Conheça a história de Dona Florisbela, 87 anos, 16 filhos e que se descobriu artista
06 março 2024 às 11h55
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Dona Florisbela Alves da Silva, 87 anos, conta que é casada há 71 anos com o primeiro e único “namorado”. Ela teve 16 filhos, sendo dez homens e seis mulheres. Natural da cidade de Benedito Leite, no interior do Estado do Maranhão, uma região marcada por muita dificuldade financeira, Florisbela se mudou para Goiânia no final da década de 70 e conta que a vida nunca foi fácil desde sua infância. Como a maioria das garotas da sua época, casou-se muito cedo, aos 12 anos.
Já com os filhos criados e depois de ficar viúva de seu marido, Florisbela começou a se envolver com a arte, como passatempo e como estímulo à atividade cerebral. Ao relembrar a sua história, a dona de casa conta com sorrisos o dia que conheceu seu único e grande amor, “Migueli”.
“Eu estava morando e trabalhando na casa de um comerciante amigo da família, e um dia, o ‘Migueli’ chegou lá, me viu, e se encantou. Eu era muito bonita mesmo, ainda sou (risos). Sabia que ele estava noivo de outra moça? Pois terminou o noivado para vir me pedir em casamento. Na nossa época, não pedia nem namoro, pedia logo em casamento”, conta.
Filúca, ou Florbela, como era carinhosamente chamada pelo esposo, Miguel Neto da Silva, falecido há um ano e cinco meses devido a complicações de um Acidente Vascular Cerebral (AVC), conta que das 16 gestações, uma resultou em natimorto e outra teve um desfecho trágico, com o falecimento logo após o nascimento devido a um descuido da parteira, que permitiu que o bebê batesse a cabeça em um banco de madeira.
Dos nascidos no Maranhão, foram 11, e ao chegar em Goiânia, a dona de casa ainda teve mais três gravidezes, com dois filhos e uma filha. Assim, ao todo, foram 14 filhos.
Florisbela relata com orgulho a maneira como os criou, orientando-os a serem homens e mulheres de honra, trabalhadores e honestos. “Fizemos de tudo para proporcionar o melhor para nossos filhos. Se algum deles se perdeu, não foi por falta de ensinamento e exemplos. Amo todos da mesma forma, assim como amo as minhas duas cachorras – panqueca e pretinha”, destaca. Na cidade de Goiânia, a família expandiu-se consideravelmente, contando agora com 32 netos, 30 bisnetos e dois tataranetos.
Florisbela disse que nunca teve a oportunidade de estudar, mas que sempre desejou que seus filhos o fizessem.
Esse desejo foi um dos motivos para a mudança da família para Goiânia em 1977. “Migueli queria ver os filhos estudados e formados, então vendemos nossas coisas no Maranhão e viemos para Goiânia”, revela. Apesar das dificuldades iniciais na capital, Florbela destaca que seu grande amor, “Migueli”, sempre foi trabalhador, e juntos venceram os desafios da vida.
Florisbela trabalhou arduamente para ajudar nas despesas de casa, enfrentando longos trajetos de ônibus para chegar ao trabalho. Ela conta que mesmo sem luxo, nunca faltou o básico para seus filhos, graças ao esforço conjunto do casal.
Florisbela conta que é evangélica e atribui a Deus a força para superar os momentos difíceis. Durante a conversa, recorda com tristeza a perda de seu filho Júlio Cezar para as drogas e, mais recentemente, a partida de seu amado esposo. Após o falecimento de Miguel Neto da Silva, a saúde de Florisbela se enfraqueceu, levando ao início do Alzheimer.
Artista
Apesar das dificuldades, a filha Eva Vilma, que é pedagoga, encontrou uma maneira de ocupar o tempo ocioso da mãe. Introduziu Dona Florisbela à pintura, revelando um talento surpreendente em obras em telhas e cartolinas. As pinturas serão vendidas para ajudar nas despesas, pois, como destaca Eva, “um pai sustenta 16 filhos, mas 16 filhos não sustentam um pai”.
Dona Florisbela, com alegria, exibe suas criações artísticas e expressa sua gratidão a Deus por todas as experiências da vida, mesmo pelas perdas. “Deus sabe de todas as coisas. Nossa vida é dele mesmo, e pronto”, frisa. Quem desejar conferir o trabalho da dona Florisbela é só entrar em contato através do @paty_gont ou @florisbela_filuca
De acordo com estudos científicos, o principal benefício proporcionado pela arteterapia é o resgate ou a melhora na qualidade de vida de pessoas de todas as idades, uma vez que estimula o cérebro a se manter ativo, fato esse que torna a técnica um processo terapêutico importante para a saúde da pessoa idosa. Além das vantagens que envolvem a função cognitiva, a ferramenta auxilia no tratamento de dores físicas e de algumas doenças, como o Alzheimer, por exemplo.
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