Layout 1Adalberto de Queiroz

A respeito do editorial “PT está destruindo a Petrobrás, a gigante criada por Getúlio Vargas” (Jornal Opção 2077), que a Petrobrás, fruto do sonho nacionalista e da personalidade autoritária, não faça agora como fez na era FHC: denunciar jornalistas ao invés de fazer a boa gestão da sua cozinha — seus secos & molhados internos. E que o “Pangloss” da Dilma esteja certo em seu otimismo bilionário, haja vista que afirmou: “Na semana passada, Aldemir Bendine — não tem a ver com Arturo Bandini, personagem do romance “Pergunte ao Pó”, de John Fante; a única afinidade é que a estatal do petróleo está virando pó —, presidente da Petrobrás, divulgou o prejuízo da empresa em 2014. Anote: R$ 21,6 bilhões de reais. Leia sobretudo a palavra “bilhões”. Trata-se do primeiro prejuízo em 24 anos. Para piorar o quadro financeiro e sua imagem no país e no exterior — afinal, a empresa tem ações comercializadas na bolsa de valores —, admitiu-se, por fim, que a corrupção retirou R$ 6,2 bilhões do caixa da estatal…”

A “malícia realista” que a raposa política Tancredo Neves disse dirigir o ato do ditador Vargas não seja agora vitoriosa na tese do Imperador do Bananão que disse, recentemente, sem o otimismo ingênuo do Pangloss que “o mensalão não existiu” e que a Petrobrás tem que ser “defendida”. Como assim, cara-pálida, defendida de quem? Dos bilionários “sócios” que abastecem campanhas ou do raso pensamento nacional-populista, que tem a hegemonia da política nacional? A polêmica está lançada.

Adalberto de Queiroz é jornalista e escritor.
E-mail: [email protected]

“1º de maio: simbologia para todos os dias”

Cíntia Dias

Perdoe-me a nostalgia, mas tenho mais saudade do que não vivi. Este momento histórico retrógrado na moral e aguçado na violência não me alenta.  Eu ando pelas ruas e não vejo flores. Assisto TV, leio os jornais e acompanho as notícias que não me alimentam. Não compartilho o discurso do ódio.

A história da sociedade “moderna” esta sendo construída dia a dia. Não só pelo parlamentar religioso que defende a pena de morte, ou os moralistas que aceitam concessões ao trabalho escravo, ou o defensor da família que não respeita as escolhas do próximo. Mas todos nós de braços cruzados ou não. É, minha gente, somos sujeitos históricos desta escrita, a responsabilidade também é nossa. Depende da nossa participação nas questões coletivas.

Isto mesmo: participação. Há duas semanas trabalhadores ocuparam as principais ruas das capitais do Brasil para lutar, mais uma vez, pela manutenção dos direitos conquistados. Esses homens e mulheres têm rostos, sonhos, esperança, mas principalmente sabedoria. E sabem o quanto é danoso uma bancada “BBB”, de viés altamente “(des)moralista” e conservadores “discutindo” e aprovando os projetos contratrabalhistas (PL-4330, a PEC 369, MP 664 e 665 e tantos outros).

Os trabalhadores brasileiros conhecem a dura realidade de governos e congressos patronais. Por isso, sabem que os dias de luta estão só recomeçando. Nesses movimentos e manifestações, a classe se distancia do conceito de “massa” e tende a enxergar além das amarras da alienação imposta pela situação da conveniência.

Algo benéfico neste contexto, porque intelectual orgânico se forja nas lutas e pelas lutas. A classe trabalhadora tem consciência e está atenta aos cordeiros vestidos de carneirinhos. E como a barriga não dói só uma vez, “dará a César o que é de César”, porque isso, meus amigos, é História.

O 1º de maio é uma vez ao ano, mas sua simbologia reflete-se em todos os dias. Sem descansos, façamos da luta nosso instrumento cada vez mais inabalável. Unidos rompemos as barreiras dos retrocessos. Por avanços nas conquistas, estamos nas lutas porque “direito se defende, não se entrega”.

Cíntia Dias é cientista social.