Selic deve ficar abaixo dos 12% até o fim do ano, preveem especialistas

04 agosto 2023 às 07h56

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O Banco Central (Bacen) deu início a um ciclo de redução na Selic, a taxa básica de juros do país, que foi diminuída para 13,25% na última quarta-feira, 2. Diante do cenário, especialistas fazem prognósticos de que a queda poderá ser ainda mais acentuada, chegando a menos de 12% até o final de 2022. Quando os juros sobem, fica mais caro para famílias e empresas emprestarem dinheiro para consumir e investir. Quando os juros caem, como agora, é esperado efeito contrário.
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A taxa básica de juros é o principal instrumento usado pelo Banco Central para controlar a inflação, ao influenciar o nível de todas as demais taxas praticadas no mercado. De acordo com José Júlio Senna, líder do Centro de Estudos Monetários do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), o Comitê de Política Monetária do Bacen (Copom) está tomando a direção apropriada ao indicar que planeja implementar novos cortes de 0,5 ponto percentual nas “próximas reuniões” para ajustar a taxa.
Segundo Senna, a redução da Selic pode parecer incompatível com um ambiente de incerteza econômica considerável como o presente, caracterizado por inflação elevada em diversos países. No entanto, ele justifica a redução como uma medida para conter um possível entusiasmo exagerado por parte dos investidores, a fim de “regular” o mercado em outro aspecto.
Senna explicou: “O início de um ciclo de diminuição dos juros geralmente gera um certo otimismo. As taxas de juros mais baixas trazem alegria, facilitam investimentos em ações e impulsionam os preços dos títulos de dívida, com expectativas de lucros substanciais. Os participantes do mercado ficam ávidos por uma trajetória descendente nas taxas de juros.”
Além disso, Senna destacou o fato de que, na decisão de sinalizar novos cortes de 0,5 ponto, o Copom alcançou um consenso unânime, enquanto houve divisões entre os diretores do Banco Central em relação à escolha entre um corte inicial de 0,25 ou 0,50 ponto.
Senna enfatizou: “Evitar o entusiasmo é benéfico, pois, com ele, as taxas de juros de mercado podem declinar significativamente, e isso não é desejável para quem está combatendo a inflação.”
Outros economistas e analistas de mercado também consideraram acertada a possibilidade de o Bacen intensificar o ritmo de corte da Selic. O economista-chefe do Citi no Brasil, Leonardo Porto, expressou à Bloomberg que espera que a instituição acelere a redução dos juros e, eventualmente, leve a Selic a um patamar inferior ao que estava sendo projetado pelo mercado.
Com a Selic mais baixa é hora de comprar um imóvel?
Especialistas dizem que a redução não tem efeito imediato, podendo levar até três meses para os juros do crédito imobiliário caírem em função de cortes na Selic anteriores. Se a queda para 12% se confirmar, especialistas estimam que o crédito imobiliário pode cair entre 0,75 e 1 ponto, acompanhando os quase 2 pontos de queda da Selic até o final do ano.
Então seria preciso esperar?
Caso surja uma boa oportunidade para comprar um imóvel, é melhor fazê-lo, explicam os especialistas. Isso porque, com a queda da Selic e a melhora esperada na atividade econômica, deve aumentar também a demanda por imóveis, o que pode levar a uma alta de preços das propriedades.
Outro fator seria a disponibilidade de recursos na poupança. Explica-se que quedas maiores da Selic podem retirar recursos da poupança, devido à perda de rentabilidade e maior atratividade de investimentos de renda variável. E, isso pode diminuir a oferta de crédito imobiliário, pressionando as taxas.