Reformas afetam a (pouca) popularidade de Michel Temer
01 abril 2017 às 09h16

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Peemedebista paga o preço por procurar fazer as medidas necessárias ao País, o que os governos petistas não tiveram coragem

O ser humano é um animal com fome de aceitação. Com os governantes, então, esse anseio é exacerbado ao limite. Qualquer político, em qualquer lugar do mundo, quer ter altos índices de popularidade. É o sonho de prefeitos, governadores, presidentes.
Não é diferente com Michel Temer, o peemedebista que herdou o governo ruinoso de Dilma Rousseff, cuja inépcia jogou a economia no atoleiro em que estamos atualmente e de que, dizem os mais otimistas, só começaremos a sair no segundo semestre deste ano. Temer está vivendo um momento difícil, no que diz respeito ao anseio de todos os políticos: sua popularidade, que nunca foi muito alta, está caindo.
Na sexta-feira, 31, foi divulgada pesquisa Ibope encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) que traz números nada alvissareiros para o peemedebista: o porcentual de brasileiros que consideram o governo dele ruim ou péssimo é de 55%. É o pior índice do governo Temer na série do Ibope. Os que se disseram satisfeitos com o governo Temer chegam a 10%.
Para comparar, na última pesquisa, divulgada em dezembro, 46% dos brasileiros avaliaram o governo do peemedebista como ruim ou péssimo, porcentual superior ao da sondagem publicada em outubro, quando a gestão Temer teve 39% de ruim ou péssimo.
Não é o caso de esmiuçar mais os números, nessa altura já bem divulgados. O fato insofismável é que a popularidade de Temer — que nunca foi alta, o que é natural num governante que entrou no poder da forma como ele entrou – está caindo.
Mas a pergunta que cabe é: por que isso está acontecendo?
Não há uma única resposta, ao contrário. Mas é evidente que a mais clara é o fato de que Temer está mexendo com matérias impopulares, como as reformas. E, dessas, a principal em discussão no Congresso Nacional, a da Previdência, cuja proposta foi encaminhada pelo governo, é um dos fatores que explicam a piora nos índices de avaliação da gestão do peemedebista.
A própria pesquisa Ibope detectou que as discussões sobre a reforma da Previdência são, de longe, o assunto do noticiário mais lembrado pela população. Somam 26% os entrevistados que citam a reforma como notícia de que mais recordam. Em dezembro, a mudança nas regras da aposentadoria era percebida por apenas 2%. Notícias sobre a Operação Lava Jato vêm na sequência, como segundo assunto.
Claro que uma reforma que implica restrição de direitos é contraproducente em termos de aprovação. Mas precisa ser feita, sob pena de o sistema previdenciário implodir num futuro muito mais próximo que muitos imaginam.
A Grécia tinha um sistema previdenciário gracioso, que permitia aposentadorias com menos de 50 anos. Deu no que deu, o país quebrou igual arroz de quarta e o salário dos aposentados simplesmente deixou de ser pago por falta de dinheiro.
A oposição ao governo de Michel Temer dimensiona os efeitos negativos da reforma previdenciária, omitindo ardilosamente a verdade. E fazendo questão de não lembrar que tanto Lula da Silva quanto Dilma Rousseff queriam fazer essa reforma, mas não tiveram coragem, porque só tinham olhos para a próxima eleição.
Os aparelhos do PT, do PSol, do PSTU e do PDT promovem manifestações contra a reforma. Na sexta-feira, 31, houve várias movimentações pelo País. Isso acaba repercutindo e ganhando certa ressonância em grande parte dos cidadãos. E uma ferramenta útil para minorar esses efeitos, a comunicação, que poderia ajudar a esclarecer a verdade dos fatos, é usada de forma canhestra pelo governo Temer.
Lula e Dilma não quiseram mexer no vespeiro das reformas. Temer está mexendo, procurando fazer o que precisa ser feito — e não se está dizendo aqui que tudo o que o governo do peemedebista propõe é perfeito, mesmo porque em tudo cabe o contraditório, que precisa ser aplainado na esfera política, na negociação clara e congressual, no embate de ideias, com apresentação de alternativas viáveis e não apenas no grito ideológico.
Temer procura fazer o que precisa, como fez a reforma do Ensino Médio, aprovado e já sancionado. Essa reforma também sofreu forte resistência da oposição que, mais uma vez, fez de conta que Dilma já não tinha feito o esboço da mesma proposta, que Temer mandou ao Congresso com poucas alterações.
A reação na economia já começou sob o comando da equipe de Henrique Meirelles. O quadro de piora crescente que era contínuo com Dilma Rousseff, estancou com o peemedebista, embora no início se esperasse mais rapidez. De qualquer forma, os agentes econômicos já trabalham com perspectivas positivas.
Um cenário político conturbado com a Lava Jato e acidentes de percurso como a desastrosa operação Carne Fraca, da Polícia Federal, também atrapalham a popularidade de qualquer governante. Temer tem sofrido esse desagaste.
A esperança para os brasileiros é que o presidente, que nunca foi e não é e nenhuma “Brastemp” em termos políticos, se compenetre do papel que lhe cabe nessa transição, que não é de jogar para a torcida, ganhar popularidade fácil e ficar bem com o povão.
Para o País, Temer deve continuar fazendo o que precisa ser feito, de forma a iniciar a remoção do país do buraco econômico em que Dilma e o PT o enfiaram. E que no dia 1º de janeiro de 2019 entregue um país melhor ao presidente que será eleito no ano que vem.
Condenação de Cunha derruba discurso vitimista do PT

Na semana passada, uma notícia que dá alento aos brasileiros honestos: a condenação do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB¬-RJ) a 15 anos e quatro meses de prisão por crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. A sentença é do juiz federal Sergio Moro, titular da Operação Lava Jato na primeira instância no Paraná.
A condenação de Cunha se deu em processo em que ele é acusado de receber propinas em operação para aquisição de campo petrolífero em Benin, na África, pela Petrobrás, em 2011, no esquema armado pelo governo de Lula da Silva e Dilma Rousseff para assaltar a petroleira.
“Há concurso material, motivo pelo qual as penas somadas chegam a quinze anos e quatro meses de reclusão, que reputo definitivas para Eduardo da Cunha. Quanto às penas de multa, devem ser convertidas em valor e somadas”, determinou o juiz, que ordenou ainda que Cunha inicie o cumprimento de pena em regime fechado.
Cunha foi preso preventivamente em Brasília em 19 de outubro, por ordem de Moro. Segundo a denúncia do Ministério Público Federal (MPF), o ex-parlamentar recebeu propina de 1,3 milhão de francos suíços.
A condenação de Eduardo Cunha derruba de vez o argumento de muitos petistas de que a operação Lava Jato só foi montada para perseguir o PT. As investigações já colocaram petistas na prisão, mas não só eles. O PT comandava o esquema criminoso, dando a aliados como Eduardo Cunha, do PMDB, poder para fazer achaques na empresa.