A indústria farmacêutica Vitamedic, integrante do Grupo José Alves (conglomerado goiano com atuação em setores como bebidas, distribuição, educação, tecnologia, logística e saúde) deu início a um investimento de R$ 100 milhões em Goiás no mês de outubro deste ano. Em entrevista exclusiva ao Jornal Opção, o diretor de novos negócios, João Ricardo Alves, detalhou o plano que prevê a expansão da capacidade produtiva e a internalização de linhas de suplementação alimentar e produtos funcionais.

João Ricardo Alves | Foto: Acervo pessoal

Segundo o diretor, a indústria iniciou oficialmente as atividades da nova fábrica de suplementos e vitaminas no mês de outubro em Anápolis, que fica há 59,4 km de Goiânia. Ele apontou que a unidade entrou em fase pré-operacional e acelerará gradualmente a rampa de produção até atingir plena capacidade.

Detalhamento do Investimento

João Ricardo disse que o ciclo de investimentos soma R$ 100 milhões, sendo R$ 70 milhões destinados à nova planta. Ele explicou que R$ 35 milhões são em obras, máquinas, equipamentos e utilidades (sem incluir terreno), R$ 25 milhões para lançamentos e internalização de aproximadamente 200 SKUs entre 2025 e 2026, e R$ 10 milhões em marketing e trade. Outros R$ 30 milhões foram aplicados na planta de efervescentes inaugurada em outubro de 2023, R$ 15 milhões em Capex, R$ 10 milhões em P&D e R$ 5 milhões em marketing.

“Desses 100 milhões de reais, nós temos a abertura de quanto foi direcionado para obra, quanto foi para equipamento, quanto para pesquisa e desenvolvimento, que precisamos alocar para desenvolver os produtos e trazer para dentro de casa, e o restante para marketing”, comentou.

Benefícios da Verticalização e Nova Estratégia Comercial

Ele afirmou que a principal área beneficiada será a comercial, já que a verticalização permitirá maior controle sobre custos e disponibilidade de produtos. “A principal área que vai se beneficiar nessa questão de podermos verticalizar esse investimento, obviamente, é a área comercial, porque estaremos conseguindo ter um portfólio com custo mais acessível, com disponibilidade mais rápida, já que teremos a operação fabril em mãos. E, por consequência, estaremos conseguindo endereçar um portfólio para todo nível de bolso de consumidor”, disse.

“Nosso portfólio estava mais direcionado ao público A, pois a produção era terceirizada com a Trustful, nossa marca de suplementação. Agora, com a produção internalizada, conseguiremos tanto manter o que temos da Trustful dentro do nosso ecossistema, como também lançar produtos com preço mais atrativo para o consumidor”, destacou.

Vantagens para o Consumidor

Para o consumidor, o benefício será a oferta de um portfólio mais amplo, com maior qualidade e menor risco de ruptura. “Vamos entregar produtos com controle de qualidade de nível farmacêutico e pureza elevada, evitando falta de disponibilidade no mercado,” afirmou.

O diretor destacou os principais beneficiários da estratégia, e os ganhos esperados, são para a empresa e para o consumidor. “O principal beneficiário, obviamente, será a área comercial, internamente. Externamente, o consumidor, porque conseguiremos entregar um portfólio com maior acuracidade, com controle de qualidade em nível de indústria farmacêutica e evitando ao máximo rupturas, que são entendidas como a falta de produto disponível para venda. Basicamente, os principais benefícios dentro da porteira são voltados à área comercial, e fora da porteira, ao consumidor, que terá acesso a um portfólio produzido diretamente por nós”, apontou.

“Hoje, esses produtos estão nas mãos da Copec, de forma terceirizada. Com a produção internalizada, passaremos a trazer esse processo para dentro de casa e, por consequência, ofereceremos um controle de qualidade regulatório muito alinhado ao padrão de uma indústria farmacêutica. Sem nunca esquecer da funcionalidade que buscamos entregar em todos os nossos produtos, com o mais alto grau de pureza”, afirmou.

