Três temas que vão pautar a eleição

19 março 2014 às 13h57

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Economia, qualidade dos serviços públicos e desenvolvimento sustentável devem nortear o debate entre os candidatos

As manifestações de rua no ano passado mexeram com o cenário político e estarão (já estão, na verdade) ecoando de forma irreversível nas eleições deste ano. Nesse sentido, vão abrir a pauta do debate, normalmente por demais centrada na economia.
Não que a economia não vá ser o tema capital, será sim, principalmente levando em conta que o País cresce muito menos do que poderia e que a inflação está aí, batendo na porta, doida para entrar. A inépcia de Dilma Rousseff e sua equipe econômica pode ser um prato cheio para a oposição, se esta tiver apetite para (e souber) explorá-la.
Com as manifestações no ano passado, a pouco mais de um ano da eleição, os prováveis candidatos à Presidência — e também os que pretendem concorrer aos outros cargos que estarão em disputa (governo estadual, uma vaga ao Senado por Estado e deputados federais e estaduais) — começaram a discutir os temas levantados, o principal deles sendo a qualidade dos serviços públicos. Lembremos as reivindicações sobre transporte público, saúde e educação, relegados pelo poder central em favor de gastos exorbitantes com estádios que vão ficar às traças depois da Copa do Mundo.
Com a participação da ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva (ex-PV e agora Rede) no processo eleitoral — e queiram ou não, ela terá um papel preponderante no debate, mesmo que venha a se confirmar como apenas vice do governador Eduardo Campos (PSB-PE) — o tema desenvolvimento sustentável forçosamente entra na pauta. Já tinha sido assim na eleição passada.
Portanto, economia (por óbvio), qualidade dos serviços públicos (de forma intensa) e desenvolvimento sustentável (ainda meio na surdina) começaram a pautar o debate eleitoral com mais de um ano de antecedência. Há poucos meses, o jornal “Estado de S.Paulo” trouxe reportagem mostrando que, entre 1993 e 2010, os temas que eram destaques um ano antes de cada eleição presidencial continuaram no centro do debate. Não há porque ser diferente neste ano.
Em 1993-1994, estabilidade e controle da inflação estavam na ordem dia e o plano Real alavancou a campanha do tucano Fernando Henrique Cardoso e sua eleição em outubro. Em 1997-1998, Plano Real ainda com fôlego, FHC enfatiza necessidade de aliar estabilidade com desenvolvimento econômico e se reelege. Em 200102002, desemprego em alta, apagão elétrico, necessidade de mudança, temas que favoreceram a eleição de Lula.
Em 2005-2006, escândalo do mensalão, corrupção grassando no governo, o que dificulta o primeiro turno para o PT. Lula explora o Bolsa Família e se reelege no segundo turno. Em 2009-2010, estrategicamente o PT levanta o tema de comparação com os governos de FHC. Nessa eleição, dois temas ligados a questões religiosas e morais (aborto e união homoafetiva) fugiram à regra e dominaram o debate na campanha. No sufoco, Dilma vence no segundo turno.
E agora, 2013-2014, o cenário está claramente influenciado pelas manifestações de rua — que podem recrudescer com a Copa e embolar ainda mais o meio de campo. Com os problemas na economia, que será tema primordial, a campanha será voltada também para temas do cotidiano, com qualidade dos serviços públicos e mobilidade urbana.
Na economia, os candidatos oposicionistas Aécio Neves (PSDB-MG) e Eduardo Campos falam abertamente sobre fundamentos macroeconômicos — a Dilma, responsável direta pelos erros, não interessa levantar essa bola; auxiliares da presidente têm rebatido na tecla de que o governo tem responsabilidade com a estabilidade econômica e a não volta da inflação.
Mas os problemas da economia não se resumem a esses pontos, visto que o Brasil tem dos maiores juros do planeta e é o emergente que menos cresce no mundo. Além de um baita déficit comercial, seriíssimas dúvidas na área fiscal, e por aí vai…
Na campanha a pauta do desenvolvimento sustentável vai ganhar força, não há dúvida. Marina Silva, a vice de Eduardo Campos, ganhará um protagonismo que pode até prejudicar o candidato. Resta saber se o PSB-Rede e aliados vão fazer desse fato uma vantagem eleitoral ou o contrário.
Clã Sarney, o chupim do povo do Maranhão
Imprensa divulga que a governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), afirmou que vai deixar o Estado como “de Primeiro Mundo” e que o Maranhão é rico e avançado. Foi numa entrevista à rádio Mirante, de propriedade grupo da família Sarney, na quinta-feira, 13.
Disse a governadora: “Até o final do mês eu anuncio Internet de graça para toda a população de nosso Estado porque o Maranhão é avançado, o Maranhão é progressista. Então, por isso estamos fazendo tudo isso. Eu vou deixar um Estado de primeiro mundo”, afirmou Roseana sobre o programa que promete levar o acesso online a todos os moradores da capital, São Luís.
Agora, fora do devaneio da imperatriz Sarney, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o Maranhão tem o segundo menor Produto Interno Bruto (PIB) per capita do Brasil – atrás somente do Piauí — e o segundo pior Índice de Desenvolvimento Humano – atrás de Alagoas.
O Maranhão é o que é justamente por ser sugado pelo clã Sarney, chupim daquele povo. Lá, praticamente todos os prédios públicos e logradouros têm nome de um membro dessa família, como atestados de propriedade. Triste povo de um Estado que tem a comandá-lo uma elite tão perversa como os Sarney.