Incômodos nas costas por conta de uma fratura em uma vértebra da coluna cervical, dificuldades para se locomover e fortes dores nos joelhos e articulações. A costureira Maria Abadia de Jesus, de 59 anos, já realizou quatro procedimentos cirúrgicos. Três delas no joelho esquerdo e uma no joelho direito. Maria nunca trabalhou de carteira assinada, mas há 13 anos contribui com o Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) de forma autônoma.

Mesmo prestando contas há mais de uma década, a costureira luta, desde 2018, pelo auxílio doença, um dos benefícios do INSS, sem sucesso. Segundo a costureira, ela já conseguiu o auxílio em algumas ocasiões, mas por pouco tempo. Agora, há quase cinco anos lutando pelo direito, Maria diz que o benefício parece estar cada vez mais longe.

“Eles não falam o motivo pelo qual foi negado, apenas mandam uma carta dizendo se foi deferido ou indeferido. Inclusive, quando sofri uma queda e fraturei a coluna, fiquei sem andar. O médico ortopedista me deu o laudo e mesmo assim foi negado. Todas as vezes que passei pela perícia médica foi presencial. Sempre faço exames novos, apresento novos relatórios médicos e eles negam”, disse.

Essencial

Ainda de acordo com Maria, o benefício é essencial para levar uma melhor qualidade de vida, já que a rotina de trabalho como costureira tem cobrado o seu preço, principalmente do joelho, local que a aflige desde a adolescência e que tem se tornado o seu maior problema nos últimos anos.

“O meu médico ortopedista fala que não entende como ainda estou andando, pois os meus joelhos não tem cartilagem nenhuma, as dores são crônicas e constantes. Hoje eu vivo à base de analgésicos. Os meus joelhos não dobram, tenho dificuldade para andar. Minha profissão é costureira, é quase impossível trabalhar, eu sinto muita dor”, explicou

Problemas

Para a especialista em direito previdenciarista, Marcela Dionizio, há uma série de fatores que podem dificultar o cidadão a conseguir o auxílio doença, como o fato do perito não ter constatado a incapacidade para o trabalho por parte de Maria.  

Marcela, no entanto, explica que mesmo não trabalhando de carteira assinada a costureira tem o direito de receber o auxílio ou até mesmo se aposentar por invalidez ou por idade (a partir de 62 anos), desde que atenda aos requisitos exigidos pelo órgão federal.

“Há a possibilidade dela estar pagando abaixo do mínimo. Essas contribuições abaixo do mínimo não são consideradas para fins de benefício. Ela poderia tirar a cópia do benefício e procurar um advogado especialista para entender o motivo de não estar recebendo”, concluiu.

O Jornal Opção procurou o INSS para saber o motivo do benefício não estar sendo aprovado e aguarda resposta.