficar entre os favoritos

Chegou a hora de apresentar uma pergunta: por que a base governista não tem, até o momento, um de seus postulantes entre os primeiros colocados nas pesquisas de intenção de voto — ao lado de Vanderlan Cardoso, Adriana Accorsi e Gustavo Gayer?

Primeiro, pode-se falar em postulantes da base governista? Até agora, o nome relativamente firmado é o de Jânio Darrot. Há outros citados, mas en passant, como Bruno Peixoto, Pedro Sales, Silvye Alves e Zacharias Calil, os quatro do União Brasil.

Segundo, fica-se com a sensação de que a base governista está esperando a decisão pessoal do governador Ronaldo Caiado, e com certa lógica.

Afinal, Ronaldo Caiado é o político com os melhores índices de popularidade em Goiânia. Então, sendo assim, o candidato que indicar ou apoiar será, de cara, muito forte, tornando-se competitivo.

Pesquisadores dizem que o quadro apurado pelas pesquisas, com nenhum candidato superando 25% das intenções de voto, indica “estabilidade”. Quer dizer, nenhum dos três favoritos, Adriana Accorsi, Vanderlan Cardoso e Gustavo Gayer, ainda que apareça bem, não deslanchou e não descolou. Os três estão, tecnicamente, empatados.

Urge nova pergunta: por que Vanderlan Cardoso, Adriana Accorsi e Gustavo Gayer não deslancham?

Frise-se, antes, que não estão nada mal nas pesquisas. Pelo contrário: os três estão muito bem avaliados (estão se apropriando de mais de 60% das intenções de voto dos goianienses). Portanto, um deles tem chance de ser prefeito de Goiânia.

Como o quadro é de segundo turno, a situação de Adriana Accorsi e Vanderlan Cardoso é melhor. Porque um deles poderá apoiar o outro na disputa seguinte. Gustavo Gayer, no segundo turno, irá com quem? Corre o risco de ficar isolado. Porém, se conquistar a base governista, poderá ser eleito.

Uma tentativa de responder à pergunta acima: definido o candidato governista — seja Jânio Darrot ou qualquer outro (como o senador Wilder Morais, Pedro Sales, Silvye Alves ou Zacharias Calil) —, um quarto elemento político estará no jogo.

O candidato governista, assim que ficar à frente de um exército eleitoral poderoso, se tornará consistente e tende a polarizar com os três que hoje são apontados como favoritos.

É bem possível que os eleitores estejam aguardando o posicionamento de Ronaldo Caiado — repetindo: muito bem avaliado em Goiânia (por causa do bom funcionamento da segurança pública, do social, da saúde e da educação) — e de Daniel Vilela (filho de Maguito Vilela) a respeito da disputa na capital.

O candidato apoiado por Ronaldo Caiado e Daniel Vilela possivelmente irá para o pelotão de frente assim que seu nome for anunciado. Chegando pelo “alto”, o postulante governista tende a puxar alguém para baixo — que tende a ser Vanderlan Cardoso ou Gustavo Gayer. Um candidato de centro-direita tende a despolarizar o quadro atual e criar uma nova polarização.