Via de regra e o dia em que Carlos Castello Branco puxou as orelhas de Paulo Francis
10 maio 2020 às 00h00
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Depois da dura reprimenda, e de entender do que se tratava, o jornalista e escritor nunca mais escreveu “via de regra”
Geralmente por pessoas que não eram grande coisa no texto, costumava-se usar, anos atrás, a expressão via de regra. O grande jornalista Carlos Castelo Branco recebeu certa vez um texto que continha tal expressão. Ele riscou e anotou em cima: “via de regra é a vagina”. A seguir, conto a história já com Paulo Francis admitindo que levou um puxão de orelhas de Castelinho.
Na página 121 de suas memórias, “O Afeto Que se Encerra”, Paulo Francis relata: “Editavam o ‘Diário Carioca, alternadamente, Evandro Carlos de Andrade e Carlos Castello Branco. Desde aprendi uma das raras lições proveitosas em jornalismo. Um dia, depois de ler meu artigo, antes de baixá-lo (à oficina de composição), devolveu-me o dito, por contínuo. Isso não acontecera antes. Fiquei espantado. Onde eu tinha escrito ‘via de regra’, Castelinho puxou um traço à margem, adicionando: ‘É buceta’. É a primeira vez que escrevo ‘via de regra’ desde 1957”.
Lembre-se: se escrever ou falar “via de regra” você encontrará uma pedra intransponível no meio do caminho — a “alma” do exigente Castelinho.