O gigante e o aspirante: comparando os poderes navais dos EUA e da Rússia

03 julho 2024 às 19h01

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Os recentes exercícios militares da Marinha Russa em Cuba, envolvendo um submarino nuclear, uma fragata, um petroleiro e um rebocador, atraíram a atenção internacional. Esta demonstração de força, apesar de impressionante, revela-se modesta quando comparada à imensa capacidade bélica e tecnológica da Marinha dos Estados Unidos. Este artigo explora as diferenças entre essas duas potências navais, destacando a superioridade operacional e tecnológica dos EUA.
A Marinha Russa, embora herdeira de uma poderosa tradição soviética, enfrenta desafios significativos em sua modernização. Seus submarinos nucleares, como o Kazan, são emblemáticos de sua força estratégica, equipados com mísseis balísticos intercontinentais que representam uma ameaça formidável. No entanto, a frota russa sofre com limitações orçamentárias e tecnológicas que afetam sua capacidade de operar globalmente de maneira sustentada.
As fragatas russas, como a Almirante Gorshkov, são equipadas com sistemas avançados de mísseis de cruzeiro, capazes de realizar ataques precisos em longo alcance. Esses navios desempenham um papel crucial na defesa aérea e em operações ofensivas. No entanto, a falta de uma frota de porta-aviões comparável à dos EUA limita significativamente a capacidade da Rússia de projetar poder aéreo em escala global.
A Marinha Russa também possui uma variedade de navios de apoio, como petroleiros e rebocadores, essenciais para operações prolongadas em regiões distantes. No entanto, a capacidade logística da Rússia é modesta em comparação com a robusta infraestrutura de apoio da US Navy, que possui uma rede extensa de bases navais e navios de apoio espalhados pelo mundo.
Em contraste, a Marinha dos Estados Unidos é amplamente considerada a mais poderosa do mundo, com uma capacidade de projeção de poder inigualável. A US Navy opera uma frota de porta-aviões nucleares que servem como bases aéreas móveis, permitindo aos EUA projetar poder aéreo em qualquer parte do mundo. Cada porta-aviões é acompanhado por um grupo de batalha composto por destróieres, cruzadores e submarinos, formando uma força de combate extremamente poderosa.
Os destróieres e cruzadores americanos são equipados com o sistema de combate Aegis, que oferece defesa aérea e antimísseis avançada. Esses navios são cruciais para a proteção dos grupos de porta-aviões e para a realização de ataques de precisão contra alvos em terra e no mar. A US Navy também possui uma frota de submarinos nucleares de ataque e mísseis balísticos, como a classe Virginia, que representam o estado da arte em tecnologia submarina, com capacidades stealth avançadas e sistemas de armas sofisticados.
A capacidade logística da US Navy é uma das suas maiores vantagens. Com uma extensa rede de bases navais ao redor do mundo e uma grande quantidade de navios de apoio, a US Navy pode sustentar operações prolongadas em qualquer teatro de operações. Essa capacidade de sustentação é um diferencial crucial que permite aos Estados Unidos manter uma presença naval global constante e eficaz.
Ao comparar as capacidades bélicas das marinhas russa e americana, fica claro que os Estados Unidos possuem uma vantagem significativa em termos de projeção de poder, tecnologia e capacidade operacional. A capacidade de operar múltiplos grupos de porta-aviões simultaneamente em diferentes regiões do mundo dá aos EUA uma vantagem estratégica que a Rússia não pode igualar. A superioridade tecnológica da US Navy, com inovações contínuas em sistemas de combate, propulsão nuclear e stealth, mantém os Estados Unidos na vanguarda do poder naval global.

Enquanto a Rússia tem feito avanços na modernização de sua marinha, os desafios econômicos e tecnológicos limitam sua capacidade de competir em pé de igualdade com os EUA. A US Navy, por outro lado, continua a investir pesadamente em novas tecnologias e na expansão de suas capacidades operacionais, garantindo sua posição como a força naval dominante no mundo.
A superioridade da Marinha dos Estados Unidos é, em grande parte, um reflexo do sistema democrático e capitalista americano. Em uma democracia robusta, as decisões sobre gastos e estratégias militares são debatidas publicamente e escrutinadas, garantindo um uso mais eficiente e transparente dos recursos. Além disso, a economia capitalista dos EUA fomenta a inovação tecnológica e a competição, fatores cruciais para o desenvolvimento e a manutenção de uma marinha de ponta.
Empresas privadas americanas lideram em áreas como tecnologia de defesa, sistemas de propulsão e engenharia naval, impulsionadas por um mercado competitivo que promove a inovação constante. Esse ambiente permite que a US Navy se beneficie das mais recentes tecnologias e técnicas de construção naval, mantendo-se à frente de seus concorrentes globais. Em contraste, a economia russa, com menos incentivo para inovação privada e maior controle estatal, enfrenta dificuldades em manter o mesmo ritmo de avanço tecnológico.
A visita dos navios de guerra russos a Cuba é uma clara tentativa de Moscou de afirmar sua presença naval global. No entanto, quando comparada com o poderio naval dos Estados Unidos, a Rússia enfrenta limitações significativas. Como citado pelo Military Times, “a visita dos navios russos a Havana, embora significativa, ressalta as ambições limitadas de Moscou em comparação com a presença global e a capacidade operacional superior da US Navy.” A US Navy, com sua vasta frota de porta-aviões, destróieres, cruzadores e submarinos, continua a ser a força naval mais moderna e operacional do mundo, capaz de operar globalmente e de manter a supremacia marítima em diversos teatros de operações.

Antônio Caiado é brasileiro e atua nas forças armadas dos Estados Unidos desde 2009. Atualmente serve no 136º Maneuver Enhancement Brigade (MEB) senior advisor, analisando informações para proteger tropas americanas em solo estrangeiro.