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Iúri Rincon Godinho

Especial para o Jornal Opção

Minha aposta para o jogo: vou comemorar igual todo mundo. A imagem não vai chegar atrasada, me livrei do cabo, o vizinho não gritará gol antes. Virei ativista da igualdade de tempo de imagem. Comprei uma antena de TV, a coisa mais atrasada que adquiri neste século depois do saca-rolha. A humanidade coloca um carrinho fotografando Marte mas não se livra da rolha.

Na hora do hino só conheci o Gabriel Jesus, o Daniel Alves e o Neymar, que, fora de campo, apareceu mais que os titulares.

Amistoso pro Brasil. Jogo da vida de Camarões, no qual todos têm nomes complicados de se pronunciar: Whooh, Nouhou, Ekambi.

No Brasil, quem é Fabinho? O Fred não é aquele do Fluminense? Martinelli (e olha que foi o melhorzinho, com nome italiano) é marca de macarrão ou prédio em São Paulo. A maioria é adolescente, espinha na cara. Menos o Daniel Alves, que podia ser pai da metade da moçada. Quando a seleção virou uma reunião de desconhecidos?

Não tem diferença deste time com o do jogo anterior. Mudou só o nome dos jogadores. O Brasil não ganha nem amistoso.

Dormi. Acordei no final do primeiro tempo com Camarões quase marcando de cabeça.

Segundo tempo. O Brasil chuta, o goleiro rebate todas e não aparece um pé pra fazer o gol. Quando aparece, bola pra fora. Uma infinidade de passes errados e bolas quadradas.

O Brasil tem esquema tático mas falta padrão de jogo. Não se vê uma jogada ensaiada, um drible empolgante, uma arrancada, um lançamento mais longo. Falta pontaria. Fiquei com a impressão de que os jogadores não acertavam o gol porque as traves, de um lado a outro, só tinham um metro. Nunca vi um “gol” tão pequeno. Será que nossos jogadores precisam de um oftalmologista (talvez o Flávio Paranhos, ótimo médico) e não de um ortopedista (Rodrigo Lasmar). Eles não estão enxergando o gol. Gente, cadê a risada do Zé Simão?!

Camarões, que é um time bem comum e sem entusiasmo, vai lá e faz um gol de cabeça. A zaga? Dormia…

Vir pra uma Copa e ficar preocupado se a Suíça vai marcar mais um gol, ficar em primeiro e nos jogar no colo de Portugal, é humilhante para um pentacampeão. Que não está nem perto de ser hexa.

Iúri Rincon Godinho é escritor e jornalista. Nas horas vagas, torce para o Vasco e para Seleção Brasileira e escreve comentários sobre futebol.