Durante o Batismo Cultural da capital, em 1942, estava tão frio — 5 graus — que o governador, afônico, não conseguiu pronunciar seu discurso

Estamos no meio de maio, mas sem que o goianiense, ao contrário do que acontecia tempos atrás, recorresse a cobertores e casacos.

Basta que as pessoas se lembrem da exposição agropecuária, que se realiza em maio, não este ano por culpa da pandemia. As mulheres se aproveitavam para vestir seus casacos e calçar as suas botas.

Praça do Bandeirante, em Goiânia | Foto: Reprodução

Escrevi dois livros sobre a história de Goiânia e nas pesquisas verifiquei que a capital já foi muito mais fria. Por exemplo: na noite de 4 de julho de 1942. Na data do chamado Batismo Cultural a temperatura era de 5 graus. Pedro Ludovico, o fundador da cidade, ficou afônico, e não conseguiu pronunciar o seu discurso.

Pelo menos vale a leitura do “Soneto de maio”, do bardo, cantor, músico e diplomata Vinicius de Moraes.

Soneto de maio
Vinicius de Moraes

Suavemente Maio se insinua

Por entre os véus de Abril, o mês cruel

E lava o ar de anil, alegra a rua

Alumbra os astros e aproxima o céu.

 

Até a lua, a casta e branca lua

Esquecido o pudor, baixa o dossel

E em seu leito de plumas fica nua

A destilar seu luminoso mel.

 

Raia a aurora tão tímida e tão frágil

Que através do seu corpo transparente

Dir-se-ia poder-se ver o rosto

 

Carregado de inveja e de presságio

Dos irmãos Junho e Julho, friamente

Preparando as catástrofes de Agosto…