“Melhor os militares educarem nossos jovens do que punirem nossos adultos”
06 dezembro 2014 às 11h05
COMPARTILHAR
Eliane Gomes
Meu filho estava com depressão, pois estudava em uma escola particular onde esperava um atendimento de qualidade, mas desde o início do ano sofria com professores e métodos de ensino que só visavam o Enem [Exame Nacional do Ensino Médio] e desprezavam suas dificuldades de aprendizagem, embora tenha levado diagnóstico do distúrbio de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Meu filho queria desistir de estudar, chegava em casa com notas muito inferiores ao que ele poderia alcançar se tivesse oportunidade de aprender com respeito a suas limitações.
Eu sofri muito e, em um ato desesperado, fui a uma escola militar da região noroeste de Goiânia em busca de uma vaga, pois soube que lá havia atendimento psicológico e apoio social para as famílias — estou muito emocionada e digito com todo o meu coração cada palavra desse meu relato. Fui recebida com toda a humanidade. Um anjo vestido de farda me ouviu. Eu disse: “Por favor, meu filho precisa de uma chance. Ele faz tratamento para depressão, é apenas um jovem de 16 anos que queria estar na escola e agora não tem esperança de conseguir seguir em frente… pelo menos uma chance antes de realmente desistir, ele precisa disso.”
Ela me pediu dois dias, e depois disso, enfim, me disse: “Seu filho agora estará na escola certa, tudo vai ser diferente, você vai ver”. E desde o primeiro dia foi incrível! Estávamos com dificuldade para comprar o uniforme, naqueles dias: final de mês, cartão com limite estourado. Perguntei se tinha algum uniforme para doação. Eles nos doaram uma farda e foram além disso: fizeram uma vaquinha, nos deram 78 reais e me disseram para ir logo bordar a camiseta dele, comprar o bibi etc. Fiquei sem palavras, não queria aceitar, pois eu precisava só de um tempo. Iria receber e disse que devolveria, mas eles não aceitaram, dizendo que fariam de tudo para meu filho não perder nem um dia de aula, que ele poderia começar logo. Desabei, chorei de emoção.
Meu filho não sofreu nenhum preconceito e está até hoje nessa escola, fazendo as provas com outros alunos e alunas que têm dificuldades intelectuais. São respeitados e amparados em suas mais íntimas necessidades, tudo de forma tão normal, tão natural. Ele está com notas melhores, está sempre sorrindo, confiante. Um dia ele chegou e me abraçou, me rodou nos braços e me agradeceu por ter ido até o Colégio Militar, por não ter deixado que ele desistisse, por ter lutado por ele.
Essa foi a maior alegria que eu tive na minha vida de lutas e dificuldades de mãe de estudante. Porém, fiquei triste por ver uma matéria jornalística como essa do “Profissão Repórter”, expressando uma visão no mínimo deturpada de uma organização tão comprometida com a educação e com o ser humano. Para mim, são anjos vestidos de farda, pois quem quer que se proponha a educar, ensinar, promover a educação, o fará primeiramente por amor, pois sabemos que mais fácil é serem desvalorizados como foram pela mídia da Globo do que exaltados por sua abnegação. Melhor seria se todos os militares educassem nossos jovens do que punirem nossos adultos. Alguém discorda?
Eliane Gomes é professora.
E-mail: [email protected]
“Estamos vendo o País seguir a mesma trilha dos anos 60”
Alberto Nery
Lendo o Editorial da edição 2055 do Jornal Opção, o qual cita o populista e velho caudilho Getúlio Vargas – a quem só conheço por meio da história e de minha falecida mãe, que sempre o referia como um grande presidente. Meu pai por ser militar, o considerava um ditador que chegou ao poder porque tinha o poder de iludir a massa.
Eu, em meu humildade pensamento, acho que o suicídio de Vargas foi um momento de fraqueza, ou seja, se sentiu só no poder e, como um escorpião, preferiu se matar a sair do poder à força. Como disse ele mesmo, saiu “da vida para entrar na história”. E com seu suicídio foi abortado o golpe militar que estava às portas. Em 1964, os militares, vendo que o país caminhava rumo a uma aproximação com a ex-União Soviética resolveu, com o apoio dos Estados Unidos, derrubar o governo e instalar uma ditadura militar que seria de pouca duração. Ocorre que os militares gostaram do poder e ficaram por mais de 20 anos. Hoje estamos vendo o país seguindo a mesma trilha dos anos 60. No governo Vargas, o crítico cruel chama-se Carlos Lacerda. Ficou célebre quando dizia que no Palácio do Catete havia um mar de lama.
Agora, voltando para os dias atuais e tratando do governo Dilma, este não poderá mais dizer que recebeu uma herança maldita de seu antecessor. O PT está no poder há quase 12 anos e não dá mais para ficar falando do fantasma FHC que persegue o lulismo e o petismo. Sobre a honestidade de Dilma, ninguém pode questionar quando o mesmo está no governo. Todos os políticos só ficam ricos no segundo mandato. Mas que a mesma e o ex-presidente sabiam de tudo, isso sabiam, porque o PT jamais faria algo sem comunicar aos seus superiores.
Não podemos dizer que exista um mar de lama no Palácio do Planalto. Mas podemos dizer que pelo menos um Lago Paranoá lá existe.
