O perigoso gás da bajulação que intoxicou Mussolini continua afetando políticos atuais
07 junho 2020 às 00h00
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O ditador italiano terminou linchado, em praça pública. Brasileiros não terão destino igual, mas a História pode ser cruel com eles
No início da década de 1930, quando experimentava toda a sensação do poder, o ditador italiano Benito Mussolini (1883-1945) recebeu para despacho um velho e corajoso diplomata. Estranhou que o homem, ao contrário dos assessores que estavam ali por perto, não o tratasse como um semideus. O diplomata havia retornado de uma conferência na Suíça que discutira tópicos da Convenção de Guerra de Genebra, entre os quais a abolição de gases tóxicos como armas.
“O senhor chegou à conclusão sobre qual gás é o mais perigoso?”, perguntou Mussolini. “Esses para uso em guerra são todos perigosos, mas na nossa vida cotidiana o mais fatal é o gás do incenso”, respondeu com ironia o diplomata.
Mussolini continuaria a se embriagar cada vez mais com o veneno da bajulação. O gás do incenso parece ter embotado seu raciocínio e ele usou o poder como um ensandecido.
Na primavera italiana de 1945, Mussolini terminou seus dias pendurado num poste da Piazza Loreto, em Milão, depois de ter sido executado, junto com sua amante Clara (Claretta) Petacci, por guerrilheiros antifascistas. O ditador tinha 61 anos; ela, 33 anos.
Não será assim tão trágico, evidentemente, o fim da carreira de determinados políticos brasileiros que adoram os bajuladores. Mas o veneno do incenso que hoje os seduzem vai lhes fazer muito mal. E há, claro, o julgamento da História — que deixa vários políticos muito mal.