Geração de Empregos e Impacto na Estrutura Fabril

O investimento deve gerar cerca de 100 novos postos de trabalho adicionais diretos na área industrial e de laboratório. “Na verdade, estamos falando de uma parte industrial e de laboratório. Será uma extensão do que já atendemos dentro do nosso parque fabril de medicamentos. Entendemos que isso deve gerar cerca de 100 postos de trabalho adicionais voltados para a área industrial. É claro que também haverá uma parte de armazenamento específico para essa linha de produção, que ficará apertada, mas com pouca demanda de pessoal. O nível salarial seguirá o padrão da categoria de produção industrial, de acordo com o nível hierárquico, respeitando o que já praticamos com a Vitamedic”, destacou.

O executivo explicou que a expansão da unidade industrial terá impacto direto na geração de empregos e na estrutura fabril. “Será uma extensão do que já atendemos dentro do nosso parque fabril de medicamentos. Também haverá uma parte de armazenamento específico, mas com pouca gente. O nível salarial seguirá a categoria de produção industrial, de acordo com o nível hierárquico”, explicou Alves.

Novas Tecnologias e Linhas de Produção

Parte dos recursos já foi aplicada em tecnologia para produção de comprimidos efervescentes. Agora, novas linhas estão sendo implementadas para fabricar suplementos em pó, cápsulas, comprimidos não medicamentosos, balas de goma funcionais, géis e líquidos comestíveis.

“Estamos implementando novas tecnologias porque são produtos que não produzíamos antes. Estamos colocando toda a linha de não medicamentos dentro do nosso parque fabril, que já contava com comprimidos efervescentes e recebeu cerca de R$ 30 milhões de investimento. Agora, adicionamos tecnologia para produzir suplementos em pó, cápsulas, comprimidos não medicamentosos, balas de goma funcionais, géis e líquidos comestíveis, em diversos formatos de embalagem: potes, sachês, monodoses e doses mensais ou bimestrais. Tudo dentro das regras regulatórias e sanitárias exigidas pelos órgãos competentes”, destacou.

Expectativas de Crescimento do Setor e Capacidade Produtiva

O plano industrial prevê operação contínua até o fim de 2026 ou início de 2027, com capacidade de 1,5 milhão de unidades comerciais por mês. Alves ressaltou que o investimento não foi pensado apenas para o momento atual, mas planejado há mais de cinco anos.

“Sempre apostamos em consumo atrelado à qualidade de vida. A prevenção por meio da suplementação está cada vez mais evidente e acessível para todas as classes sociais. Esse investimento é fruto de um desenho iniciado há cinco anos e converge com a internalização da produção de produtos lançados em 2023 e que agora, em 2025, estão em evidência”, afirmou.

Ele acredita que o setor continuará crescendo de forma consistente nos próximos 10 a 20 anos, em ritmo superior ao PIB brasileiro, seguindo tendências observadas nos Estados Unidos e Europa. “Nos próximos cinco anos acreditamos que a categoria dobre de tamanho e daqui a dez anos ela deve estar entre três a quatro vezes maior do que é hoje”, disse.

Ambiente Regulatório e Logística

Sobre o ambiente regulatório, Alves demonstrou apoio às normas da Anvisa. “Somos favoráveis à regulamentação cada vez mais criteriosa, que acaba favorecendo fabricantes responsáveis e alinhados aos requisitos da Anvisa. Não vemos grandes desafios, já que já atuamos com medicamentos. O ponto crucial é que a agência tenha capital humano suficiente para evitar gargalos nas aprovações de novos registros”, apontou.

Quanto à logística, ele avaliou que os desafios são comuns à categoria, mas a tendência é de melhora no país. “Os desafios logísticos são os mesmos para toda a categoria, relacionados ao acesso aos diversos modais e serviços de transporte e armazenagem. Não são ofensores ao negócio, pelo contrário, o Brasil está evoluindo nesse aspecto e a tendência é de melhora contínua”, destacou.

