O governo canadense enfrenta uma intensa controvérsia após ordenar o abate de mais de 400 avestruzes em uma fazenda localizada próxima a Edgewood, na Colúmbia Britânica, como medida para conter um surto de gripe aviária H5N1. A decisão, tomada em maio por autoridades de inspeção agropecuária, visa impedir a propagação do vírus para outras espécies, indústrias avícolas e até seres humanos.

Desde então, a Universal Ostrich Farms tornou-se o epicentro de protestos, ameaças e uma batalha jurídica que mobiliza defensores dos animais, ativistas políticos e até figuras públicas dos Estados Unidos.

A medida foi motivada pela morte de 69 aves infectadas por uma doença semelhante à gripe, mas os proprietários da fazenda, Karen Esperson e sua filha Katie Pasitney, alegam que os demais animais estão saudáveis e que não há registros de novas mortes desde janeiro. Eles defendem que o rebanho desenvolveu imunidade coletiva e exigem novos testes antes de qualquer ação drástica.

A resistência das proprietárias culminou em sua detenção por obstrução à fiscalização, enquanto a polícia cercava o local e impedia o acesso de civis. A fazenda passou a ser administrada temporariamente pelo governo federal, após uma liminar judicial autorizar a posse do terreno.

A operação provocou uma onda de indignação. Manifestantes atearam fogo em palha próxima ao recinto dos avestruzes, em um ato simbólico rapidamente controlado pelos bombeiros. Grupos de defesa animal e opositores ao governo acusam as autoridades de abuso de poder sanitário e questionam a legitimidade da intervenção. O caso ganhou repercussão internacional, com políticos norte-americanos se manifestando contra o abate.

Apesar da pressão popular, decisões judiciais anteriores validaram a atuação da inspeção federal como necessária para proteger a saúde pública. No entanto, a Suprema Corte canadense suspendeu temporariamente a liminar que autorizava o controle da fazenda, reacendendo o debate sobre os limites da ação estatal em situações de emergência sanitária.

Leia também:

Veja quem é o homem que tentou invadir o STF com uma faca

MP-GO cobra ação imediata de Rio Verde para garantir acessibilidade no transporte coletivo

6 países em que o turismo é quase impossível para brasileiros