E-mail: [email protected]
“A esquerda tolera apenas quem dela participa”
Danilo Jandaia
Concordo com o jornalista Euler de França Belém em seu texto “Escolas militares de Goiás são vítimas de jornalismo do segundo time da TV Globo” na coluna “Imprensa” (Jornal Opção 2056). Vi a matéria no dia em que o programa da TV foi ao ar. Deu a entender que o objetivo era criticar, de forma pejorativa, as escolas militares de Goiás. Ora, os últimos estabelecimentos de ensino que foram transferidos para a direção da Polícia Militar apresentaram melhoras em todos os quesitos. Creio que mais de 90% dos pais aprovam o sistema. Os resultados estão aí pra quem quiser ver. Infelizmente, mais uma vez, nota-se que tendências esquerdistas insistem em impor uma “ditatura” que, aos poucos, por meio da alienação, vai destruindo os princípios judaico-cristãos da nossa sociedade em prol de uma suposta democracia, aberta ao “diálogo”, como disse o jornalista Caco Barcellos. A esquerda tolera apenas quem dela participa. Se você é contra, é um intolerante.
E-mail: [email protected]
“Aumento de vagas para advogados é ilusão”
Fred Filho
Sobre a nota “Redução de impostos pode ajudar no aumento do número de empregos para advogados” (Jornal Opção Online), isso certamente beneficiará sociedades de advogados. Porém, imaginar que isso vai aumentar a oferta de empregos para advogados é ilusão. Afinal, coisa mais rara é escritório de advocacia respeitar a CLT e contratar advogado com registro em carteira. Quem é da área sabe que os advogados contratados passam a trabalhar sob a bizarra figura do “advogado associado”, que não tem previsão legal e nada mais é que a violação dos direitos trabalhistas do profissional. E o pior é que a OAB, em todos os níveis (federal e nos Estados) não se preocupa em combater essa precariedade de contratação e esse desrespeito e violação dos direitos do advogado. E por quê? Simples, porque os altos cargos da Ordem são — como sempre foram — ocupados pelos donos dos grandes escritórios de advocacia, que são justamente os que mais exploram a mão de obra de seus “colegas”.
E-mail: [email protected]
“Falta estudar mais sobre recursos e consumismo”
Everaldo Leite
Faltam aos estudos de Economia as disciplinas sobre uso de recursos naturais e sobre consumismo. Tenho discutido isto com alguns colegas economistas e vejo que a maioria não sabe nem por onde começar a tratar o tema. Sou um economista liberal, penso que o mercado se resolve em milhares de assuntos, mas quanto a esses temas acho que a visão capitalista nada ajuda, acredito que precisa haver uma inovação nos debates. [“Você já pensou que pode morrer em uma guerra por água?”, Jornal Opção 2054]
Everaldo Leite é economista, professor e colaborador do Jornal Opção.
E-mail: [email protected]
“Só mudamos com a corda no pescoço”
Pablo Faria
Bela reflexão de Elder. E, de fato, é um fato triste de se constatar: só mudamos quando a corda está no pescoço, infelizmente.
E-mail: [email protected]
“O Brasil tem sede de respeito pelo meio ambiente”
Ober Caldas
Traga-me um copo d’água, tenho sede! O Brasil tem sede e fome de educação, pesquisa e respeito pelo meio ambiente. Parabéns, professor Altair Sales, por sua entrevista ao Jornal Opção (edição 2048)!
E-mail: [email protected]
“Ingleses provocaram os argentinos primeiro”
Weber Marques Lima
Em relação à nota “Jornalista inglês garante: governo argentino prepara uma nova Guerra das Malvinas” (Jornal Opção Online), apenas um fato histórico deve ser ressaltado: quem tudo iniciou a disputa foram os ingleses, que, em 1845, tentaram dominar o Rio da Prata sob o falso pretexto de garantir-lhe a navegabilidade durante problemas internos da Argentina. Essa indevida ingerência britânica provocou a batalha de Vuelta de Obligado, quando as tropas argentinas fizeram bater em retirada uma força tarefa franco-britânica. Ah esses europeus, quando desejam, sabem ser hipócritas…
E-mail: [email protected]
“Anselmo Pereira presidir a Câmara é questão de Justiça”
Celia Gillet
A indicação do vereador Anselmo Pereira para a presidência da Câmara de Goiânia é uma questão de justiça. Não querendo desmerecer nenhum outro parlamentar, Anselmo é o mais preparado, conhece a Câmara como ninguém, com vários mandatos, tem caráter e, principalmente, é honesto. Não sou de seu partido — sou PMDB —, mas sei reconhecer as qualidades e está na hora do gestor escolher pessoas capacitadas e não por barganhas. O Brasil precisa mudar e vamos começar por Goiânia.
E-mail: [email protected]
“Os sete pecados capitais de um governante”
Jeferson de Castro Veira
O Editorial da edição 2054 do Jornal Opção — em que vejo, particularmente, sombras de Keynes, Marx e Schumpeter — : descreve os sete pecados capitais de um governante. 1) achar que o Estado não pode ser inovador — leio a economista Mariana Mazzucato há muito tempo e ela prova que pode; 2) achar que não deva fazer reforma tributária; 3) achar que subsídios devem ser para todos; 4) não se inserir na cadeia global de produção — virar as costas para EUA, União Europeia e Japão; 5) achar que produtividade no setor público é bobagem; 6) achar que governo não mexe com ambiente de negócio; 7) tentar agradar a todos — consenso com 51% já está de bom tamanho.
Jeferson de Castro Vieira é economista.