Objetivos de Mercado e Estratégia Contínua

O objetivo da companhia é alcançar posição de destaque no mercado nacional e internacional. “Esse investimento nos dará autonomia de capacidade fabril para produzir tanto para o Brasil quanto para exportação. Nosso objetivo é que, em cinco anos, estejamos entre as cinco marcas mais relevantes em cada categoria de produto que lançarmos”, afirmou.

Alves também destacou que práticas de ESG fazem parte do ecossistema da empresa, ainda que não sejam contabilizadas como investimento. “Respeitamos todas as regras de associações e cooperativas e estamos sempre investindo em dar suporte à sociedade. Isso já faz parte do nosso dia a dia em todos os negócios”, disse.

Por fim, ele reforçou que os investimentos são contínuos e fazem parte da estratégia da companhia. “Temos planejamento de investimento em todos os anos e em todas as frentes. Nunca paramos de investir, seja em tecnologia, capital humano, expansão territorial, marketing ou vendas. Continuaremos investindo no Brasil e em nossos negócios, sempre buscando estar na vanguarda do que o consumidor e o varejo esperam”, destacou.

Inovação e Tendências Internacionais

O diretor da Vitamedic ressaltou que a empresa busca constantemente trazer tendências internacionais para o Brasil, sempre alinhada às exigências regulatórias da Anvisa e às mais criteriosas regras de qualidade.

“É importante destacar que estamos buscando entregar ao consumidor alternativas disruptivas e inovadoras para o mercado de suplementação brasileiro, sempre espelhados nas mais criteriosas regras de controle de qualidade regulatório e atentos ao que acontece no exterior, para trazer ao Brasil o que há de mais moderno, respeitando os ingredientes autorizados pela Anvisa. Atuamos fortemente tanto na área de bebidas, como fabricantes da Coca-Cola, quanto em medicamentos, suplementos e até na indústria de higiene e limpeza, onde operamos no Centro-Oeste do Brasil”, destacou.

Ele destacou que a empresa buscou novas alternativas. “Estamos entregando alternativas disruptivas e inovadoras para o mercado de suplementação brasileiro, sempre espelhados nas mais criteriosas regras de qualidade e atentos ao que acontece no exterior”, afirmou.

Exemplos Práticos de Tendências Internationalis Internalizadas

Gomas funcionais: “Trouxemos em 2023 um portfólio de 19 versões de gomas funcionais, todas sem adição de açúcar, inspiradas em uma tendência internacional de crescimento desse tipo de produto. Lançamos opções voltadas para performance esportiva, como proteína, creatina, glutamina, BCA e pré-treino , e também para bem-estar, como resveratrol, vinagre de maçã, melatonina e colágeno tipo 2. Hoje somos a maior empresa de gomas funcionais do Brasil em diversidade de funcionalidades, com duas frentes bem definidas: esportes e bem-estar”, explicou.

Proteína pronta para beber infantil (Kids): “Lançamos a primeira proteína pronta para beber voltada ao público infantil no Brasil, em parceria com a VidaVeg. O produto é 100% vegetal e está disponível nos sabores chocolate e morango. Não existe outra proteína líquida infantil no país; fomos pioneiros nesse lançamento”, apontou.

Comprimido efervescente de acerola: “Recentemente lançamos o primeiro comprimido efervescente de acerola no Brasil, inspirado em uma tendência observada na Europa, onde a fruta é utilizada em produtos voltados para imunidade. Tradicionalmente, esses comprimidos são de laranja, mas trouxemos a inovação da acerola para o mercado nacional”, disse.

Contexto Empresarial

Com mais de quatro décadas de atuação em genéricos, similares, MIPs e RX, a Vitamedic integra o Grupo José Alves, holding com faturamento de R$ 3,6 bilhões em 2024, 5 mil colaboradores distribuídos em 11 empresas e presença nos setores de saúde, educação, bebidas, imobiliário, rastreamento, embalagens e higiene. Entre as empresas do grupo estão Refrescos Bandeirantes (Coca-Cola GO/TO), Água Mineral Crystal, Alfa Educação, 3T Systems, Rembal e N&L Indústria.

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