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Uma auditoria do Banco Central identificou irregularidades na venda de ativos realizada desde o fim do ano passado pelo Master para o BRB, o que pode inviabilizar a negociação para aquisição de 58% do banco controlado por Daniel Vorcaro pelo Banco de Brasília. A operação envolve 100% das ações preferenciais e 49% das ações ordinárias.

As descobertas colocam em risco a conclusão do negócio, que estava em fase final e cuja aprovação pelo BC era considerada certa. Avaliada em R$ 2 bilhões, a transação, anunciada no fim de março, é considerada uma das mais polêmicas do mercado financeiro nas últimas décadas.

Duas semanas atrás, o Cade aprovou a operação sem restrições. Enquanto o Cade analisa os aspectos concorrenciais do negócio, cabe ao BC avaliar a operação sob o ponto de vista regulatório — e a venda dos ativos do Master ao BRB não foi objeto da análise do órgão antitruste.

Crise por trás da compra

No início de maio de 2025, a Justiça do Distrito Federal reverteu uma liminar que proibia a compra de 58% do Banco Master pelo Banco de Brasília (BRB), administrado pelo Governo do Distrito Federal, pela falta da aprovação do Banco Central (BC). Na época, o contexto da compra era nebuloso visto que a situação financeira do Master representava um possível risco aos 8 milhões de correntistas do BRB com a fusão das instituições. 

O motivo que preocupa investidores e legisladores em Brasília é a aposta alta na compra de uma instituição com histórico de crescimento contenciosos e agressivo no mercado financeiro. Segundo os relatórios financeiros da instituições, as contas do Banco Master cresceram exponencialmente com o uso de ativos de alto risco de precatórios do governo, como garantias para emitir créditos de até 140% do Certificado de Depósito Interbancário (CDI), um valor elevado em comparação a média de 100 a 120% do utilizado por outras companhias. 

Os créditos emitidos através dos Certificados de Depósitos Bancários (CDB) são distribuídos para clientes e corretoras que oferecem operações financeiras com o crédito do banco, como as corretoras XP e BTG Pactual. Já os precatórios são dívidas do governo reconhecidas pela Justiça, mas que podem levar anos para serem pagas, dependendo de decisões orçamentárias e políticas. No universo corporativo, são investimentos de alto risco porque podem demorar anos para serem devidamente pagos. Em 2025, o Ministério da Fazenda afirmou que R$ 70 bilhões seriam pagos em precatórios do governo.