Partidos se movimentam para conter danos

04 outubro 2022 às 14h38

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Ontem por conta de uma situação pessoal escutei um clichê daqueles que poderiam estar num biscoito da sorte e que serve para quase qualquer contexto: “em uma situação de crise busque reduzir danos”.
Como eu acredito que os clichês existem porque funcionam, fiquei pensando nisso enquanto lia que o presidente do Cidadania, Roberto Freire, havia encaminhado à Executiva do partido a recomendação de apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A legenda, que está federada com o PSDB, foi a primeira da coligação que apoiou Simone Tebet (MDB) a definir uma posição para segundo turno. A reunião da Executiva acontece hoje (terça-feira, 04), mesmo dia em que a cúpula do PDT também define sua estratégia. O presidente dos trabalhistas, Carlos Lupi, disse que defenderá a adesão a Lula e que espera o mesmo de todos do partido.
Mesmo com algum constrangimento Ciro Gomes deve seguir a orientação geral já que o ex-ministro foi muito criticado por em 2018 não se posicionar no segundo turno, porque havia viajado para Paris. Na lógica da redução de danos, ele deve se aliar a Lula e tentar recuperar o partido que viu sua bancada diminuir de 19 para 17 cadeiras e não fez nenhum governador. Já expresso pelo Partido dos Trabalhadores e precisando conquistar apenas 1,57% dos votos para se eleger, Lula defende alianças para além das “escolhas ideológicas”.
A mesma lógica de reduzir danos também me veio ao ler que o governador Caiado, tradicional representante da direita desde a década de 80, quando perguntado sobre o que ele pensa sobre a atual direita do País, respondeu que sempre prezou o equilíbrio e o respeito à democracia (…) e que o cidadão quer paz. A política é arte de buscar consensos e um executivo experiente como ele sabe que bom senso cabe em qualquer lugar.
Crises e angústias quase sempre levam governantes e executivos a olharem para o curto prazo, mas como bem nos ensinou, há 100 anos, o filósofo francês Henri Bergson, o futuro não é o que vai acontecer, mas aquele que viermos a construir. E, como ele se define sem cessar, é chegado o tempo de olharmos os problemas como eles se apresentam no País: fome, desemprego, desigualdade para, enfim, resgatar o diálogo e as alianças.