O PIB per capita do Brasil deve, em 2024, superar o pico registrado em 2013 e fechar o ano em R$ 52.344, representando um aumento de 2,1% em relação ao ano anterior. Caso o crescimento do PIB atinja 2,5%, o indicador per capita alcançará seu maior valor histórico, segundo Claudio Considera, coordenador do Núcleo de Contas Nacionais do FGV IBRE, responsável pelos cálculos. A estimativa considera as novas projeções populacionais do IBGE, que indicam um ritmo mais brando de crescimento demográfico.

Projeções ainda mais otimistas apontam para um crescimento superior a 2,5%. O boletim Focus, do Banco Central, prevê uma alta de 2,96% no PIB, enquanto a Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda elevou sua projeção para 3,2% em 2024.

O secretário de Política Econômica, Guilherme Mello, destacou que o crescimento da economia está disseminado em vários setores, impulsionado não apenas por medidas fiscais, mas também pelo aumento do crédito e dos investimentos. “Não é só o impulso fiscal que tem movimentado a economia, o mercado de crédito, por exemplo, cresce a um ritmo bastante forte, mesmo com taxas de juros ainda bastante restritivas, e o volume de investimentos também tem crescido”, afirmou Mello.

Entenda a projeção

O PIB per capita, que divide o PIB pelo número de habitantes, indica quanto caberia a cada indivíduo se a riqueza fosse distribuída igualmente. Embora não seja um indicador perfeito por não considerar a distribuição de renda, ele oferece uma visão importante do bem-estar econômico de um país. Segundo Claudio Considera, do FGV IBRE, “as previsões pessimistas sobre a economia brasileira têm sido desmentidas a cada novo anúncio trimestral do IBGE”, com o PIB crescendo continuamente desde 2020, após o fim da pandemia.

No segundo trimestre de 2024, o PIB subiu 1,4%, impulsionado pelo consumo das famílias e do governo, além de um aumento de 2,1% nos investimentos, apesar da contribuição negativa do setor externo, onde as importações superaram as exportações.

Analistas apontam que o consumo foi impulsionado pelo aumento da renda no período, além de um mercado de trabalho aquecido e transferências governamentais. A combinação do crescimento econômico e o ritmo mais brando de transição demográfica deve permitir que o PIB per capita de 2024 supere o pico anterior de R$ 51.825, registrado em 2013.

Segundo Considera, o Brasil apresentou apenas seis taxas negativas de PIB per capita em 24 anos, com exceção da recessão de 2014-2016, que ele atribui a um “brutal erro de política econômica”, enquanto as demais crises foram superadas com resiliência pela economia brasileira.