Tia Amélia, diva do piano, tocou para o presidente Roosevelt e morreu em Goiânia

31 maio 2020 às 00h00

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A pianista, de formação erudita e popular, encantava o poeta Vinicius de Moraes e ganhou música de Roberto Carlos

Uma das músicas brasileiras de maior sucesso em todos os tempos é, com certeza, o choro “Tico-Tico no Fubá”, de Zequinha de Abreu. Existe um bom filme brasileiro sobre ele, com Anselmo Duarte fazendo o papel dele. Trata-se de música muito difícil de tocar no piano. O maior intérprete essa música foi o norte-americano Carmem Carmen Cavallaro.

No Brasil, ninguém tocou essa música no piano melhor do que Amélia Batista Nery, a Tia Amélia, como era conhecida, pernambucana de nascimento, e que morreu em Goiânia, com 86 anos de idade. Tia Amélia viveu a maior parte de sua vida em São Paulo, gravou vários discos e, quando já estava idosa, veio morar em Goiânia, com a filha, Sirlene Andrade, que foi vereadora. Ela, que tinha formação erudita, esmerou-se ao tocar choros. Conectando como poucos o popular e o erudito.
Tia Amélia tocou piano com o grande Ernesto Nazareth. O poeta Vinicius de Moraes escreveu uma crônica em sua homenagem com o título de “A Bênção, Ti’Amélia”. O compositor e bardo escreveu que Tia Amélia era a “ressurreição” da compositora Chiquinha Gonzaga.
O cantor Roberto Carlos a homenageou numa música, “Minha Tia”, em 1976. Ele é que começou a chamá-la de Tia Amélia.
Em 1933, Tia Amélia chegou a tocar em Washington para o presidente Franklin Roosevelt, que gostava muito de piano e tocava esse instrumento. Nos Estados Unidos, manteve contato com as atrizes Greta Garbo e Shirley Temple, estrelas da época.