Maio em Goiânia, se está quente hoje, já foi frio nos tempos de Pedro Ludovico

16 maio 2021 às 00h00

COMPARTILHAR
Durante o Batismo Cultural da capital, em 1942, estava tão frio — 5 graus — que o governador, afônico, não conseguiu pronunciar seu discurso
Estamos no meio de maio, mas sem que o goianiense, ao contrário do que acontecia tempos atrás, recorresse a cobertores e casacos.
Basta que as pessoas se lembrem da exposição agropecuária, que se realiza em maio, não este ano por culpa da pandemia. As mulheres se aproveitavam para vestir seus casacos e calçar as suas botas.

Escrevi dois livros sobre a história de Goiânia e nas pesquisas verifiquei que a capital já foi muito mais fria. Por exemplo: na noite de 4 de julho de 1942. Na data do chamado Batismo Cultural a temperatura era de 5 graus. Pedro Ludovico, o fundador da cidade, ficou afônico, e não conseguiu pronunciar o seu discurso.
Pelo menos vale a leitura do “Soneto de maio”, do bardo, cantor, músico e diplomata Vinicius de Moraes.
Soneto de maio
Vinicius de Moraes
Suavemente Maio se insinua
Por entre os véus de Abril, o mês cruel
E lava o ar de anil, alegra a rua
Alumbra os astros e aproxima o céu.
Até a lua, a casta e branca lua
Esquecido o pudor, baixa o dossel
E em seu leito de plumas fica nua
A destilar seu luminoso mel.
Raia a aurora tão tímida e tão frágil
Que através do seu corpo transparente
Dir-se-ia poder-se ver o rosto
Carregado de inveja e de presságio
Dos irmãos Junho e Julho, friamente
Preparando as catástrofes de Agosto…