Antonio Alves

“Liberdade ainda que tardia!” A mulher que carrega seus preconceitos machistas também quer ter liberdade de ser preconceituosa. A cultura escraviza, mas há espaço para todas. Mui­tos preconceitos são sociais, mas ao mesmo tempo individuais. Certa vez, li em Gilberto Freyre que a religião do povo brasileiro é uma mistura de catolicismo, protestantismo e espiritismo. A princípio, cheguei a acreditar que tais crenças são independentes, mas com o tempo, percebi que elas vão se fundindo ao longo da história. Assim também é o machismo e o feminismo, a tendência é diminuírem as diferenças. Não gosto de marcar posição, porque muitas vezes o posicionamento torna-se falso e enganoso. A minha esposa não trabalha fora por uma questão estratégica, mas sai sozinha quando há necessidade e a partir do momento em que trabalhar fora for mais vantajoso não vejo nenhum problema nisso.

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“Ótimo livro de Pedro Sérgio”

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Jairo Barcelos

A propósito do texto “Qual­quer se­me­lhança com a realidade não é mera coincidência”, no Opção Cultural (Jornal Op­ção 2016), li o livro “Maraçu Não Tem Remorso”, do professor Pedro Sérgio dos Santos. Um mergulho na história recente e uma ótima trama ficcional. Vale a pena.

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“Lamentável opinião sobre Leonardo Boff”

Crispim Santos

Sinceramente, não sei como um jornal de credibilidade como o Jornal Opção cede espaço para análises tão sem fundamento como essa de Irapuan Costa Junior [“A ovelha negra Leonardo Boff tenta se reaproximar da Igreja Católica”, coluna “Con­tra­ponto”, edição 1985]. Será que o autor não conhece a história de Leonardo Boff, sua capacidade intelectual? Boff é um dos maiores intelectuais da história do Brasil, reconhecido internacionalmente por suas posições na luta por meio ambiente e direitos humanos. La­men­tável a posição do ex-governador. Leo­nardo não precisa da Igreja para ser ouvido no mundo inteiro. Aliás, é a Igreja que precisa dele.

Crispim Santos é geógrafo.

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Nota do colunista Irapuan Costa Junior:

Respondendo ao leitor Cris­pim Santos, eu começaria pelo fim: a Igreja não precisa de Genésio (ou Leonardo, como ele prefere) Boff. Se precisasse, não o teria condenado ao silêncio em 1985 e não teria se preparado para expulsá-lo em 1992 (expulsão a que ele se antecipou). Respeito a opinião do leitor, que julga Boff um dos maiores intelectuais brasileiros, mas espero que respeite também a minha, que é oposta. Para mim, maiores intelectuais brasileiros são figuras como Carlos Chagas, David Lattes, Euclides da Cunha, Gil­berto Freyre, Machado de Assis e muitíssimos outros, antes de chegarmos ao ex-padre. No meu pensar, nem chegaríamos, pois vejo estatura intelectual na qualidade e não na quantidade. O leitor acha minha análise sobre Boff sem fundamento, mas não rebate nenhuma afirmação mi­nha. E eu apenas comentei uma entrevista do ex-padre, cujas palavras são cabalmente desmentidas pelos fatos e por uma entrevista do papa Francisco, no Brasil. Por fim, também ao contrário do leitor, acho que o Jor­nal Opção tem sua credibilidade por abrigar opiniões divergentes. Se ele acha que o jornal deveria me submeter à censura, acho que ele deve dar abrigo a cartas inconformadas, ainda que vagas, como a do leitor.