A variável MDB na reeleição de Caiado
20 junho 2021 às 00h00
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No tabuleiro para 2022, o governador terá o desafio de acomodar os insatisfeitos com essa aproximação
É fácil compreender os motivos que fazem o governador Ronaldo Caiado se esforçar para atrair o MDB para sua chapa em 2022. O partido, embora tenha perdido todas as eleições ao governo desde 1998, ainda é uma máquina eleitoral. É a legenda com maior capilaridade no estado e hegemônico nas duas principais cidades da região metropolitana. No entanto, o demista vai precisar de muito analgésico para acomodar os emedebistas no seu grupo.
Os últimos dias foram repletos de fatos e declarações que apontam bem para esse desafio. A começar dentro do próprio MDB. Na sexta-feira (18), uma briga interna na legenda virou caso de Justiça. Uma decisão monocrática do desembargador Itamar Lima, ao conceder liminar solicitada pelo deputado estadual Paulo Cezar Martins, suspendeu a eleição do MDB Goiás.
A convenção regional da sigla nem tinha começado e o seu fim foi antecipado sem uma definição de quem será o próximo presidente do partido. Mas há quase uma certeza de que Daniel Vilela deve permanecer à frente com MDB Goiás com o apoio da maioria dos correligionários e de emedebistas importantes, como o ex-prefeito Iris Rezende.
No entanto, o episódio de sexta revela que Daniel, reeleito, terá o desafio de vencer a briga interna no MDB, que hoje é alimentada por uma parte dos integrantes que defendem candidatura própria em 2022. Entre os que levantam essa bandeira está o deputado Paulo César Martins, que tentou registrar chapa na disputa do diretório, e o prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha. Este não apenas sonha, mas já colocou o bonde na estrada para tentar fortalecer seu nome para a disputa do governo.
Mendanha, reeleito com 95,8% dos votos válidos, é um dos motivos para os governistas tentarem atrair o MDB. Hoje, Caiado conta com um padrinho importante para que esse namoro vá ao altar: o prefeito Iris Rezende. O “maior líder do MDB”, segundo alguns emedebistas, não tem gostado da aproximação do prefeito de Aparecida com o PSDB de Marconi Perillo, algoz do ex-prefeito de Goiânia em três eleições ao Palácio das Esmeraldas.
Mas não é apenas com as fissuras internas no MDB que Caiado terá que se preocupar. No tabuleiro para 2022, o governador terá outro desafio: acomodar os insatisfeitos com essa aproximação. Mais especificamente com Daniel Vilela, que no comando do partido deixou muitos esqueletos após a eleição de 2018 e na pré-campanha do ano passado.
Na sexta-feira, a coluna Bastidores no jornal Opção Online relatou uma reunião que ocorreu recentemente entre lideranças do Progressistas e do Podemos em Catalão, na qual teria como anfitrião o prefeito Adib Elias. Estavam no encontro Ernesto Roller (secretário de Governo), Roberto Naves (prefeito de Anápolis do Progressistas), Alexandre Baldy (presidente do PP) e outras lideranças.
O ex-prefeito de Catalão é um dos esqueletos de Daniel após a sucessão de 2018. Ele e o prefeito de Rio Verde, Paulo do Vale, foram expulsos do MDB por apoiarem Caiado à época. Além deles, o presidente também atropelou o ex-prefeito de Goianésia, Renato de Castro, ao impedir que disputasse a reeleição pelo partido.
Adib tem sido a principal voz contrária a uma aliança com Daniel que possa resultar ao emedebista a indicação a vice de Caiado. As críticas do ex-emedebista a esse namoro sobraram até para Iris Rezende, que no processo de expulsão dos prefeitos de Catalão e Rio Verde se posicionou de forma contrária.
Os traumas externos deixado pelo MDB de Daniel servem de munição para aliados do governador tentarem minar tal aproximação. E é um sinal de que Caiado precisará ser hábil diante desse tabuleiro para evitar fissuras em sua base e até defecções que possam, ao final, construir uma candidatura adversária.