*Ana Paula Drumond

Mais uma vez um time de estrela e produções disputam a estatueta mais famosa do entretenimento. A premiação do Oscar será no próximo domingo, 10, no tradicional Dolby Theatre, em Los Angeles, com início do tapete vermelho às 19h e a premiação começa às 20h (horário de Brasília). A premiação será transmitida na TNT, na TV a cabo, e no Max (antiga HBO MAX), no streaming.

Mas afinal, o que é o Oscar? Por que ele é uma premiação tão aclamada? “The Oscars” é uma honraria concebida pelos membros da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, inaugurada em 1929 com a análise de filmes de 1927 e 1928. Este prestigiado evento envolve a votação de quase 10 mil membros da Academia, todos profissionais da indústria cinematográfica, indicados por seus pares.

Os membros da Academia, selecionados mediante recomendação de dois colegas, votam conforme suas especialidades técnicas. Os indicados ao Oscar tornam-se membros sem a necessidade de recomendação. Embora a categoria comum a todos seja a de Melhor Filme e Melhor Filme Internacional, para concorrer ao Oscar, é fundamental que o filme tenha sido exibido comercialmente em Los Angeles por, no mínimo, sete dias consecutivos.

Desde a infância, acompanho entusiasticamente essa premiação, sendo uma apaixonada pelo cinema e sempre disposta a recomendar filmes de acordo com o gosto das pessoas. Identificar se a pessoa aprecia cinema como arte ou mero entretenimento é algo que faço com facilidade em uma simples conversa. Sem julgamentos, pois há espaço para tudo, mas convenhamos: o Oscar é uma celebração da arte cinematográfica, e é aí que surgem as intensas controvérsias e debates sobre os indicados.

Este ano, a competição oferece filmes para todos os gostos. A incerteza paira sobre o resultado final, seja pelos filmes extensos e bem executados como “Oppenheimer” e “Assassinos da Lua das Flores”, ou pela descontração duvidosa de “Barbie”. Além disso, há as obras peculiares como “Pobres Criaturas” e “Vidas Passadas”.

Assisti praticamente a todos os concorrentes e desenvolvi um afeto genuíno por “Pobres Criaturas”. Considero-o inventivo, divertido, sarcástico, dramático, bonito e interessante – uma obra que eu, se fosse membro da Academia, votaria sem hesitar. Destaco a maravilhosa cena de dança entre os personagens interpretados por Emma Stone e Mark Ruffalo.

Considerando outras premiações internacionais como o Bafta e o Globo de Ouro, que premiaram “Oppenheimer” como Melhor Filme, Emma Stone como Melhor Atriz por “Pobres Criaturas” e Cillian Murphy como Melhor Ator por “Oppenheimer”, minhas apostas para o Oscar coincidem com essas escolhas.

Na categoria de Melhor Ator, mesmo preferindo a atuação de Bradley Cooper em “O Maestro”, reconheço que o termômetro do Bafta e do Globo de Ouro aponta para Cillian Murphy. Em relação a Melhor Diretor, Christopher Nolan por “Oppenheimer” desponta como forte concorrente, mantendo a tradição de que o vencedor nesta categoria geralmente coincide com o Melhor Filme.

Na animação, “O Menino e a Garça” é apontado como favorito, mas confesso que meu gosto pessoal se inclina para animações mais leves, como “Nimona”, disponível na Netflix. Entre os concorrentes a Melhor Filme Internacional, destaco “Zona de Interesse” como o mais impactante, abordando uma história real e sensível relacionada ao Holocausto, o que ressoa profundamente na comunidade cinematográfica.

No que diz respeito a “Barbie”, é preciso ser franco: desenvolvi uma aversão e não consigo ignorar suas falhas. Apesar de abordar temáticas feministas de forma colorida e dinâmica, o filme, em comparação com outras produções do ano, parece simplista, longo e irritantemente focado na guerra dos sexos. A música “I’m just Ken” é o ápice do mau gosto do filme, e sua indicação para o Oscar é, para mim, um questionamento à Academia.

“O Maestro” foi uma das minhas recomendações para o ano de 2023, mas a maioria dos concorrentes ao Oscar deste ano foi lançada no Brasil entre janeiro e fevereiro. Nesse intervalo, chegaram produções como “Rustin”, “Os Rejeitados”, “Anatomia de uma Queda”, “Vidas Passadas”, “Zona de Interesse” e “Assassinos da Lua das Flores”, que superam significativamente o roteiro de “O Maestro”.

Sobre “Assassinos da Lua das Flores” de Martin Scorcese, ouvi recentemente que deveria ser dividido em dois filmes, pois aborda duas histórias distintas: a de amor e a de assassinato. Apesar de ser um bom filme, é extenso e mesclado. As atuações de Robert Deniro e Leonardo DiCaprio são sólidas, mas a indicação de Lily Gladstone é justificável, pois ela domina a tela, mesmo não sendo a protagonista. Comparando com a atuação de Emma Stone, entretanto, acredito que a última tem um desafio mais complexo.

Seguindo essa lógica, as performances de Annette Bening e Jodie Foster em “Nyad” foram excelentes, embora o filme não tenha a grandiosidade de outros concorrentes. É um filme para uma tarde descontraída, e as indicações são merecidas, especialmente considerando a atuação em produções épicas e dramaticamente intensas.

Não podemos esquecer de “Anatomia de uma Queda”, um filme que, acredito, merece uma estatueta para Melhor Roteiro Original. Este ano, a competição está acirrada, proporcionando aos cinéfilos um deleite de qualidade, beleza e entretenimento na sétima arte.