Campos Neto, presidente do BC, pode ser investigado pelo TCU
25 julho 2023 às 06h46
COMPARTILHAR
O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (MPTCU) encaminhou, nesta segunda-feira, 24, requerimento para que a Corte de Contas investigue o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. O pedido surge após o presidente do BC afirmar em entrevista, na quinta-feira, 20, que planeja terceirizar a gestão de ativos do banco a agentes do mercado privado.
O órgão fiscalizador entendeu que a possível terceirização da gestão de parte dos ativos da reserva financeira internacional do Brasil coloca em risco a capacidade brasileira de honrar seus compromissos financeiros. Por isso, o subprocurador-geral do MPTCU, Lucas Rocha Furtado, argumentou que uma medida cautelar deve ser instaurada para proteger os bens da autoridade monetária de seu próprio presidente.
“A polêmica em torno da possível terceirização da gestão de parte dos ativos da reserva financeira internacional do Brasil gira em torno da responsabilidade sobre um recurso público estratégico, haja vista que as reservas internacionais representam o saldo acumulado, em moeda estrangeira, das transações do Brasil com o exterior”, afirma Furtado.
Uma cópia do requerimento foi enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Ministério Público Federal (MPF) para que também tomem as medidas cabíveis, para que possam tomar providências.
A partir do recebimento da denúncia, o TCU autuará um processo e sorteará um relator. Posteriormente, a área técnica analisará a admissibilidade da representação e o mérito será avaliado pelos ministros. Não há um prazo definido para a matéria ir ao plenário.
Entrevista de Campos
Campos Neto, durante entrevista ao canal no YouTube da consultoria de investimentos Black Rock Brasil, na semana passada, afirmou que existe um plano para efetuar uma gestão terceirizada de ativos que o BC não conhece as especificidades. Essa estratégia teria como objetivo aprender a administração desses novos investimentos para, posteriormente, assumir o controle da gestão desses ativos.
Leia também:
Campos Neto é eleito presidente do ano de bancos centrais da América Latina
Everaldo Leite: “Lula e Campos Neto precisam se sentar à mesa para discutir os juros”