Com preço acima da média nacional, Goiás é responsável por comprar a gasolina mais cara do país
29 dezembro 2022 às 16h21

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Responsável por ter o 8º combustível mais caro do país entre os 26 estados brasileiros, com um preço médio de R$ 5,06, em Goiânia, Goiás figura como o estado que compra a gasolina mais cara do Brasil.
O valor do produto enviado pela Petrobras chega aos dutos do Terminal de Senador Canedo a R$ 3,22 (sem impostos). O valor é R$ 04 centavos mais alto do que o vendido a Minas Gerais (R$ 3,18), responsável por comprar a segunda gasolina mais cara. Se comparado à média nacional (R$ 3,08), o preço pago por Goiás é 4,5% maior.
Devido ao preço e aos impostos sobre a gasolina, o valor do combustível na capital também é 2,6% maior do que a média nacional da Petrobras, na casa dos R$ 4,93, que fica disponível no site da estatal.
Segundo o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado (Sindiposto-GO), Márcio Andrade, a Petrobras não pratica um preço único, motivo pelo qual Goiás comercializa os combustíveis acima de outros estados .
“Não temos uma explicação por parte da Petrobras. Goiás é o mais caro do Brasil, mesmo estando centralizado, de fácil acesso. Em tese, é o frete mais barato que tem. Eles são muito difíceis de atender às perguntas dos postos, até porque, não tem interesse. Para os empresários isso é uma injustiça” explica.
Impacto
Com o alto valor, o consumidor tem sofrido para conseguir colocar o carro nas ruas. O empresário, Eli José, de 59 anos, que o diga. Ele diz que tem gastado cerca de R$ 100 reais de gasolina por dia, visto que dirige o dia todo buscando serviços para a sua empresa de pneus. Porém, afirma que grande parte do lucro fica nos postos de combustível.
“Antes eu gastava em média uns R$ 50 reais de combustível por dia e andava bastante. Hoje eu coloco R$ 100 todo dia e não rende. O meu trabalho é dirigir, tenho que ir para a rua buscar trabalho. O problema é que o lucro está ficando quase todo na gasolina. Está muito caro, não dá pra andar à toa não. É do trabalho pra casa e da casa para o trabalho. Vai no posto é coloca R$ 20 de petróleo para você ver, o ponteiro nem mexe”, brincou.
Motorista de aplicativos sofrem
Quem mais sofre com o preço dos combustíveis, no entanto, são os motoristas de aplicativo, que assim como Eli, dependem do produto para trabalhar. Em meio a preços exorbitantes, a categoria tem abandonado o trabalho por não conseguir se manter.
O Vice-Presidente da Associação dos Motoristas de Aplicativos do Estado de Goiás (AMAGO), Rodrigo Vaz, explica que no início do ano, apenas Goiânia contava com 40 mil motoristas de aplicativo, mas que esse número caiu para menos de 15 mil, que ainda insistem na categoria por não ter outra fonte de renda.
“Os motoristas de aplicativos estão indignados com o preço do combustível, os que dependem da moto, do carro para trabalhar. O motorista não tem mais como tirar a sua renda. Não tem como trabalhar com o carro e tirar algum lucro. Ainda estão rodando por não ter outro emprego”, concluiu.
Preço
O economista, Luiz Carlos Ongaratto, explica que a Petrobras trabalha com quatro variáveis que atingem diretamente o preço final dos produtos, como o preço do dólar, do bário de petróleo no mercado internacional, a logística de trazer o petróleo para o Brasil e o seguro pago pela estatal para transportar o produto.
Ainda de acordo com o economista, outros fatores também ajudam a elevar o preço dos combustíveis, como o (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) estadual.
“O que pesa para Goiás e a Petrobras. Se a gente tivesse o mesmo custo de outros estados como São Paulo e Rio Grande do Norte, a gente teria uma gasolina bem mais barata. Talvez, uns R$ 0,30 ou R$ 0,40 centavos mais barato”, concluiu.
Em nota, a Petrobras informou que não é responsável pelo preço final dos combustíveis. Eles reafirmaram que até chegar ao consumidor, a gasolina passa por acrescidos tributos, além de custos para aquisição e mistura obrigatória de etanol anidro, fora os custos e margens das companhias distribuidoras e dos revendedores.