Consultor dá dicas de como evitar o endividamento familiar; confira
14 abril 2023 às 19h49
COMPARTILHAR
Com a mesma tendência dos meses anteriores, março registrou 78,3% de famílias brasileiras inadimplentes. O percentual foi o mesmo de fevereiro. Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A maior dívida está concentrada na fatura do cartão de crédito.
Especialista sugere que os consumidores se conscientizem e busquem um melhor comportamento nos gastos do orçamento familiar. “A pessoa precisa ter clareza do que ela está gastando no dia a dia”, alerta o consultor de assuntos relacionados a investimentos da Federação do Comércio de Goiás (Fecomércio), Bruno Ribeiro.
Vilão do endividamento, o conselho é utilizar o cartão de crédito com mais cautela. Uma vez que o mecanismo de compra parcelada ou que permite postergar uma dívida mais para frente, em alguns casos para 40 dias, muitas vezes é confundido como uma renda extra. “Ao utilizar o cartão de crédito, a pessoa primeiro precisa ter uma consciência do tanto que são nefastos os juros cobrados. Se for uma dívida de R$ 5 mil, em pouco mais de 5 anos, já avança para a casa dos milhões”, projeta o consultor.
A gente tem hoje uma proporção mais alta de dívidas entre pessoas com faixa salarial mais baixa
Economista Izis Ferreira
Ribeiro aconselha que a melhor maneira de sair do endividamento é o planejamento, sendo sugerido o uso da antiga anotação. “Utilizar uma planilha ou programas de computadores, de celulares e apps. Isso aí é muito importante. Pode parecer um detalhe meio renegado, mas isso dá uma certa clareza de como está sendo gasto o dinheiro”, enfatiza. Segundo ele, os registros de despesas permitem apontar quais itens podem ser cortados do orçamento, por exemplo. “Isso é um aspecto fundamental para o controle financeiro”, acrescenta.
Três dicas do consultor para uma saúde financeira
1 – Melhorar o comportamento sobre as compras: não utilizar o cartão de crédito como uma segunda renda;
2 – Utilizar o cartão de crédito para despesas que são imprescindíveis, como compra de casa e abastecimento do carro. Jamais para produtos de desejos;
3 – Parcelamentos: a melhor maneira para adquirir móveis e eletrodomésticos é a compra feita à vista, buscando juntar o dinheiro por meio da economia mensal; isso porque os juros no Brasil são bastante altos.
Endividamento recorde
Do total de endividados, 17,1% dos entrevistados no levantamento informaram que estão “muito endividados”. Para se ter ideia, o índice de famílias com alguma dívida relacionada ao cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e de habitação chegou a 79% em outubro e novembro do ano passado. Ou seja, o número é alto e não tem se alterado neste ano.
A economista responsável pela pesquisa, Izis Ferreira, mostrou preocupação em relação ao percentual, pois isso vem comprometendo a renda dos brasileiros. “A gente tem hoje uma proporção mais alta de dívidas entre pessoas com faixa salarial mais baixa. No pós-pandemia, no entanto, também cresce o endividamento para todos os grupos de renda, até mais para as famílias de maior aquisitivo, porque as pessoas foram retomando o consumo de itens e serviços, pagos geralmente pela modalidade cartão de crédito”, pontua.
Nesse cenário, aqueles com dívidas atrasadas há mais tempo, enfrentam mais dificuldade para sair da inadimplência. Isso por causa dos juros altos. Assim, nessa situação, a proporção de consumidores atingiu 11,5% em março. Com uma leve queda de um ponto percentual em relação ao mês anterior. Porém, ficou como o maior nível desde novembro de 2020, em comparação à média trimestral.
Outra grave preocupação é acerca do endividamento das mulheres. De acordo com a pesquisa, em média, 79,7% delas haviam contraído dívidas em março, contra 77,1% dos homens. No entanto, o grupo feminino quitou os débitos em 62 dias e os homens 65 dias, em média.
Apesar de renegociações das dívidas com as instituições financeiras, a cada cem consumidores inadimplentes, 45 estavam registrados em março com dívidas atrasadas por mais de 90 dias. Já o tempo médio de atraso nos pagamentos somaram 62,6 dias.