A produção de hidrogênio verde enfrenta desafios significativos devido à falta de financiamento, comprometendo o avanço desse combustível considerado essencial para a descarbonização da economia global. Embora empresas estejam firmando contratos com clientes potenciais, a maioria delas ainda não consegue garantir vendas efetivas. De acordo com a BloombergNEF, apenas 12% das empresas do setor possuem acordos confirmados.

O hidrogênio é considerado verde apenas quando é produzido por meio de fontes renováveis, como a energia eólica e solar. Atualmente, a maior parte do hidrogênio utilizado no mundo é derivada do gás natural, um processo poluente. O método mais comum para a produção de hidrogênio verde é a eletrólise, que separa as moléculas de água (H2O) em hidrogênio (H2) e oxigênio (O2).

Importância na Luta Contra as Mudanças Climáticas

 A incerteza e a falta de financiamento mantêm a produção de hidrogênio verde em níveis baixos. Para muitos analistas, o hidrogênio é a única solução viável para descarbonizar indústrias pesadas, como a produção de aço e o transporte marítimo, que não podem ser facilmente eletrificadas. Além disso, algumas montadoras veem o hidrogênio como uma alternativa promissora aos carros totalmente elétricos.

Segundo a BloombergNEF, para neutralizar as emissões de carbono globalmente, será necessário utilizar cerca de 390 milhões de toneladas de hidrogênio por ano até 2050, o que representa quatro vezes o volume atual.

Desafios na Infraestrutura

Um dos principais obstáculos para a expansão da produção de hidrogênio verde é a falta de infraestrutura adequada para escoamento e distribuição. Muitos potenciais clientes estão adiando suas encomendas devido à necessidade de modernizar suas instalações para utilizar o combustível. Sem esses pedidos, os projetos bilionários não avançam, uma vez que o custo de produção do hidrogênio verde é quatro vezes maior do que o do hidrogênio tradicional.

Analistas da Bloomberg apontam que os projetos com maior chance de sucesso são aqueles localizados próximos a fontes de energia limpa e a seus clientes. Um exemplo bem-sucedido é a siderúrgica H2 Green Steel, na Suécia, que garantiu US$ 6,9 bilhões para a produção de aço verde, com energia fornecida por hidrelétricas locais e parte das vendas já asseguradas para a Mercedes-Benz.

O Papel do Brasil no Cenário Global

 O Brasil tem se posicionado como um potencial líder na produção de hidrogênio verde, devido à sua grande capacidade de gerar energia renovável. O Nordeste do país, em particular, tem o objetivo de se tornar um polo produtor, aproveitando seu alto potencial para energia solar e eólica e sua localização estratégica em relação à Europa.

A BloombergNEF prevê que o Brasil poderá ser um dos poucos países capazes de oferecer hidrogênio verde a um custo inferior a US$ 1 por quilo até 2030. No entanto, para que esse cenário se concretize, o país precisará investir cerca de US$ 200 bilhões até 2040 em infraestrutura e indústria, segundo a McKinsey.

Incentivos e Avanços Legislativos

Na segunda-feira, 12, a Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que cria incentivos fiscais para projetos de hidrogênio verde. A iniciativa prevê subsídios e descontos no imposto CSLL para empresas do setor. Um levantamento da Folha estima que mais de R$ 180 bilhões em investimentos já foram anunciados por empresas privadas, como Qair, Shell e Fortescue. Contudo, apesar dos anúncios, a maioria dos projetos ainda não saiu do papel, e o hidrogênio verde permanece distante da produção em massa.

Economia Brasileira Mostra Sinais de Recuperação

Em outro cenário econômico, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo revisará para cima a estimativa de crescimento do PIB brasileiro em 2024, atualmente projetada em 2,5%. A economia brasileira encerrou 2023 com um PIB de R$ 10,9 trilhões, superando as expectativas dos últimos anos. Segundo Haddad, é hora de “virar a página” de uma década marcada por crises e baixo crescimento.

Analistas divergem sobre as causas da recente expansão econômica, com alguns apontando para grandes gastos governamentais e outros destacando melhorias na produtividade e na absorção de mão de obra. A previsão do economista David Beker, do Bank of America, é de um crescimento de 2,7% para 2024, alinhando-se com uma visão mais otimista sobre o futuro da economia brasileira. As informações são da Folha de S.Paulo.

Leia também:

Haddad anuncia bloqueio de R$ 11,2 bilhões do orçamento e contingenciamento de R$ 3,8 bi

“Mandataxar”: confira memes que internautas fizeram sobre Fernando Haddad

Governo Federal aceita negociar dívidas dos estados; Goiás pode economizar R$ 1 bi