Um antigo papiro egípcio, datado de cerca de 3 mil anos, está reacendendo debates sobre possíveis conexões entre a história do Egito e os relatos bíblicos do Êxodo. Chamado de Papiro de Ipuwer, o documento descreve um cenário de calamidade que inclui frases como “o rio é sangue” e “gemidos por toda a terra”, imagens que lembram diretamente as pragas enviadas por Moisés, segundo a Bíblia. 

Preservado no Museu Nacional de Antiguidades de Leiden, na Holanda, o manuscrito é uma cópia da XIX dinastia, mas acredita-se que sua origem seja ainda mais antiga. No texto, o personagem Ipuwer lamenta o colapso da ordem egípcia, mencionando fome, morte, invasões e desastres naturais. 

Segundo o Daily Mail, estudiosos como Anne Habermehl defendem que o papiro pode ser uma evidência extra-bíblica do Êxodo, apontando paralelos como a transformação das águas, o caos social e a devastação ambiental. No entanto, o texto é poético, fragmentado e não menciona Moisés, os israelitas ou datas específicas, o que torna qualquer conexão direta altamente especulativa. 

Além disso, alguns trechos contradizem a narrativa bíblica, como a presença de estrangeiros invadindo o Egito, em vez de uma saída em massa. A datação também é alvo de controvérsias entre egiptólogos. 

Mesmo assim, o Papiro de Ipuwer continua sendo uma peça fascinante da literatura egípcia antiga, oferecendo uma janela para o modo como os egípcios percebiam crises e desastres. Seria coincidência, metáfora ou inspiração para narrativas posteriores? 

Enquanto não surgem provas arqueológicas conclusivas, o mistério permanece, e o manuscrito segue provocando reflexões sobre história, fé e literatura. 

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