Mais de 2,3 milhões de goianos estão endividados, o que corresponde a 42,47% da população adulta do estado. Goiás lidera a região Centro-Oeste em número de inadimplentes, acumulando R$ 12,9 bilhões em dívidas em aberto, de acordo com o Mapa da Inadimplência e Renegociação de Dívidas da Serasa.

A faixa etária de 26 a 40 anos é a mais representativa entre os endividados, compreendendo 36% do total. As dívidas estão majoritariamente concentradas em três setores: bancos e cartões, responsáveis por 29,51% das dívidas; financeiras, com 16,71%; e contas básicas de água, luz e gás, que somam 16,27%.

Quanto à distribuição por faixa etária, os inadimplentes de Goiás são predominantemente adultos de 26 a 40 anos, correspondendo a 35,5% do total. Em seguida, estão os indivíduos de 41 a 60 anos, com 34,6%, e os acima de 60 anos, com 16,4%.

Adriana Pereira de Sousa, professora do curso de Ciências Econômicas da Universidade Estadual de Goiás (UEG) e Economista Chefe da A3S Economia, explica que a inadimplência frequentemente está relacionada à falta de planejamento financeiro. Esse planejamento deve considerar o nível de renda atual, as despesas diárias, as dívidas já adquiridas e a capacidade de pagamento. Segundo a especialista, isso não depende do nível de renda; qualquer pessoa que não planeje suas finanças adequadamente corre o risco de se endividar e se tornar inadimplente.

A professora de economia destaca que “a dificuldade em definir um plano de ação financeiro eficiente, que leve em conta o nível de renda, o estilo de vida e as metas futuras, e especialmente a falta de uma reserva financeira para enfrentar crises, como demissões inesperadas ou problemas de saúde, pode prejudicar significativamente as finanças de qualquer indivíduo.”

Adriana Pereira de Sousa é professora do curso de Ciências Econômicas da UEG l Foto: Arquivo pessoal

Adriana alerta também para o consumismo excessivo. “Realizar compras acima da capacidade de pagamento leva as pessoas a se endividarem. Não conseguir quitar essas dívidas no prazo estabelecido resulta em inadimplência. Esse endividamento pode ocorrer devido ao uso não planejado do cartão de crédito ou à contratação de empréstimos de longo prazo, como o crédito consignado ou empréstimos pessoais.”

Ela ressalta que a inadimplência é prejudicial para o crescimento econômico, pois compromete a capacidade de compra. Além disso, o aumento da inadimplência gera incertezas, levando os credores a restringirem a concessão de crédito e a aumentar os juros. “Sem acesso ao crédito e com a renda comprometida por dívidas, a população reduz sua capacidade de consumo, afetando negativamente as vendas e podendo causar uma redução na produção e aumento do desemprego. Portanto, o endividamento elevado e a inadimplência são prejudiciais para a economia como um todo.”

Para evitar a inadimplência, a especialista oferece alguns conselhos aos consumidores: “Primeiro, é necessário fazer uma análise completa do estilo de vida, considerar a renda, identificar os principais gastos e elaborar um plano de receitas e despesas, distinguindo entre gastos essenciais e não essenciais. Além disso, é importante estabelecer metas de consumo compatíveis com o orçamento e reservar um valor mensalmente para uma reserva financeira.”

Ela também enfatiza a importância de conhecer e priorizar os objetivos pessoais, reduzir os gastos não essenciais sempre que possível, buscar novas fontes de renda e manter uma reserva financeira.

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Impacto nas vendas

Segundo o presidente do Sindicato do Comércio Varejista do Estado (Sindilojas-GO), Cristiano Caixeta, este alto índice de inadimplência causa um grande transtorno para os lojistas. Isso ocorre porque as empresas que oferecem crediário próprio evitam vender no carnê para clientes que já estão devendo ou são inadimplentes.

Além disso, quem está inadimplente tem dificuldade em obter um cartão de crédito, um dos principais meios de venda, e, consequentemente, acaba não realizando compras. “Este é um dos principais motivos para a queda nas vendas, um problema que vem se intensificando desde pouco antes da Black Friday”, ressalta Caixeta.

Contudo, ele assegura que os lojistas estão sempre dispostos a negociar, pois precisam receber para retomar as vendas. “As negociações frequentemente resultam em uma significativa redução nos juros. Eu mesmo isento os encargos para receber apenas o valor principal e ainda ofereço parcelamento”, relata o presidente do Sindilojas.

Cristiano Caixeta também destaca a importância da qualificação dos funcionários encarregados pela concessão de crédito nas lojas e da educação financeira da sociedade, visando evitar excessos e a inadimplência. O número de inadimplentes no país aumentou no primeiro mês deste ano, atingindo 72,07 milhões, um crescimento de 2,82% em relação ao mesmo período de 2023.

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