Confira os 9 álbuns brasileiros que entraram na lista dos 50 melhores discos latino-americanos

25 setembro 2023 às 12h11

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Nove álbuns do cenário musical brasileiro foram incluídos na lista dos 50 melhores discos de rock latino-americanos de todos os tempos, compilada pela renomada revista norte-americana Rolling Stone. O álbum brasileiro com a classificação mais elevada nessa lista é “Clube da Esquina,” de Milton Nascimento e Lô Borges, que conquistou a quarta posição. Além disso, outros artistas brasileiros reconhecidos na lista são Raul Seixas, Mutantes, Rita Lee em carreira solo, Paralamas do Sucesso, Roberto Carlos, Tribalistas, Karnak e Los Hermanos. Confira em ordem crescente:
44 – Raul Seixas, ‘Krig-ha Bandolo!’
1973

O título enigmático faz alusão aos misteriosos gritos de batalha do herói nas tiras de quadrinhos de Tarzan. A música dentro do álbum é igualmente excêntrica: “Eu sou a mosca que pousou na sua sopa”, canta o iconoclasta Seixas na faixa “Mosca Na Sopa”, enquanto um riff desalinhado de blues-rock disputa espaço com vibrantes cantos de samba.
Depois, aparece o som folk na faixa “Metamorfose Ambulante”.
41- Rita Lee & Tutti Frutti, ‘Fruto Proibido’
1975

Após uma temporada transformadora com os ícones da Tropicália, Os Mutantes, Rita Lee passou a maior parte dos anos setenta erguendo o trono musical no qual foi justamente coroada rainha do rock brasileiro. Fruto Proibido tem suas músicas transbordando pianos de cabaré e solos de guitarra com blues. O hino é “Ovelha Negra”. Rita Lee faleceu em 2023, aos 75 anos.
34 – Os Paralamas do Sucesso, ‘Selvagem?’
1986

Foi no festival Rock in Rio de 1985 que confirmou Os Paralamas como uma das bandas brasileiras mais afiadas da década. No ano seguinte, o trio liderado pelo guitarrista/vocalista Herbert Vianna retornou com seu terceiro álbum. O ícone da MPB, Gilberto Gil, faz uma participação na faixa de abertura “Alagados”, cuja letra condena a desigualdade social e as favelas ao redor do Rio de Janeiro. A marca registrada dos Paralamas, o reggae-rock, está em pleno florescimento no chamado e resposta de “Melô do Marinheiro” e na descontraída versão da música de Tim Maia, “Você”.
29 -Los Hermanos, ‘Ventura’
2003

“Último Romance” inspira casais apaixonados nos últimos vinte anos. Escrita pelo cantor/guitarrista Rodrigo Amarante, a música descreve a devoção de um casal mais velho apaixonado, sabendo que este será o último romance deles. O terceiro álbum da banda do Rio, Ventura, foi eleito o melhor álbum brasileiro de todos os tempos em uma pesquisa de uma estação de rádio em 2012. Pode ser uma exagero, mas destaca a conexão emocional da época com os hits melódicos.
21 – Tribalistas, ‘Tribalistas’
2002

Pode não ser um álbum de rock no sentido mais convencional da palavra, mas a estreia o supergrupo formado pela cantora Marisa Monte, o percussionista baiano Carlinhos Brown e o vocal rouco de Arnaldo Antunes fizeram história com esse álbum. Desde a batida eletrônica e animada do mega hit “Já Sei Namorar” até a balada de Natal sussurrada “Mary Cristo”, a beleza nestas canções é mágica.
19 – Roberto Carlos, ‘Em Ritmo de Aventura’
1967

Muito antes de se tornar “o Rei”, Roberto Carlos encontrou sua vocação no rock’n’roll. Com sua guitarra tilintante, uma parceria fenomenal de composição com Erasmo Carlos (sem parentesco) e um tom vocal suave que encapsula a nostalgia e exuberância da juventude, ele liderou o movimento da “jovem guarda”, que tomou o Brasil de assalto. Em Ritmo de Aventura é a trilha sonora de um filme – a resposta sul-americana ao “Help!” dos Beatles – que encontrou o carismático Roberto dirigindo um carro esportivo vermelho ao ritmo do doce e Hammond-heavy “Por Isso Corro Demais”. Desde o charme cru do sucesso de soul-rock “Eu Sou Terrível” até a melancólica “Como É Grande o Meu Amor por Você”, este foi um dos primeiros álbuns a mostrar o potencial ilimitado do rock brasileiro.
17 – Karnak, ‘Karnak’
1995

Inspirado nas gravações de campo que acumulou durante suas viagens ao redor do mundo, o cantor e multi-instrumentista André Abujamra retornou à sua cidade natal, São Paulo, e passou três anos criando o álbum mais subestimado da música latina: uma estreia expansiva, cosmopolita e imensamente comovente sobre unidade e amor. Ele convocou um templo emocionante de uma orquestra – mais dois atores e um cachorro que ficava quieto no palco durante os shows – e cruzou formatos com abandono: reggae e samba; rock orquestral com pop árabe; línguas reais e imaginárias. “Eu não sou deste mundo/Eu vim de Atlântida”, ele declara na cativante “Comendo uva na chuva”. Um mestre quixotesco e fora deste mundo, Abujamra estava dolorosamente à frente de seu tempo.
6 – Os Mutantes, ‘Os Mutantes’
1968

No final dos anos sessenta, a excentricidade da psicodelia encontrou solo fértil no Brasil, onde uma jovem geração de músicos criticava a ditadura militar do país. Buscando um novo som – eternamente conhecido como tropicália – eles também tinham igual paixão pelo pop chiclete e pela vanguarda. Auxiliados pelos arranjos geniais de Rogélio Duprat, o trio formado por Rita Lee, Sérgio Dias e Arnaldo Baptista criou um delirante mundo sonoro que rivalizou com o “Magical Mystery Tour”. Na icônica faixa de abertura “Panis et Circenses” – escrita por Caetano Veloso e Gilberto Gil, nada menos – cânticos hippies se chocam com flautas melodiosas, percussão excêntrica e uma valsa distorcida de Strauss tocando no rádio. Os Mutantes se divertiram muito ao fazer covers de Françoise Hardy, The Mamas & the Papas e Jorge Ben – mas também conseguiram ser introspectivos em pérolas assombradas como “O Relógio”.
4 – Milton Nascimento, ‘Clube da Esquina’
1972

Há uma tranquilidade de outro mundo nas músicas de Clube da Esquina, um pilar da música brasileira pelo coletivo de Milton Nascimento, Lô Borges e outros compositores de mente semelhante. No cerne deste álbum duplo e labiríntico está o gênio de Nascimento – a admiração infantil em sua fusão de nostalgia à la Beatles, folclore sacro afro-brasileiro, um toque de dissonância e peculiaridades vanguardistas. As músicas transbordam com imagens poderosas: o sol sobre a cabeça enquanto você viaja em um trem azul em “O Trem Azul”, um girassol da cor de seu cabelo na psicodélica “Um Girassol Da Cor Do Seu Cabelo” – ambas de Borges. Na suave “San Vicente”, Nascimento busca um coração pan-americano em uma cidade imaginária que ele pinta com riffs de violão folk e sinos em procissão – um sabor da vida e da morte. Mais do que um álbum conceitual, Clube da Esquina parece uma experiência religiosa.