Incertezas no cenário eleitoral podem gerar riscos e oportunidades para investimentos
28 julho 2022 às 10h20
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As indefinições do cenário eleitoral podem deixar o mercado financeiro confuso para quem deseja fazer investimentos. Entretanto, o sócio-fundador do Hub do Investidor, Ricardo Penha, vê a situação como uma possibilidade. “Os momentos de incertezas são grandes geradores de oportunidades, enquanto pessoas físicas fogem da bolsa por medo das eleições ou de recessão global, os investidores ‘smart money’ (dinheiro inteligente) seguem comprando”, contou o especialista.
De acordo com Penha, o mercado financeiro funciona como um pêndulo, indo de muito otimista para bem pessimista, e quem conseguir ficar do lado oposto pode ser recompensado. “O investidor precisa dominar as variáveis que ele pode ter domínio, se o candidato A ou B vai ganhar, ninguém tem a resposta, mas ele pode comprar uma ação por um preço que mesmo que o pior cenário político aconteça, ele ganhe dinheiro”, explica. Ele acrescenta que a bolsa atualmente tem um preço parecido com a de 2002, mas vê um momento muito melhor economicamente.
Com base no resultado para a corrida presidencial, Ricardo aponta que a bolsa poderá subir com juros menores, caso haja uma agenda de agenda de reforma, ou, cair com um governo mais populista e que aumente os gastos, o que aumentaria a taxa Selic e a inflação.
“Se o Bolsonaro ganhar e tivermos a manutenção das pessoas e visão no Ministério da Economia, podemos sonhar com uma alta substancial nas ações de estatais, por outro lado, se ele ganhar e entregar esse ministério para o ‘centrão’, podemos perder o pouco da heterodoxia que ainda temos e medidas populistas ganharem tração. Já no cenário de vitória do ex-presidente Lula, a dificuldade é entender se ele será o de 2002 ou de 2006, o seu primeiro mandato foi marcado pela manutenção da política econômica do governo de Fernando Henrique Cardoso, já o de 2006 foi mais ‘gastão’ e intervencionista”, afirmou.
Independente do resultado, o especialista classificou os setores de saneamento e da energia, além dos commodities, como os que oscilam menos durante as eleições. “Não é à toa que o agronegócio cresce em praticamente todas as janelas de tempo analisadas. As ações ligadas ao segmento tendem a descorrelacionar, dado que dependem muito pouco do ambiente Brasil e mais do preço dos produtos vendidos”, justificou Penha.
Entretanto, o sócio do Hub do Investidor ainda ressalta que existem cuidados para investir e que é importante se concentrar no plano de investimento, sem ser ganancioso ou se contaminar pelo humor do ambiente. Ele também destaca que é necessário ter tempo para a atividade e para se informar bem a respeito, além de não gastar mais dinheiro do que tem.
“O risco que eu tomo não é o mesmo que o seu, que não é o mesmo da minha mãe, cada investidor tem seu perfil, necessidades e objetivos e o que vai ajudá-lo a tomar o risco correto é a alocação de ativos. Se o investidor tem isso muito bem definido, ele pode sair de uma alocação neutra e ser mais agressivo em uma ou mais classes de ativo”, explicou Ricardo.