Uma diz que a frase teria sido dita por dom João VI. A outra afirma que, ao ludibriar os britânicos, por volta de 1830, os brasileiros inventaram a expressão

Bonito por natureza, o Rio sempre foi. Mas a cidade era mal cuidada e malcheirosa quando Dom João VI e sua corte tiveram de fugir para o Brasil, tangidos pelas forças de ocupação francesas.

A chegada ao Rio, depois da longa viagem pelo Atlântico, deu-se no fim da tarde. Decidiu-se que o desembarque seria no amanhecer seguinte. A noite chegou enluarada, realçando aquele cenário de penedos e morros enlaçado à baía e às formosas praias. Em meio àquela visão, o monarca também percebe que estava ancorada na baía uma nau inglesa. E comenta: “Muito bom para inglês ver”. Daí, ao que consta, estava criada essa expressão.

Mas há outra versão. O livro “Dicionário Brasileiro de Provérbios, Locuções e Ditos Curiosos” (Editora Documentário, 330 páginas), de R. Magalhães Júnior, registra: “Expressão surgida durante o Império, quando Brasil firmou convênios com a Inglaterra, no sentido da repressão do tráfico de escravos, sendo estabelecidos tribunais de julgamento, para os navios negreiros apreendidos. Tinha o Brasil a obrigação de patrulhar as costas, as quais eram também patrulhadas pelos navios britânicos. Mas o tráfico continuava, fazendo o governo vista grossa à traficância. Dizia-se, por isso, que o nosso patrulhamento era fictício, isto é, apenas para inglês ver, como uma satisfação platônica aos acordos oficialmente firmados. Machado de Assis, na crônica de ‘A Semana’, de 8 de janeiro de 1893, escreve a propósito das posturas municipais: ‘Que se cumpram algumas, é já uma concessão utilitária; mas deixar dormir as outras todas nas coleções edis. Elas têm o sono das coisas impressas e guardadas. Nem se pode dizer que são feitas para inglês ver’”.