Assentos de concreto depredados, aparelhos quebrados, mato alto e pichações são alguns dos problemas apontados pelos moradores de Aparecida de Goiânia em relação ao patrimônio público. A má conservação é uma das principais reclamações de quem frequenta praças do município, considerado o segundo mais populoso de Goiás (590.146 moradores), conforme o Instituto Brasileito de Geografia e Estatística (IBGE).

Nesta terça-feira, 12, o Jornal Opção visitou três praças públicas situadas no Conjunto Cruzeiro do Sul e Jardim Alto Paraíso. Nos espaços da Rua das Limeiras, no Cruzeiro do Sul, e na Rua Santa Isabel, no Jardim Alto Paraíso, o cenário era o mesmo: de abandono.

Na praça da Rua das Limeiras, que é pouco maior que um lote convencional, há algumas árvores (a grande maioria são mangueiras), mas o espaço carece de opções de lazer. Não há aparelhos para que a população possa se exercitar e nem mesmo uma pista de caminhada.  

Dos cerca de oito assentos de concreto, pelo menos quatro estão danificados. Em algumas partes do local o piso é de terra, deixando escancarada a falta de manutenção e de limpeza, visto que materiais de plástico, papelão, folhas e frutas compunham a paisagem. 

Na área do Jardim Alto Paraíso não foi diferente. As quadras de vôlei de areia, futebol de areia e o parquinho das crianças (que também é “forrado” com areia) faltam o material que leva o seu nome: areia. O campo de futebol, por exemplo, está quase na terra, fazendo com que a garotada e os próprios adultos que utilizam o local precisem jogar bola nas áreas de grama.  

A brincadeira, no entanto, pode não durar muito tempo. Isso porque o local utilizado na grama está pior do que as quadras. Devido a falta de manutenção, o espaço onde é realizada a atividade esportiva está literalmente na terra vermelha em alguns pontos. O mato alto, acompanhado do lixo na praça é perceptível a quem passa pelo local, que é castigado pelo sol devido a falta de arborização.

“Para ter um momento de lazer aqui na praça é só de manhazinha ou no início da noite. À tarde é impossível trazer as crianças ou fazer algum tipo de atividade, o calor não deixa. No começo da noite tem que ser rápido, quando anoitece a praça é movimentada por usuários de drogas. Fora que tem que tomar cuidado com os brinquedos, já que alguns estão velhos e enferrujados” afirmou a recepcionista Thais Rocheanny, mãe de duas crianças. 

Banco quebrado, lixo e calçada danificada em praça do Conjunto Cruzeiro do Sul. (Foto: Pedro Moura)

Praça ou lote baldio? 

O espaço mais preocupante visitado pela reportagem, no entanto, está localizado na Rua Ceiça, no Conjunto Cruzeiro do Sul. O lote baldio, que segundo moradores é prometido uma praça há cerca de dez anos, está tomado pelo mato, lixo doméstico, restos de construção e até carcaças de animais mortos. 

O local, inclusive, já foi até usado para a desova de corpos, conforme o autônomo Thiago Tomaz, de 35 anos. Ele afirma que a falta de atuação por parte do poder municipal no local prejudica os moradores da região, que sofrem com a presença de animais peçonhentos e de roedores que saem do mato e invadem as casas durante a madrugada.

“Aqui é infestado [de ratos] por conta desse mato. Tudo quanto é lixo o pessoal joga ai. Não serve para nada esse espaço. Se eles pelo menos passassem uma patrola e colocassem duas travas, as crianças poderiam brincar de bola. Pelo menos não correria perigo de brincar na rua com esse tanto de carro”, disse Thiago.

Morador da região há cerca de 30 anos, o empresário João Carlos diz que as promessas de fazer uma praça e até mesmo um Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei) no local são antigas, mas que nunca houve qualquer projeto para de fato realizar as obras. 

“De vez enquanto tem um pessoal que vem aí usar drogas e isso representa perigo para os moradores.  Tem muitas crianças que vivem aqui em volta. Já presenciei dois furtos de fios aqui neste condomínio [fica ao lado do espaço baldio], mas tenho esperança que essa praça venha ser construída”, disse. 

“Os comércios são bem visados pelos usuários de drogas para cometer pequenos furtos. Tem o mau cheiro vindo do local também. Essa praça seria um benefício para todos os moradores aqui do setor, principalmente se tivesse aparelhos e uma pista para fazer caminhada”, reforçou a também empresária, Luzia Luíza dos Santos. 

Empresário João Junior no espaço baldio onde é prometida a praça. (Foto: Pedro Moura)

Em nota, a secretaria de Desenvolvimento Urbano de Aparecida informou que encaminhará uma equipe para limpeza da área denunciada e também avalia a implantação de uma praça no local. Sobre os pontos solicitados para manutenção, a secretaria explica que realiza a manutenção das praças e equipamentos públicos constantemente e que encaminhará uma equipe aos locais ainda este mês. Informou ainda que é preciso maior consciência da população para usar os equipamentos com cuidado e zelar pelo patrimônio púbico, denunciando também vandalismo na região.