Espera-se que os resultados positivos da área permaneçam, independentemente de quem for eleito

A soja é o principal produto exportado por Goiás | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção

No início de setembro do ano passado, o embaixador de Israel no Brasil, Yossi Shelley, realizou uma visita oficial a Goiás. Entre os compromissos, o diplomata concedeu uma palestra na Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), onde, posteriormente, foi entrevistado por mim para o Jornal Opção.

Foi a partir desta entrevista que surgiu o convite da assessoria de imprensa da Embaixada para cobrir outra visita de Yossi Shelley ao Estado, desta vez em janeiro de 2018. Na ocasião, o embaixador percorreu três cidades — Goiânia, Rio Verde e Jataí — em três dias e o Jornal Opção foi o único veículo de comunicação que o acompanhou durante todo este tempo. O diplomata afirmou ter conhecido, em Goiás, o “Brasil que dá certo”.

Representando o governo estadual nesta visita, fez-se presente o gerente de promoção de Goiás no exterior, Ronaldo Costa Fernandes. Ao longo destes três dias, conversamos bastante sobre relações internacionais e ele propôs uma entrevista com o superintendente de Comércio Exterior do Estado de Goiás, William “Bill” O’Dwyer, que eu conhecia apenas por nome.

Alguns dias depois, Ronaldo me ligou perguntando se eu poderia entrevistá-lo. Prontamente confirmei. Entrei na sala do Dr. Bill e, para quebrar o clima, puxei logo uma conversa em alemão, uma vez que ele é cônsul honorário da Alemanha em Goiás e eu morei um tempo por lá.

Na entrevista, Bill — a quem eu, àquela altura, já não chamava mais de “Dr.” — comentou, entre outros assuntos, sobre a balança comercial superavitária do Estado e frisou que Goiás está preparado para qualquer tipo de exportação.

A conversa foi tão agradável que Bill me chamou para ir com ele até Brasília naquele mesmo dia. Era 8 de fevereiro e ele havia sido convidado para a comemoração dos 39 anos da Revolução Islâmica na Embaixada do Irã e para uma festa de carnaval promovida pela Embaixada da Alemanha.

Bill me chamou para acompanhá-lo a Brasília algumas outras vez, mas, devido ao trabalho, pude ir apenas às embaixadas da Eslováquia e de Luxemburgo. Em todas as oportunidades, fiquei impressionado com a sua influência e o respeito que diplomatas de diversos países têm por ele e por Goiás.

Nas visitas de embaixadores ao Estado, Bill sempre me convida para participar e foi assim que consegui entrevistar, com exclusividade, os do Irã, da França e da União Europeia. E foi por meio dele também que o Jornal Opção viabilizou uma entrevista exclusiva com o embaixador da Rússia poucos dias antes do início da Copa do Mundo.

Não sou só eu que tenho que agradecer ao Bill pelas portas abertas — e este texto é apenas uma pequena homenagem. Durante o pouco — que, espero, seja longo — tempo de convivência, notei que ele faz o máximo possível para ajudar todos que estejam ao seu redor, especialmente os jovens. Mas, além disso, quem tem que agradecer mesmo é Goiás.

Superintendente executivo de Comércio Exterior, Bill O’Dwyer | Foto: Arquivo

Números positivos

Em 2003, foi inaugurada, em Goiás, a Secretaria de Comércio Exterior — a primeira Secretaria de Estado da área no Brasil —, cujo titular, à época, era Ovídio de Angelis. Atualmente, o setor é de responsabilidade da Superintendência de Comércio Exterior, ligada à Secre­ta­ria de Desenvolvimento Econô­mi­co, Científico e Tecnológico e de Agricultura, Pecuária e Irri­ga­ção (SED), e está sob o comando justamente de Bill O’Dwyer.

Em fevereiro de 2018, a balança comercial de Goiás atingiu a marca histórica de 50 meses consecutivos de superávit, com US$ 14,2 bilhões em importações e US$ 26,5 bilhões em exportações em pouco mais de quatro anos. E uma das razões para isso é justamente o fato de que não houve trocas bruscas no secretariado, o que gera mais segurança.

Na liderança das mercadorias exportadas no ano passado, está a soja, seguida por carnes. Já no caso das importadas, quem lidera são os produtos farmacêuticos. Veículos automotores, tratores e suas partes aparecem em segundo.

Só em 2017, Goiás negociou com 154 países, número que cresce a cada ano. E a variedade de nações com as quais o Estado se relaciona — Estados Unidos, China, Israel e Irã, para citar quatro exemplos — é reflexo da boa diplomacia exercida por Bill nas visitas a Brasília.

Próximo governador

Na última entrevista de Marconi Perillo (PSDB) ao Jornal Opção como governador, no início de abril deste ano, perguntei a ele sobre o comércio exterior. O hoje candidato ao Senado ressaltou o seu legado ao lembrar das missões comerciais realizadas e destacou o “estreitamento muito forte” de Bill com os embaixadores como um dos motivos para o sucesso da área.

Dos planos de governo dos três principais candidatos ao governo — Ronaldo Caiado (DEM), José Eliton (PSDB) e Daniel Vilela (MDB) —, o do governadoriável do DEM é o único que não tem uma seção dedicada exclusivamente ao comércio exterior — o senador certamente sabe da importância da área, mas houve falha de sua equipe.

Independentemente de quem for eleito, o mais sensato é manter Bill à frente do setor, já que ele não é filiado a partido e, portanto, representa uma indicação muito mais técnica do que política. Se este não for este o caso, que pelo menos seja dada continuidade às práticas adotadas que tanto contribuíram para o desenvolvimento do Estado. É este o apelo que faço ao próximo governador de Goiás.