Saiba qual foi o segredo do grande sucesso do Jornal do Brasil
17 maio 2020 às 00h00
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O “JB” era o meio de comunicação que mesmerizava o Rio e todo o país. Seus donos davam liberdade à redação
Sem a menor dúvida o melhor jornal brasileiro da segunda metade do século 20 foi o “Jornal do Brasil”, do Rio, não obstante a ditadura militar, à qual o JB enfrentou com muita determinação. O editor-chefe na maior parte desse período foi um jornalista muito competente, Alberto Dines. E Janio de Freitas foi um dos grandes responsáveis pela mudança gráfica (e editorial) do jornal, ao lado de, entre outros, Reynaldo Jardim. O poeta Mário Faustino cuidava da parte cultural, atraindo novos escritores, como os concretistas Augusto e Haroldo de Campos e Ferreira Gullar, que depois rompeu com os irmãos, notadamente com o primeiro.
O “JB” teve na época o melhor analista político, Carlos Castello Branco, o Castelinho, e o melhor colunista social, Zózimo Barroso do Amaral (que dava furos de reportagens, surpreendendo a redação). Publicava crônicas de Carlos Drummond de Andrade e comentários esportivos de João Saldanha.
O goiano Walder de Góes foi diretor da sucursal do jornal em Brasília e correspondente em Lisboa. O “JB” tinha como dona Maurina Dunshee de Abranches Pereira Carneiro, a condessa Pereira Carneiro, cujo genro, Manoel Francisco do Nascimento Brito, era o comandante executivo. Segredo da qualidade do “Jornal do Brasil”: os donos respeitavam a qualidade dos jornalistas.
Nos bons tempos do jornal, dizia-se: “Todo mundo que conta e que não conta é leitor do ‘JB'”.
Sabe a origem da palavra “passaralho”. Trata-se de criação de Joaquim Campelo, que era redator do “Jornal do Brasil” (mais tarde, ajudou Aurélio Buarque de Holanda a escrever seu famoso dicionário). Significa, segundo o “Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa”, “dispensa relativamente numerosa de empregados de uma empresa — Etimologia: pássaro + caralho”. A história está na página 285 do livro “Até a Última Página — Uma História do Jornal do Brasil” (Objetiva, 564 páginas), de Cezar Motta.