O secretário da Economia de Goiás, Francisco Sérvulo, revelou ao Jornal Opção que o governo Ronaldo Caiado assumiu uma dívida de mais de R$ 6 bilhões, resultado de passivos acumulados ao longo de décadas. Segundo ele, a atual gestão encontrou uma estrutura financeira fragilizada, marcada por obrigações históricas que ainda pressionam as contas do Estado. “Somando tudo, o montante geral da dívida herdada pelo governador Caiado alcançava entre R$ 6,3 bilhões e R$ 6,4 bilhões”, afirma o secretário.

De acordo com Sérvulo, quando Ronaldo Caiado assumiu o governo, em janeiro de 2019, havia um déficit imediato de aproximadamente R$ 6,3 bilhões. O valor incluía cerca de R$ 4 bilhões em dívidas com fornecedores, duas folhas de pagamento em atraso, que somavam R$ 1,8 bilhão, além de obrigações contratadas, mas não empenhadas, que precisaram ser quitadas com o orçamento daquele ano.

O secretário ressalta que todo esse passivo foi reconhecido e incorporado às contas públicas, compondo o montante total herdado pela atual gestão.

Dívida histórica remonta à crise dos anos 1980

Grande parte do problema financeiro do Estado, no entanto, não se limita ao período recente. Sérvulo explica que a origem do passivo mais pesado remonta à crise econômica nacional dos anos 1980, marcada por hiperinflação, endividamento externo e sucessivas emissões de títulos pelos Estados.

Com a escalada dos juros e a dinâmica do overnight, bancos estaduais caminharam para a insolvência. Para evitar um colapso do sistema, a União assumiu integralmente as dívidas estaduais, em um processo formalizado pelas Leis nº 9.496 e nº 8.727. Em contrapartida, os Estados passaram a dever à União os valores saneados.

“Depois dessas leis, a União tornou-se a principal credora dos Estados”, explica o secretário. Goiás, assim como outras unidades da federação, passou a carregar um passivo que se estende até os dias atuais.

Passivo com a União chega a R$ 20 bilhões

Mesmo após décadas de pagamentos, a dívida original, atualizada pela taxa Selic e por regras de correção, ainda representa cerca de R$ 20 bilhões. Esse valor corresponde à maior parte da dívida consolidada do Estado, que atualmente soma R$ 26 bilhões. O restante refere-se a compromissos com instituições financeiras como Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Banco Mundial.

Segundo Sérvulo, o tema voltou ao debate em razão do Propag, programa que discute a renegociação desses débitos históricos. “Aquela dívida gerada lá nos anos 80 ainda persiste”, afirma.

Curto prazo está equilibrado, diz secretário

Apesar do peso da dívida consolidada, Sérvulo afirma que o Estado está hoje financeiramente equilibrado. A dívida de curto prazo, relacionada a despesas correntes, fornecedores e folha de pagamento, foi zerada. “O Estado está totalmente adimplente e paga com extremo rigor todos os seus fornecedores”, destaca.

Eventuais atrasos, segundo ele, ocorrem apenas por trâmites administrativos, como conferência de documentação e verificação da entrega de serviços.

Desafio estrutural permanece

Mesmo com o equilíbrio das contas correntes, o secretário reconhece que o passivo histórico continua sendo o principal desafio fiscal de Goiás. A renegociação com a União é considerada essencial para reduzir a pressão sobre o orçamento estadual e ampliar a capacidade de investimento.

Leia também:

Francisco Sérvulo: “Daniel Vilela vai herdar um Estado com as finanças em ordem e as principais reformas estruturais realizadas”

Entre unidade governista e risco de ‘chapa da morte’: federação UB-PP redefine cenário político em Goiás e do Brasil

Relator da dosimetria no Senado volta a defender anistia e critica STF