Roupa branca e outros costumes de Ano Novo tem origem em religiões de matriz africana
31 dezembro 2022 às 07h20

COMPARTILHAR
As tradições das religiões de matriz africana estão extremamente ligadas ao cotidiano dos brasileiros. Por exemplo, inúmeros costumes de fim de ano fazem parte das celebrações de Ano Novo da cultura afro-brasileira. Pensando nisso, o Jornal Opção conversou com o Salmo Vieira, presidente da Federação de Umbanda e Candomblé do Estado de Goiás (FUCEG).
“Muito do que fazemos no dia-a-dia possui bases nos costumes das tradições de matrizes africanas”, contou o presidente, também conhecido como Salmo do Ogum. Apesar da presença marcante, ele destaca que muitas vezes, as pessoas possuem receios de adentrar mais à fundo nas práticas com origem africana, devido a preconceito e perseguição histórica. O cenário, porém, tem melhorado, graças à propagação do conhecimento de práticas como umbanda e candomblé, por exemplo.
“Acaba que essa pessoa, mesmo que não seja adepta, procura uma orientação para alguma situação que esteja vivendo e vai em um terreiro de Umbanda ou de Candomblé”, destacou Salmo. “Pode ser apenas um simpatizante ou um curioso, mas acaba levando para a sua vida o que é falado. Através da curiosidade, ela acaba tomando para si alguns costumes dos adeptos da religião de matriz africana”.
Tradições
Uma tradição das principais tradições de fim de ano para brasileiros tem origem nas práticas religiosas afro-brasileiras. O uso da roupa branca passou a ficar mais comum no Brasil em meados da década de 70, por conta de festividades em louvor a Iemanjá – orixá associada aos mares –, especialmente em locais como Rio de Janeiro e Salvador, na Bahia.
Originalmente, o Dia de Iemanjá é celebrado em 2 de fevereiro, mas seguidores passaram a incorporar a tradição no fim ano. O mesmo ocorreu com outros hábitos da festividade, como os tradicionais pulinhos de onda para quem passa a virada do ano na beira da praia. Segundo o presidente da FUCEG, esse costume serve para pedir boa sorte para o próximo ano para Iemanjá, uma divindade das religiões de matriz africana.
“As religiões de matriz africana no estado de Goiás e no Brasil realizam homenagens a Iemanjá, a grande mãe ancestral, durante o Réveillon. Além da tradicional queima de fogos, ainda são feitas oferendas para todos os orixás”, explicou. Nas oferendas, os participantes levam comidas tradicionais, como acarajé e vatapá, por exemplo, que são benzidos e distribuídos para as pessoas presentes durante o festejo. “É uma forma de agradecer pelo ano e pedir que o próximo ano também seja próspero, com muita fartura e proteção para todos nós”, contou o líder da Federação.
1ª Festa de Iemanjá
Em Goiás, a religiosidade de matriz africana estará presente na 1ª Festa de Iemanjá, celebração de Ano Novo que reúne várias comunidades tradicionais e vertentes afro-brasileiras, em Cidade Ocidental, região no entorno do Distrito Federal. Salmo destacou ainda que o evento também terá edição em Brasília. Para o próximo ano, a expectativa é de que também ocorra em Goiânia.
O evento foi organizado pelo Coletivo Afro Cidade Ocidental e começará a partir das 20h. Confira o cronograma completo:
Cronograma:
20h – Saudação
23h – Caminhada até Orla.
00h – Entrega dos presentes para Iemanjá.
00h20 – Jantar em comemoração ao novo ano de 2023.
