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“Pois nada podia ser tão bárbaro, tão desumano, quanto essa implantação no deserto. Essa construção sem graça era o contrário de Goiás”

Claude Lévi-Strauss em dois tempos: no Brasil e mais velho | Foto: Reprodução

O mais importante cientista social do século 20, e que iria morrer com 100 anos no começo deste, Claude Lévi-Strauss conheceu a Goiânia que nascia, na década de 1930. O antropólogo nasceu na Bélgica, mas é considerado francês.

Pouca gente tem conhecimento dessa visita. Lévi-Strauss se encontrava no Brasil em 1937, lecionando na então jovem Universidade de São Paulo (foi professor da antropóloga Ruth Cardoso, mulher do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em Paris). A construção de Goiânia estava em fase adiantada.

Lévi-Strauss achou a nascente cidade triste. Ele escreveu um livro que se tornou best-seller, “Tristes Trópicos” (Companhia das Letras, 456 páginas, tradução de Rosa Freire Aguiar, por sinal mulher de Celso Furtado), no qual faz referência a essa visita.

Claude Lévi-Strauss no Brasil | Foto: Reprodução

O inventor da Antropologia Estruturalista citou uma planície gigantesca, com muitas novas casas e um grande edifício, referindo-se ao prédio do Grande Hotel, mas dizendo que o ambiente era triste e solitário.

Poderia ter dito que o projeto de Goiânia foi feito por um arquiteto e urbanista brasileiro, Attilio Corrêa Lima, que se especializou na França.

Trecho do livro de Lévi-Strauss

“Pois nada podia ser tão bárbaro, tão desumano, quanto essa implantação no deserto. Essa construção sem graça era o contrário de Goiás; nenhuma história, nenhuma duração, nenhum hábito lhe saturara o vazio ou lhe suavizara a rigidez; ali nos sentíamos como numa estação de trem ou num hospital. Sempre passageiros, e nunca residentes.”

Monteiro Lobo e Goiânia

O escritor Monteiro Lobato também visitou Goiânia e disse: “Goiânia, cidade linda,/Que nos encanta e seduz/De dia não tem água,/De noite não tem luz”.