Dias após o anúncio do rombo financeiro bilionário de R$ 43 bilhões nas lojas Americanas, muitos consumidores ficaram na esperança de haver grandes promoções, mas a realidade está diferente. Em uma visita feita pelo Jornal Opção, em duas grandes filiais de Goiânia, o funcionamento continua normal e os preços continuam sem grandes diferenças.

Na primeira loja visitada havia poucos clientes circulando e uma pequena fila para os caixas de pagamento. Foi possível observar algumas prateleiras sem mercadoria, no entanto, os funcionários estavam repondo os produtos. Já na segunda o funcionamento estava normal. As prateleiras estavam cheias, muitas pessoas nos corredores e na fila dos caixas.

Uma cliente no local afirmou que não sentiu muitas diferenças após as notícias do prejuízo financeiro, e que as prateleiras vazias é algo comum daquela filial. “Sempre acontece de estar mais vazia nos períodos que costumo vir, então considero normal”, disse.

Rombo

A dívida da Americanas é uma conta com muitos “zeros”. A própria empresa admite que são R$ 43 bilhões, bem maior que os R$ 20 bilhões anunciados inicialmente. Mas o que é esse rombo? Quanto a companhia deve e para quem?

Basicamente, o rombo veio com um problema de registro das dívidas que a companhia tinha com os fornecedores e os bancos. Na operação, a empresa compra mercadoria dos fornecedores e, antes da venda, ela quita essa dívida com um empréstimo do banco.

Com isso, o fornecedor recebe e a companhia paga depois a instituição bancária com os juros. Isso é legal. O problema foi na hora de registrar essas dívidas.

Em vez de registrar a dívida financeira, a Americanas registrava no balanço a dívida com o fornecedor – que não tinha juros. E isso ao longo de vários anos, o que causou o rombo bilionário na companhia.
Muitas dívidas da Americanas têm, em contrato, condições variáveis, e isso piora sua situação. O juro cresceu e os prazos diminuíram e, assim, a conta chegou aos R$ 43 bilhões.

Credores

A Americanas deve toda essa quantia para 16 mil credores, entre eles empresas, bancos e até pessoas físicas. Ao todo, 30% da companhia é composto por um grupo de três acionistas: Carlos Alberto Sicupira, Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles.

Quando a crise estourou, os três empresários famosos chegaram a negociar com bancos e ofereceram R$ 6 bilhões para reforçar a empresa. Mas os bancos acharam pouco. Queriam pelo menos R$ 10 bilhões para começar a conversar, e as partes não chegaram a um acordo.

Vale ressaltar que grandes fundos de investimento são credores da Americanas, como o Black Rock – o maior do mundo -, mas também tem muito investidor pequeno envolvido na história. Dos grandões até quem tem pouco caixa, são cerca de 140 mil investidores.