Internação deve ser último recurso no tratamento de dependentes químicos
04 outubro 2014 às 12h28
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O município de Anápolis disponibiliza diversos serviços para o tratamento de dependentes químicos. A diretora de saúde mental do município, dra. Marinalva Ribeiro Neto Almeida, destaca três frentes de ação: a família, a unidade móvel e o centro de atenção psicossocial. “Começamos com o trabalho básico e chegamos até o especializado”, diz. O trabalho feito junto às famílias propõe desmistificar a internação dos dependentes como o primeiro e o único recurso de tratamento. Além disso, a diretora propõe um alerta quanto às drogas lícitas: “Anápolis não difere dos outros municípios do país. Comenta-se muito sobre as drogas ilícitas, mas, com em todo o mundo, a droga que mais mata é o álcool”.
Os jovens têm um contato com o álcool cada vez mais cedo. Porém, apenas uma parcela das pessoas, que entram em contato com a droga, desenvolve algum problema de saúde mental. O diálogo, portanto, é valorizado pela diretora. Distanciar o dependente de sua vida familiar, profissional e social agrava o quadro. “Como o todo que refere à saúde mental, nós pensamos em uma abordagem que mantém a pessoa mais próxima de sua vida funcional”, reitera.
Após procurar uma unidade de saúde próxima à sua casa –– como propõe Marinalva –– o paciente pode ser encaminhado para o Centro de Atenção Psicossocial (Caps) Viver, onde passa por um acolhimento multiprofissional e por um processo terapêutico singular. A particularidade de cada caso, ressaltada pelo termo “singular”, esclarece que existem diferentes razões que levam o paciente a um quadro de dependência e, por isso, as diferentes formas que pode ser tratado.
Quando a pessoa demonstra algum tipo de risco a si mesmo e às pessoas ao redor, apresentam intoxicação ou necessitam de cuidados clínicos, a triagem é diferente. Os casos leves que demandam internação são encaminhados para hospitais gerais; se o paciente precisar ser desintoxicado, cuja internação levaria cerca de um mês, ele será encaminhado, especificamente, para o Hospital Espírita de Psiquiatria de Anápolis, onde também são feitas internações mais delongadas.
Existem três tipos de internação com amparo legal. A primeira é a voluntária. Existe uma indicação médica e a pessoa concorda. A segunda é a involuntária. A pessoa tem todos os critérios para internação, mas não acredita que seja necessária; portanto, a equipe médica e um membro da família concordam quanto à necessidade de internação e informam, dentro de 72 horas, o Ministério Público que a pessoa será internada.
O terceiro tipo é a compulsória, determinada judicialmente. “A internação é o último recurso. Só a fazemos quando já esgotamos as outras possibilidades e, ainda assim, tentamos fazer uma internação voluntária. Em último caso, pedimos a compulsória”, frisa Marinalva.
O movimento no Caps Viver é menor que o esperado, devido à ideia de internação como último recurso. “Nós temos motivado as pessoas a buscar informações e esclarecimentos, o que tem aumentado a procura pelo serviço”, destaca. Segundo a diretora, o problema com as drogas é mais amplo, por isso, “nós pensamos em uma rede articulada. Pois, a droga é um problema de saúde, educação, cultura, de comunicação, entre outros”.