Derrota para Camarões foi ruim, poderia ser “trágica”, mas acaba não contando

03 dezembro 2022 às 10h59

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A Copa do Mundo do Catar já pode ser considerada uma das mais equilibradas de todos os tempos e tem tudo para ser a quinta da história a não ter um campeão invicto. Das 16 seleções que estão nas oitavas-de-final, apenas cinco seguem sem derrota: Holanda, Estados Unidos, Inglaterra, Croácia e Marrocos. Nenhuma terminará mais com 100% de aproveitamento, sendo esta a primeira vez com 32 seleções – e única, já que a competição passará a ter 48 participantes em 2026 – em que nenhuma avança com três vitórias na fase de grupos.
Apenas quatro vezes quem levantou o troféu perdeu pelo caminho. Isso aconteceu com a Alemanha em 1954 (uma homérica goleada de 8 a 3 sofrida para a Hungria, a quem derrotaria de virada na final) e em 1974 (perdeu por 1 a 0 para a coirmã Alemanha Oriental); com a Argentina em 1978 (derrota para a Itália por 1 a 0); e com a Espanha em 2010 (foi derrotada pela Suíça na estreia, por 1 a 0).
O Brasil, portanto – assim como Itália, Inglaterra, França e Uruguai – nunca foi derrotado em Copa do Mundo que tenha vencido. Pelo contrário, em 1970 e 2002, a seleção teve aproveitamento de 100%, respectivamente em campanhas com seis e sete vitórias.
Ou seja, se o hexa vier – e, não se enganem, as chances continuam altas –, desta vez vamos ter um asterisco, provocado por Camarões, nesta que foi a primeira derrota brasileira para uma equipe não europeia e não sul-americana em Copas do Mundo. Mais do que isso: se a derrota fosse por dois gols, ou se a Suíça fizesse mais um sobre a Sérvia (vitória por 3 a 2), os canarinhos cairiam numa chave que poderia ter Portugal, Espanha, Inglaterra e França até a final. Seria dramático – ou “haja coração!”, como diz Galvão Bueno.
Se há asterisco por esse lado, é preciso que ultrapassemos o gosto de cabo de guarda-chuva na boca para observar o óbvio: não era o time titular. Assim como França e Portugal fizeram, aliás. Todas as três estavam classificadas. Todas perderam seu terceiro jogo na fase de grupos.
Com força total em campo, a situação muda. O Brasil com seu onze principal, mesmo sem Neymar, tem potencial para se impor a qualquer adversário; da mesma forma, faz a França tendo em campo o fenômeno Kylian Mbappé, ainda que antes da Copa já tivesse perdido Paul Pogba, N’Golo Kanté e o atual melhor do mundo, Karin Benzema.
Repetindo, para que fique claro: Brasil, em uma chave, e França, na outra, continuam sendo os principais favoritos ao título no Catar. São seleções que perderam quando poderiam perder. E, se (ou quando) o hexa vier, a derrota desta sexta-feira será apenas uma lembrança embaraçosa.