Sidney Pontes: “Atitudes negativas à segurança pública devem ser punidas” / Paulo Giovanni
Sidney Pontes: “Atitudes negativas à segurança pública devem ser punidas” / Paulo Giovanni

Na semana passada, a Polícia Civil prendeu 19 policiais, entre civis e militares, em Anápolis. Os policiais são suspeitos de envolvimento com o tráfico de drogas e com o crime organizado. O grupo, segundo o desenrolar da Operação Malavita, realizada pela Delegacia de Repressão ao Crime Orga­nizado (Draco) de Goiânia, fez pelo menos 60 vítimas nos últimos três anos, das quais pelo menos 34 foram assassinadas — algumas teriam apenas testemunhado as ações dos criminosos.

De acordo com Alexandre Lourenço, delegado titular da Draco, a primeira fase da operação foi encerrada com a prisão dos suspeitos. Ele explica, contudo, que o caminho até o encerramento dos inquéritos é longo: “O trabalho de investigação vai continuar de forma ainda mais complexa. Agora, com a sociedade tomando conhecimento, esperemos que os anapolinos denunciem as ações delituosas dos policiais”.

Além de homicídios, os policiais executavam atividades como cobrança de dívidas, sequestros e extorsões. O comandante-geral da Polícia Militar, tenente-coronel Sílvio Benedito Alves, informou que processos administrativos contra os militares estavam sendo instaurados. “Vamos cortar na própria carne. Não aceitamos desvio de conduta”, asseverou.

Para o assessor especial de Segurança Pública do município, coronel Sidney Pontes, o envolvimento dos 14 policiais militares e dos cinco agentes da Polícia Civil com a disputa territorial por pontos de tráfico, deve ser apurado minuciosamente. “Atitudes da própria polícia que se configuram como uma contribuição negativa à segurança, gerando e movendo a criminalidade, precisam ser irremediavelmente combatidas e punidas”, disse.

Segundo dados da Gerência de Análise da Informação da Se­cretaria de Segurança Pública e Justiça de Goiás (SSP-GO), em Anápolis o pico de ocorrência de crimes violentos no ano passado eram registrados aos domingos. Além disso, em 72% dos crimes, o envolvimento com drogas liderava o ranking da motivação, seguido por outras razões como rixa ou passionalidade (2,96%) e vias de fato (4,44%).

Outro dado chama atenção, apenas seis bairros anapolinos responderam por 50% dos casos de violência registrados na cidade em 2013: Vila Jaiara, Vila Santa Isabel, Parque Residencial das Flores, Residencial América, Residencial Bouganville e Recanto do Sol.

Tráfico versus violência

Sidney Pontes diz que o consumo e o tráfico de drogas são os maiores responsáveis pela criminalidade no Estado e no País e cita algumas ações que podem surtir efeito na diminuição dos índices de violência. “As estatísticas denunciam a ligação do tráfico com a violência. Em Anápolis, foi criado o Gabinete de Gestão Integrado [GGIM] para discutir, com vários órgãos, a segurança pública na cidade. Com a institucionalização do GGIM, nos reunimos constantemente e, integrados, buscamos a solução dos problemas e promovemos ações. Apenas neste ano já realizamos mais de 300 palestras em escolas sobre o abuso de drogas e violência, blitze conjuntas e fiscalização”, conta.

Além disso, de acordo com Pontes, Anápolis, diferentemente de Goiânia e Aparecida de Goiânia, tem contribuído significativamente ao atrair esforços para diminuir a violência “que ascende no Estado”.

Em 2010, o município implantou o sistema de videomonitoramento, composto por 72 câmeras. A intenção da prefeitura era prevenir e auxiliar no combate à criminalidade. “Trabalhando 24 horas por dia, a vigilância foi redobrada em áreas de grande movimentação e pudemos constatar que o cidadão se sente seguro, sendo que realmente está”, acredita Pontes.